Varais improvisados, barracas, colchões e carrinhos de vários tipos constituem cenas cada vez mais presente nas vias de Belo Horizonte. São evidência de que o número de moradores em situação de rua vem crescendo na capital mineira. São perfis cada vez mais diferenciados. Dados da prefeitura, com base no Cadastro Único (CadÚnico) para programas do governo federal, mostram que são mais de 4,5 mil sem-teto na capital. A maioria, ou 63%, vive na Região Centro-Sul. E 92% do total vive com renda de até R$ 85 por mês.
A pesquisa foi feita com base no banco de dados usado para o cadastramento de moradores para inclusão em programas do governo federal. Para isso, as pessoas em situação de rua devem procurar os centros de Referência de Assistência Social (Cras) e informar seus dados. Atualmente, no cadastro atualizado, há 4.553 inscritos.
Deste total, 2.853 afirmaram que vivem na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o que corresponde a 63% do total. A segunda regional com mais moradores, segundo os dados, é a Norte, com 529, seguida da Noroeste, com 331, e a Leste, com 295. A maioria, ou 98%, são homens, e apenas 5% se disserem analfabetos.
Mesmo vivendo nas ruas, alguns dos cadastrados conseguem uma renda mensal. Do total, 4.212 afirmaram que recebem até R$ 85 mensais. Outros 85 disseram que ganham de R$ 85,01 até R$ 170; 80, entre R$ 170,01 e meio salário mínimo. Outros 176 recebem mais do que a metade do salário mínimo.
As formas de conseguir renda são variadas. Trabalham por conta própria, fazendo bicos ou de forma autônoma, 967 pessoas. Trinta e uma pessoas trabalham com carteira assinada, quatro sem registro, dois fazem trabalho doméstico sem carteira de trabalho, outro faz o mesmo serviço mas com o documento assinado, e um trabalha temporariamente na zona rural. A maioria, o que representa 77,9%, não quis informar dados relativos a renda.
A briga familiar é o motivo para a maioria escolher a vida nas ruas. No cadastro, 1.371 pessoas citaram problemas com parentes ou em relacionamentos amorosos como razão para sair de casa. Outros 458, o que representa 10%, alegaram problemas com álcool e drogas, 384 apontaram desemprego e 274 declararam a perda de moradia.
(RG)