Segundo o levantamento, houve redução de 6,1% nos crimes violentos de janeiro a maio deste ano, em comparação com o mesmo período de 2016. Na capital, a queda foi ainda maior, de 12,9%. Os roubos tiveram proporções semelhantes – diminuíram 6,1% em Minas (a maior queda nos últimos seis anos, de acordo com a Sesp) e 12,8% em BH. Em todo o estado, foram 52.364 ocorrências – uma média de 346,4 por dia. Em 2016, no mesmo período, houve 55.795 registros – 3.431 a mais. Na capital, as ocorrências somaram 18.002, ao passo que no período anterior totalizaram 20.650.
A capital mineira manteve parâmetros semelhantes de diminuição da violência: homicídio (-21,6%), tentativa de homicídio (-23,7%), sequestro e cárcere privado (-34,3%), estupro (-0,9%) e extorsão (-28,1%). Apresentaram alta de 6,8% os crimes de lesão corporal (2.189 registros desde janeiro deste ano, contra 2.048 no ano passado); de 7,3% o de estupro de vulnerável e de 0,4% o de furto.
Durante vistoria de veículos que servirão de bases móveis para a Polícia Militar na capital, o governador Fernando Pimentel avaliou que a diminuição dos percentuais são reflexo de um trabalho que está sendo feito desde o ano passado. “O sistema (de bases móveis) que estamos implantando vem na sequência de outras medidas que fizemos. Já colocamos mais policiais militares incorporados à tropa, investigadores de polícia, renovamos a frota da Polícia Militar, inclusive no interior, e tudo isso faz muita diferença para o trabalho da polícia. Os índices de criminalidade estão refletindo esse trabalho”, disse.
Também no evento, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Helbert Figueiró de Lourdes, destacou também os investimentos de recursos humanos e viaturas. “Nos últimos quatro meses, interrompemos uma série histórica de oito anos de crescimento dos crimes violentos no estado”, afirmou. Segundo ele, a perspectiva é de que os índices mostrem dados melhores ainda até o fim do ano por causa de novos investimentos, entre eles, as bases móveis de patrulhamento ostensivo da capital.
Serão 86 bases e a previsão é de que operem na capital a partir de agosto. O governador explicou que elas ficarão instaladas em um ponto estratégico da região, dentro do bairro. “Haverá uma base a cada quatro quilômetros quadrados da cidade, com dois policiais militares fixos e mais dois em motocicletas rodando a área, com comunicação por rádio e comunicação visual pelas câmeras do Olho Vivo e da BHTrans, dando uma cobertura muito eficiente para a população”, afirmou. O modelo deve ser expandido para outras cidades mineiras. Pimentel informou que, depois de BH, serão contemplados municípios da região metropolitana. A ideia é que cidades de maior porte recebam as bases. Já há estudos para Uberlândia (Triângulo) e Juiz de Fora (Zona da Mata).
POLICIAMENTO Na visão do professor do curso de ciências sociais e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública (Cepesp) da PUC Minas, Luiz Flávio Sapori, os números mostram que a violência em Minas parou de crescer. “É um dado positivo, e muito em função dos bons resultados que estão sendo alcançados em BH. O maior destaque é a redução de roubos e homicídios e, como a capital tem peso muito grande, esses números afetam os dados como um todo”, afirma.
Para ele, é preciso cautela ainda, uma vez que os índices vinham numa crescente. “Pelo menos a situação parou de piorar, mas é preciso lembrar que o patamar de criminalidade hoje é quase 40% superior ao que era três anos atrás. O governo tem que resolver um problema acumulado e esse deficit com a sociedade”, diz. O professor avalia que a troca de comando na Sesp e na administração prisional deu novo fôlego à segurança pública. “Começam a ter mais medidas de repressão e prevenção, como a presença ostensiva da polícia na rua. Por isso, a situação tem melhorado em BH e os números começam a afetar o estado como um todo”.