Séries de reportagens de profissionais do Estado de Minas conquistaram as primeiras posições do 10º Prêmio Délio Rocha de Jornalismo de Interesse Público.
A entrega da premiação ocorreu na noite de ontem, em evento na Câmara de Dirigentes Lojistas, às 20h. Ao todo, são15 trabalhos de jornalistas premiados em cinco categorias: Impresso, Fotografia, Rádio, Televisão e Internet. E três de universitários, na categoria Estudante de Jornalismo.
Este ano, o Prêmio Délio Rocha distribuiu R$ 33 mil em dinheiro aos vencedores nas seis categorias. O primeiro colocado em cada uma recebeu R$ 3 mil, o segundo, R$ 2 mil e o terceiro, R$ 1 mil – exceto na categoria estudante, na qual os prêmios foram, respectivamente, de R$ 1.500, R$ 1.000 e R$ 500. Criado em 2007, o prêmio, que homenageia o jornalista e sindicalista Délio Rocha, falecido em 2008, visa estimular, divulgar e prestigiar os trabalhos de interesse público produzidos pelos jornalistas em Minas Gerais.
A grande vencedora, a série “Um negócio, uma crise – Cidades Dependentes”, publicada em fevereiro de 2016 e assinada pela subeditora de Economia do Estado de Minas Marta Vieira e pela repórter Marinella Castro, apresentou aos leitores a discussão sobre a situação de risco enfrentada por dezenas de pequenos municípios de Minas Gerais que têm mais da metade da sua economia, medida pelo Produto Interno Bruto (o PIB, soma da produção de bens e serviços) dependente de um único empreendimento ou setor de atividade.
“Receber esse prêmio foi muito gratificante, porque sou militante na profissão há vários anos. É importante o reconhecimento de um trabalho que pensa no leitor desde a pauta. O nosso interesse é abrir os olhos do leitor e mostrar uma realidade que, muitas vezes, está escondida atrás dos números da economia que, a princípio, são muito frios. É importante também a economia ser reconhecida como uma matéria tema de interesse publico e receber esse prêmio em nome dos colegas que estão trabalhando muito, se esforçando muito para fazer um bom jornalismo. Foi o que eu e a Marinela procuramos fazer desde o desenvolvimento dessa pauta “, disse Marta Vieira.
Na série, foram destacados os municípios de Belo Oriente, São Gonçalo do Rio Abaixo e Jeceaba, além de Mariana, Saramenha, em Ouro Preto, e São João Nepomuceno como exemplos dos graves efeitos das crises dessas economias monoindustriais.
A série “Grande Sertão, 60 anos: Veredas em agonia” foi publicada pelo EM em novembro. A reportagem seguiu o trajeto do escritor Guimarães Rosa, passados 60 anos de Grande Sertão: Veredas, registrando o momento atual da região. O repórter Luiz Ribeiro explica que fez um verdadeiro mapeamento das veredas e nascentes e seguiu por mais de 2 mil quilômetros, passando por 11 municípios do sertão mineiro.
“Esse prêmio vem para coroar um trabalho jornalístico feito com muito esforço, dedicação e mostrar que a reportagem que e é focada nas pessoas, em grandes histórias, continua sendo a vanguarda do jornalismo. Foram três meses de apuração e um trabalho muito marcante, que mostra a degradação das veredas, que no universo de Rosa são abundantes em água, mas que 60 anos depois do lançamento de sua obra-prima estão destruídas pelo desmatamento, assoreamento, queimadas e outras formas de devastação. Muito bom coroar o bom jornalismo praticado pelo jornal Estado de Minas, que continua fazendo um trabalho bem-feito e muito dedicado”, destaca o jornalista.
O repórter Túlio Santos, na série “Extremos gerais”, publicada também em novembro, cruzou o estado de Norte a Sul de bicicleta e revelou personagens, histórias, contrastes e semelhanças dos extremos geográficos de Minas. Numa rota traçada entre sertões, cerrado e montanhas que cortam a maior malha viária do país, mostrou a grandeza do estado, que pode ser observada bem mais de perto sobre duas rodas. “Foi uma jornada de 84 dias, percorrendo mais de 1,5 mil quilômetros, o que possibilitou registrar a diversidade geográfica e cultural de Minas Gerais”, recordou Túlio Santos.
O repórter fotográfico Leandro Couri, ao fazer as imagens para matéria “A história de Minas redescoberta”, publicada em 10 de outubro, registrou formações rochosas que lembram a imagem de uma caveira, em foto que ganhou destaque na capa do EM. A matéria revelava um tesouro esquecido durante quase dois séculos, reencontrado em Baldim, na Grande BH: a gruta perdida do doutor Lund.
Pai da espeleologia (estudo das cavernas) e da paleontologia (estudo de fósseis de seres do passado) no Brasil, o dinamarquês Peter Lund (1801-1880) foi o descobridor, em cavidades mineiras, de fósseis de homens e animais pré-históricos, como a preguiça-gigante e o tigre-dente-de-sabre.