Casos como esse e roubos em geral ainda são um desafio para a segurança pública em Minas, apesar da queda nas ocorrências de janeiro a abril deste ano, na comparação com os mesmos meses de 2016. No primeiro quadrimestre de 2017 foram 42.597 ocorrências, média diária de 354,9, contra um total de 44.652 assaltos em igual período do ano passado, o que representa queda de 4,6%, uma quebra na tendência dos últimos seis anos, quando essa modalidade de crime vinha crescendo continuamente. BH segue esse movimento: foram 14.497 casos de roubo até abril deste ano, média de 120,8 por dia, contra 16.825 em igual período de 2016, queda de 13,84%.
As diferentes formas de as quadrilhas agirem são um dos grandes desafios para a polícia.
No Belvedere, o crime aconteceu por volta das 22h20. De acordo com a PM, o jovem de 18 anos foi rendido já dentro da garagem, quando o portão se fechava, por quatro homens que estavam em um veículo HB-20 branco. Depois de render o restante da família, os ladrões se dividiram vasculhando diferentes cômodos e ordenando que os moradores abrissem cofres e mostrassem objetos de valor. Depois do pente-fino, levaram oito relógios, quatro telefones celulares, um computador, R$ 700 em dinheiro, alto valor em moeda estrangeira e chaves de três veículos. Quatro armas de fogo também foram roubadas: duas espingardas, um revólver e uma pistola, todas registradas. A casa não tinha sistema de monitoramento por câmeras, razão pela qual não há imagens dos criminosos. Entre as poucas pistas de que a polícia dispõe estão informações de que um dos bandidos usava cavanhaque e outro tinha um bigode. Os outros dois usavam casaco e capuz.
Um dos assaltantes trabalhava como taxista e usava o veículo nos roubos, para despistar moradores e testemunhas.
ESCALADA Neste ano, outra modalidade de roubo a residências e prédios assustou moradores, principalmente da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A audácia da ação valeu a cada criminoso que a praticava o título de ‘Homem-Aranha’. Esse tipo de ladrão aproveita janelas de imóveis abertas para entrar nos apartamentos escalando muros e paredes, o que justifica o apelido. Em maio deste ano, um dos adeptos desse tipo de crime, responsável pelo menos cinco furtos, foi preso pela Polícia Civil.
Além dos diferentes tipos de assaltos a casas e apartamentos, outro crime tira o sossego e dá prejuízo em BH: o roubo de celulares. Criminosos aproveitam a distração das vítimas com o próprio telefone para roubá-lo. Outros usam armas para render pedestres. De janeiro a outubro de 2016, 96.071 aparelhos foram surrupiados dos donos.
Variedade e proteção
Segundo o cientista social Robson Sávio, integrante do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a criatividade para prática de crimes é imensa.
Ele destaca a importância da prevenção e da autoproteção dos cidadãos para evitar as armadilhas dos criminosos. “A vigilância é um dos mais importantes fatores para inibir o crime. É importante o investimento em bairros que já têm um histórico de alto número de assaltos, seja por meio público ou privado”, disse o cientista social. Ainda segundo ele, a atenção também deve ser redobrada. “Muitos entram no carro sem olhar quem está por perto, deixam a porta aberta, saem de férias e não recolhem o jornal... Assim, a própria vítima facilita a ação do infrator”, disse. Robson Sávio pondera que é muito importante que as vítimas notifiquem todos os eventos à polícia. “Assim, a polícia passa a trabalhar a partir de estatísticas. Hoje, chega a 80% o índice de substantificações, já que muitas pessoas não acreditam na ação policial e por isso não denunciam. Isso precisa mudar”, disse.
Para tentar escapar dos crimes, a PM reforça a necessidade de que os cidadãos atuem em conjunto. “A dica mais importante que temos trabalhado é buscar consorciar as pessoas. Elas têm que se unir para passar a dividir um pouco das rotinas, seja em uma vila, em uma rua ou um condomínio. Os moradores precisam interagir, usar técnicas como a rede de vizinhos protegidos. Outro ponto deve ser a quebra da rotina. O infrator se beneficia da rotina, pois sabe os horários das vítimas”, alerta o major Flávio Santiago, da Sala de Imprensa da corporação..