Em 2015, a mãe chegou a ser condenada a 22 anos de prisão, mas a defesa entrou com recurso e conseguiu anular o júri, remarcado para esta terça-feira. Durante este período, Marilia Cristiane Gomes esteve presa na Penitenciária Feminina Estêvão Pinto, no Bairro Horto, na Região Leste de Belo Horizonte.
O júri começou às 8h:30 e é presidido pela juiza Daniela Cunha Pereira. O Conselho de Sentença é formado por sete jurados. Dez testemunhas foram arroladas pela defesa e acusação.
De acordo com a magistrada, o júri deve durar cerca de 15h. A ré é denunciada em dois crimes: homicídio tipificado, quando se mata alguém por motivo fútil ou diante de recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; e por homicídio doloso, quando o autor tem consciência do risco de sua ação.
Relembre
Keven morava com os pais Marília e Cláudio Ribeiro Sobral, de 31 anos, em Ibirité, em um terreno com outras duas casas de aluguel, sendo uma delas de um casal de tios da criança. O menino ficou desaparecido 24 e 27 de julho de 2014, conforme um boletim de ocorrência registrado pela própria mãe.
O corpo de Keven foi encontrado dentro de um sofá da casa dos tios, que haviam acabado de chegar de viagem. Ele tinha apenas sangue no nariz e estava em estado de decomposição. Uma poça de sangue também foi vista debaixo do sofá.
Na manhã do dia 28, após o corpo da criança ser encontrado, Marília prestou depoimento à Polícia Civil, mas foi chamada novamente para prestar esclarecimentos por causa de contradições nas versões. Da segunda vez, ela acabou confessando o crime e foi presa em flagrante.
A mulher disse que o menino estava dormindo e quando se levantou mexeu no celular dela. O aparelho caiu e o garoto deu um tapa na mão da mãe, que foi pegar o telefone. Marília disse que "perdeu a cabeça", pegou as duas mãos da criança e a arremessou com força na cama do casal. O menino bateu a cabeça na parede e desmaiou.
Durante o depoimento, a mulher contou que o garoto começou a mudar de cor e notou uma espuma branca na boca dele. Como ficou com medo de ser linchada e presa, não contou para ninguém sobre o caso. Para tentar se livrar da criança, pegou-a no colo e a levou até a casa vizinha, que pertence aos cunhados. Lá, pegou um lençol, enrolou o corpo e tirou o forro do sofá. Depois de colocar o menino dentro do móvel, voltou a colar o forro.
Desde que o garoto foi encontrado, a mulher tentava incriminar os tios do menino. Porém, segundo a tia da criança, eles não estavam na casa quando o crime aconteceu. Os dois viajaram para o enterro de um parente e, aproveitando a casa vazia, Marília escondeu o corpo lá.