O último episódio, assim como dois dos anteriores, envolveu a suspeita de consumo de álcool pelo motorista. Segundo o boletim de ocorrência, o advogado Bruno Aspin Mansor Passos, de 32 anos, dirigia um Ford Ka na manhã de ontem, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, quando fez uma conversão na Avenida Getúlio Vargas e atingiu uma viatura que estava parada no local. De acordo com a PM, o motorista, acompanhado da passageira Camila Mendonça Spósito, seguia pela Avenida do Contorno, em direção ao alto da Avenida Afonso Pena.
Os policiais relatam ter dado ordem de parada, mas dizem que o motorista acelerou e fugiu em alta velocidade. Foi pedido reforço de outras viaturas, que perseguiram o veículo. Segundo os militares, o condutor passou direto em paradas obrigatórias – o que representa risco de atingir outros carros ou pedestres –, até ser abordado na Rua Lavras, no Bairro São Pedro. Ainda de acordo com a PM, Bruno apresentava sinais de estar alcoolizado. “O condutor apresentava sintoma de embriaguez. Estava com a fala desconexa, os olhos vermelhos, hálito etílico e andar cambaleante. Não ficava em pé direito”, disse o policial militar Walter Ageu, integrante da equipe que fez a abordagem.
Ao ser questionado pelos policiais, Bruno afirmou ter tomado apenas refrigerante com gelo e água. Porém, se recusou a passar pelo teste do bafômetro. No boletim de ocorrência consta que a passageira do veículo, Camila Spósito, conduzida à delegacia por desacato, admitiu que os dois estavam em uma festa e que haviam consumido bebida alcoólica.
Segundo o advogado da dupla, Ronaldo Braga, seu cliente se assustou com a abordagem policial. “Meu cliente relatou que houve um problema de acidente de trânsito. Ele ficou muito assustado. No momento da colisão, não se deu conta de que tinha ocorrido a batida, que foi algo muito simples. Depois, foi abordado e conduzido pela PM ao Detran. Ele não informou se ingeriu bebida alcoólica”, argumentou. O advogado afirmou que ambos foram orientados a não se manifestar.
De acordo com a Polícia Civil, após algumas horas na delegacia, a passageira assinou um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) por desacato e foi liberada. A audiência relativa ao caso ainda será marcada. Já o condutor foi preso em flagrante por embriaguez, mas já está de volta às ruas. Foi liberado mediante pagamento de fiança de R$ 1.300. A ocorrência foi encerrada no Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG).
O caso ocorreu dois dias depois que um motorista dirigindo com sintomas de estar alcoolizado atropelou e matou um menino de 11 anos em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No domingo, outro condutor em fuga da polícia e com sintomas de embriaguez matou um homem e feriu duas pessoas ao subir um viaduto pela contramão no Complexo da Lagoinha, ligação com o Centro da capital.
A sequência de acidentes relacionados à imprudência de motoristas na Grande BH começou com um desastre que, embora não tenha envolvido consumo de álcool, vitimou um adolescente, na sexta-feira da semana passada. Paulo Augusto Dalmazio Fonseca, de 16, foi morto pelo Gol dirigido pela estudante de direito Dênis Couto Batista, de 28, que fazia uma ultrapassagem proibida na Rua Estoril, no Bairro São Francisco, Região da Pampulha. O condutor foi preso, mas recebeu liberdade provisória ainda no domingo, um dia depois do sepultamento de sua vítima.
Os últimos dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) divulgados pelo Twitter apontam que neste ano foram presos em flagrante 20 condutores responsáveis por cometer crimes de trânsito (casos em que o teste do bafômetro acusa teor etílico acima de 0,34). Nesse caso o motorista é multado, tem a CNH recolhida e responde a processo criminal. Já em relação aos casos em que o exame apontou teor etílico entre 0,05 e 0,33, foram 122 pessoas flagradas em infrações de trânsito. No total, 30.659 foram veículos abordados em operações realizada até o último dia 10 na Grande BH.
O que diz a lei
Beber e dirigir é infração gravíssima prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e pode ser considerado crime de trânsito. Quem for flagrado nessa situação perde sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), paga multa de R$ 2.934,70 e tem a CNH suspensa por um ano, por meio de processo administrativo. Se a conduta se repetir no período de um ano, a multa dobra, chegando a R$ 5.869,40. O CTB também prevê punição criminal para quem exceder o limite de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões, ou se recusar a soprar o bafômetro, mas apresentar alteração da capacidade psicomotora. Nesse caso, o crime é punido com detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de obter a CNH.
Policial rodoviário morre em acidente
Um policial rodoviário federal morreu e outro ficou ferido em um grave acidente na tarde de ontem na BR-135, entre Buenópolis e Augusto de Lima, na Região Central de Minas Gerais. A viatura em que estavam os agentes bateu de frente com uma carreta por volta das 14h20 de ontem. Em outra ocorrência em rodovias mineiras sob jurisdição federal, um homem de 34 anos foi detido por embriaguez ao volante ontem, na BR-381, na região de Pouso Alegre, Sul do estado, depois de se envolver em uma batida no km 849. Conforme a PRF, o condutor estava em um Celta com placa de São Paulo quando bateu na defensa metálica da rodovia, interditando a faixa da esquerda. Teste do bafômetro apontou 1,2 miligrama de álcool por litro de ar expelido, bem acima do 0,34mg que configura crime de trânsito. O condutor foi detido e entregue à Polícia Civil.
Diário do abuso
Casos recentes envolvendo imprudência ao volante na Grande BH
9 de junho
O universitário de direito Dênis Couto Batista ultrapassando em um trecho de faixa contínua e área de cruzamento na Rua Estoril, Bairro São Francisco, Região da Pampulha, se envolve em uma batida com um carro que fazia uma conversão permitida à esquerda. Sem controle, o Gol que dirigia subiu na calçada, atropelando e matando Paulo Augusto Dalmazio Fonseca, de 16 anos, que esperava em um ponto de ônibus carona para ir para a escola. O motorista, preso na sexta-feira horas depois do desastre, deixou a cadeia depois de ganhar direito a liberdade provisória sem pagamento de fiança.
O motorista Gil Júlio de Souza, de 32 anos, que fugia da polícia, mata um homem e fere duas pessoas depois de subir na contramão um dos viadutos do Complexo da Lagoinha, ligação com o Centro da capital. A vítima foi Gustavo Luís Faria, de 29, que dirigia um Fusca. Antes de atingi-lo e capotar com seu Cobalt, Gil Júlio já havia batido em um casal que estava em uma motocicleta, ferindo piloto e passageira. Ele se negou a fazer o teste do bafômetro. Foi conduzido à delegacia de plantão do Detran, onde teve a carteira de habilitação e a documentação do veículo apreendidas. Foi ouvido, passou por teste toxicológico no Instituto Médico-Legal (IML) e foi liberado.
13 de junho
O motorista Emerson Aparecido dos Santos, de 41 anos, segundo testemunhas, sai de um bar em Ribeirão das Neves, Grande BH, entra em um Palio e, com o carro em marcha à ré, atropela e mata Thiago Gonçalves Marcelino, de 11 anos, atingindo também uma adolescente de 14. Ambos estavam caminhando pelo passeio. De acordo com a PM, o motorista foi submetido ao teste do bafômetro, que constatou 1,51 miligrama de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões, quase quatro vezes o limite de 0,34 mg/l para que o motorista responda por crime de trânsito. Ele foi preso por lesão corporal, homicídio e embriaguez ao volante.