Um empresário do ramo de dedetização está sendo procurado pela polícia depois de seis mulheres terem apresentado denúncias contra ele por agressão e cárcere privado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). De acordo com a delegada Ana Paula Balbino, a prisão preventiva do homem, identificado como Luciano Souza Fonseca, de 41 anos, foi decretada nesta quarta-feira depois de constatada a violência contra as vítimas, com as quais ele mantinha relacionamentos amorosos.
A delegada Ana Paula disse que somente com a secretária são três casos de vítimas de Luciano Fonseca. “Recebi duas denúncias de mulheres agredidas no fim de semana em que ele aparece como autor. Depois de ouvi-las e levantar a ficha dele, constatei que havia mais três vítimas do mesmo homem, que prestaram queixas aqui na Deam. São 36 boletins de ocorrência contra ele, a maioria por agressões a mulheres. Solicitei à Justiça a prisão preventiva e a ordem foi concedida, mas ele fugiu”, explicou a delegada.
Segundo a policial, o modo de agir do empresário é semelhante no caso das seis vítimas. “Ele busca uma aproximação, muitas vezes pela rede social, e inicialmente corteja as mulheres, com bom papo e até enviando flores. Ganha a confiança delas, passa a frequentar suas casas e as leva para sua residência. Sem motivos, depois de alguns meses agride fisicamente e moralmente sua companheira e a mantém em cárcere privado, expondo-a a todo tipo de abuso”, assinalou a delegada.
Uma profissional autônoma, de 35, iniciou o relacionamento com ele em abril do ano passado. “Estava num bar com amigos e ele se aproximou, monstrando-se uma pessoa agradável. Demos início a um relacionamento, que seguia tranquilo até que em julho fui agredida em minha casa. Ele se desculpou, mas em agosto a situação se repetiu, com socos no rosto e costas. Fiquei refém dele em meu imóvel, sendo agredida física e moralmente a noite toda. O denunciei e ele passou a fazer ameaças. Sou autônoma e tive que parar por três meses até me recuperar”, contou.
Outra das vítimas é uma técnica de enfermagem, de 35. Ela iniciou o relacionamento com Luciano em outubro de 2016, até que em 19 de março último passou por situação semelhante à da profissional autônoma. “Sem motivos, num sábado, ele me agrediu verbalmente, com palavras chulas e com ofensas morais. No dia seguinte, se desculpou e, apaixonada, acreditei nele e fui a um churrasco na casa dele pela manhã. Pouco tempo depois, ele iniciou uma discussão, pois queria a senha do meu telefone. A partir de então tiveram início as agressões, com tapas, puxões de cabelo, empurrões, xingamentos, intimidações e diversas relações sexuais forçadas. Pensei que ia morrer e fui tentando acalmá-lo, conversando com ele. Quando me deixou ir, prestei queixa, pois quero vê-lo preso”, afirmou.
A técnica de enfermagem disse que, nos seis meses de relacionamento, não viu traços de problemas psicológicos no empresário, que segundo ela, em tom de brincadeira usava palavras que a degradavam, mas não a agredia fisicamente. Porém, no ataque de fúria em que a fez refém, demonstrou insanidade. “Entre um momento e outro, ele cuidava dos meus ferimentos e me obrigava a tomar medicamentos para a dor. Pegou um pano de chão com gelo, o colocou sobre as lesões e disse: 'Papai te ama. Isso é coisa da sua imaginação'”.
Um traço que as três mulheres dizem ter percebido no período não conturbado do relacionamento é que Luciano procurou afastá-las do círculo de amizade delas. Ele chegou a se relacionar com a família das vítimas. Mas se monstrava extremamente possessivo e não gostava que elas recebessem ligações telefônicas. Na maioria das agressões, ele iniciou uma discussão por causa de chamadas telefônicas que suas companheiras receberam e partiu então para as agressões.
Para a delegada Ana Paulo Balbino, a cada nova vítima, percebe-se cada vez mais o descontrole do empresário, em relação à agressividade. “É urgente que ele esteja preso, pois ameaçou suas ex-companheiras. Ele em liberdade, pode acabar cometendo crime de feminicídio”, alertou. Além de indiciá-lo por agressão e cárcere privado, a delegada analisa que outros delitos ele cometeu, como o estupro, já que o empresário manteve relações sexuais com as vítimas em momento de intimidação, em que eram reféns.
A policial investiga suspeitas de que outras mulheres tenham sido alvo de Luciano, bem como crime de extorsão contra algumas das vítimas. No começo da noite desta quarta-feira, depois da divulgação do caso, Ana Paula foi procurada por uma mulher, que seria a sétima vítima do agressor. Ele vai ser indiciado com base na Lei Maria da Penha, que prevê punições rigorosas para crimes de gênero.