A operação vai funcionar todos os dias, das 6h às 9h em um dos pontos e das 7h às 9h em outros três: cruzamento das avenidas Francisco Sales e Brasil (área hospitalar), cruzamento da Avenida Tereza Cristina e Via Expressa (Bairro Calafate, Região Oeste), Avenida Otacílio Negrão de Lima, na altura da barragem da Pampulha, e Avenida Sinfrônio Brochado (Barreiro). Cada um desses locais terá medidas operacionais específicas sinalizadas pelos agentes da BHTrans para aumentar a fluidez. Na área hospitalar, a intenção é reforçar uma opção que já existe: a direita livre para quem sai da Francisco Sales, nas imediações da Santa Casa, e quer seguir pela Avenida Brasil em direção à Afonso Pena. Porém, nos horários de pico o trânsito se torna confuso, com carros parando em cima da faixa de travessia e pedestre caminhando entre os veículos.
Ontem, primeiro dia de ação dos agentes, o tráfego ficou mais organizado no local, com momentos específicos para passagem dos carros e mais fluidez, além da garantia do direito dos pedestres. “Todo dia é confuso atravessar aqui.
Já no cruzamento das avenidas Tereza Cristina e Juscelino Kubitschek (Via Expressa), no Bairro Calafate, a medida foi liberar a faixa da direita para quem segue no sentido Centro, vindo de bairros como Buritis, Vista Alegre e Betânia, além da Região do Barreiro. Nesse caso foram colocados cones para dividir o fluxo: quem segue no sentido área central tem acesso livre; quem pretende cruzar a Via Expressa no sentido Bairro Coração Eucarístico aguarda o tempo do semáforo. Em alguns momentos a intervenção eliminou as filas da faixa da direita. Em outros, condutores acharam que os cones faziam parte de alguma operação policial e não entraram na área demarcada, aumentando o congestionamento.
AÇÕES Na semana passada, durante lançamento da nova frota de luxo de táxis de Belo Horizonte, assim como dos modelos híbridos, com sistema elétrico, o prefeito Alexandre Kalil já havia dito que a BHTrans estava avaliando uma operação para melhoria no trânsito. Também adiantou que mês que vem vão entrar em circulação 120 ônibus mais modernos nas linhas convencionais, semelhantes aos do Move, com suspensão a ar e ar-condicionado. “Esperamos que essas medidas tragam conforto melhor, já que a operação de melhoria do fluxo está sendo olhada. Nós não temos hoje condições de fazer grandes operações no trânsito”, disse o prefeito em 21 de junho.
A superintendente de Ação Regional da BHTrans, Maria Odila de Matos, informou que a empresa espera resolver gargalos importantes nos quatro pontos em que a operação de trânsito foi lançada durante o horário de pico da manhã. O objetivo, segundo ela, é intervir nos locais mais críticos. “Temos feito exatamente isso.
O professor Guilherme Leiva, do curso de engenharia de transportes do Cefet/MG, acredita que, antes de se pensar em grandes obras, é necessário exatamente colocar a infraestrutura disponível para atuar com a máxima eficiência, o que não ocorre atualmente. “Nosso sistema de tráfego ainda é subutilizado em sua grande maioria, em função de não termos uma presença mais ativa nas ruas, com organização de fiscais e agentes para atuar em determinados horários. Talvez os problemas nem sejam mais tão grandes depois que passarmos por essa organização”, avalia o especialista. Leiva também lembra que em várias cidades do Brasil há realidades diferentes de acordo com o horário, e que isso é importante para otimizar a infraestrutura ofertada ao trânsito.
Análise da notícia
Demorou (Roney Garcia)
Colocar agentes de trânsito para, bem, agir no trânsito parece medida tão óbvia que fica no ar a pergunta: por que só agora? A BHTrans, fundada Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte em 1991, foi por anos criticada pela aparente predileção de suas equipes de rua por fiscalizar – e multar – carros parados, o que parecia uma contradição com seu próprio nome. Em dias e horários de tráfego travado na capital, chamava a atenção a completa escassez de fiscais para garantir o cumprimento das normas de circulação e multar infratores, enquanto equipes eram facilmente observadas no dia a dia rondando os estacionamentos rotativos espalhados pelo Centro. Em 2009, decisão do Superior Tribunal de Justiça proibiu a empresa municipal de multar. Esperava-se, então, que as ações de seu corpo fiscal se dirigissem enfim para privilegiar a organização do fluxo de tráfego nas ruas, o que não se verificou na prática.