A proposta da arquidiocese prevê que a Igreja da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH, seja reconhecida como “marco zero” da cidade. Segundo a historiadora Lays Silva de Souza, essa referência representa o ponto no qual a construção de BH teve início. Mas outro espaço da capital é detentor do título atualmente. “Os arquivos da comissão construtora apontam que o marco zero histórico da capital é a Praça da Estação. Foi lá que a cidade começou. Até hoje existe uma placa demarcando o local”, explica.
A arquidiocese defende que a igreja seja reconhecida como o local histórico que deu início ao Curral del-Rei, o povoamento original sobre o qual se ergueu Belo Horizonte.
Para a historiadora Lays Souza, o pleito de reconhecer a igreja como marco zero precisa ser analisado. “Os documentos apontam para um marco que se deu depois da vinda da comissão construtora. Se formos considerar o Curral del-Rei e a população anterior, que provavelmente já tinha a igreja para atender à demanda religiosa, a mudança pode ser levada em consideração e pode ser relevante”, avalia. De acordo com a Arquidiocese de Belo Horizonte, são aguardadas na reunião as presenças do secretário de cultura de Minas Gerais, Ângelo Oswaldo, e do vice-prefeito da capital, Paulo Lamac, entre outras autoridades.
VIGÍLIA Desde 1937, após a realização do Congresso Eucarístico Nacional em Belo Horizonte, o Santíssimo Sacramento – peça que exibe Eucaristia, que segundo a tradição católica representa o corpo de Cristo – permanece exposto 24 horas por dia na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. Os fiéis dedicam pelo menos uma hora por dia para rezar no espaço. Conforme o padre Marcelo Silva, essa é a única adoração ininterrupta de Minas Gerais, e uma das poucas do país.
A adoração perpétua conta com mais de 60 grupos que se revezam, dia e noite, em oração ininterrupta. “Temos uma estrutura de pernoite, com dormitórios e local para banho e alimentação, de modo que o peregrino seja acolhido. É importante para nós mostrar que, além da história e da cultura, o local que consideramos marco zero é também fonte contínua de oração”, aponta o padre Marcelo Silva.
Na reunião desta quarta-feira também será anunciado que já está no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) o pedido para que a adoração perpétua seja reconhecida como bem imaterial do estado. Em nota enviada por sua assessoria de comunicação, o Iepha confirmou que o pedido foi recebido no início do mês.
*Estagiária sob supervisão do editor André Garcia.