Curvelo – O ingresso de resíduos químicos de indústrias e pontos de comércio no esgoto doméstico e o volume 17 vezes menor do Ribeirão Santo Antônio, que de 500 litros por segundo passou a uma vazão de 30l/s, resultaram em uma devastação que praticamente tornou o afluente do Rio das Velhas um canal de dejetos. Isso ocorre justamente no ponto da estação de tratamento de esgotos (ETE) de Curvelo, na Região Central de Minas, onde desemboca a tubulação do material tratado e devolvido ao leito. A ETE operada pela Copasa foi projetada para trabalhar com o volume normal do ribeirão, o que possibilitaria a dissolução dos lançamentos, mas, segundo a companhia admite, isso não tem ocorrido devido à seca e à poluição que o Santo Antônio recebe clandestinamente na cidade da Região Central.
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O ponto onde o efluente encontra a água do ribeirão é tomado por uma espuma densa, que se alastra acima e abaixo do curso, tornando as águas cinzentas e contaminadas. A presença de lixo ali também é intensa, representada sobretudo pela grande quantidade de embalagens plásticas e garras PET flutuando. De acordo com o gerente do distrito regional de Curvelo da Copasa, Daniel de Lima Aguiar, a espuma que se amontoa a quase um palmo acima do líquido é o resultado do descarte irregular de químicos na rede de esgoto doméstico. “Temos oficinas, lava-jatos e outras indústrias e pontos de comércio que não fazem tratamento preliminar de seus resíduos químicos, lançando tudo na rede doméstica. As ETEs são feitas para tratar esgoto domésticos, e por isso não conseguem processar esse tipo de resíduo”, argumenta. Já o forte odor, segundo o gerente, é proveniente dos gases gerados pelo esgoto e tem sido alvo de algumas ações para redução.
ANORMALIDADE Quem conhece o local afirma que o líquido fétido que jorra da tubulação parece estar mais escuro que o normal.
O presidente do CBH-Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, vê a situação com preocupação e cobra uma resposta da Copasa. “Essa degradação não pode ficar assim.
De acordo com a Semad, duas ocorrências já foram lavradas a respeito de denúncias de que a ETE não vem tratando todo o esgoto que recebe. Na última delas, o denunciante chega a dizer que testemunhou lançamentos pontuais de esgoto sem tratamento pela tubulação, em horário noturno, o que não foi comprovado. Segundo a secretaria, a demanda já foi encaminhada para a Superintendência Regional Central Metropolitana (Supram) para providências..