Os nomes dos presos não foram divulgados. As investigações constataram que os agentes cobravam propina de motoristas com veículos em condições irregulares para liberar a passagem por blitzes sem a aplicação de multas ou sanções administrativas. “Eles estavam agindo em todas as oportunidades de obtenção de lucro. Temos relatos de testemunhas que denunciavam esses atos há mais de 10 anos e que foram confirmados agora com as investigações. Os policiais trabalhavam sozinhos e praticavam os atos sempre que vislumbravam uma chance de obter rendas ilícitas. Para se ter uma ideia, um agente sozinho foi flagrado mais de 20 vezes negociando às margens das rodovias”, conta o delegado Carlos Henrique Cotta Dângelo, da Polícia Federal em Uberlândia.
De acordo com o superintendente da PRF em Minas Gerais, Rafael Aquino, situações como excesso de peso eram permitidas em nome do enriquecimento ilícito dos agentes. “Empresários que teriam de cumprir três viagens para levar uma determinada carga pagavam aos policiais para ultrapassar o limite de peso permitido e fazer apenas uma viagem. Isso acelera a deterioração das rodovias e traz riscos de acidentes para os demais usuários”, ressalta. “Policiais foram direcionados de outras regiões para guarnecer os postos dos agentes presos. Esse é um tipo de desvio de conduta que a corporação não admite”, reiterou.
“Foram aproximadamente sete meses de investigação depois que a Corregedoria da PRF em Belo Horizonte nos procurou dizendo que eram muitas as informações dando conta de que haveria problemas nas rodovias de acesso a Uberlândia. Trabalhamos juntos, investigamos e entregamos o inquérito ao Judiciário”, afirma o delegado. A CGU participou da análise das movimentações financeiras e evolução patrimonial dos envolvidos, além de fornecer os levantamentos de indícios de corrupção administrativa.
Os presos foram encaminhados à Delegacia da Polícia Federal em Uberlândia e serão indiciados, segundo a corporação, pelos crimes de corrupção passiva e associação criminosa, podendo cumprir pena de até 15 anos de prisão. O delegado Carlos Henrique Cotta Dângelo afirmou que as investigações vão seguir e podem atingir também funcionários de concessionárias responsáveis por rodovias. O chefe da corporação em Uberlândia considera a hipótese de que a operação ainda prenda outros policiais e empresários.
* Estagiário sob supervisão do editor André Garcia
Enquanto isso...motorista de 18 anos é preso em ônibus genérico
Ação conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e fiscais da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apreendeu ontem um ônibus clandestino que era dirigido por um rapaz de 18 anos em Pouso Alegre, no Sul de Minas. O condutor foi detido. Outras irregularidades, como para-brisa quebrado e até uma moto sendo transportada no bagageiro, foram encontradas. De acordo com a PRF, o veículo foi abordado quando seguia de São Paulo em direção ao interior da Bahia. Na segunda-feira, acidente com um coletivo irregular que também fazia a rota entre os dois estados terminou com 11 pessoas mortas e 20 feridas em Salinas, Norte de Minas.