Curvelo – O ingresso de resíduos químicos de indústrias e pontos de comércio no esgoto doméstico e o volume 17 vezes menor do Ribeirão Santo Antônio, que de 500 litros por segundo passou a uma vazão de 30l/s, resultaram em uma devastação que praticamente tornou o afluente do Rio das Velhas um canal de dejetos. Isso ocorre justamente no ponto da estação de tratamento de esgotos (ETE) de Curvelo, na Região Central de Minas, onde desemboca a tubulação do material tratado e devolvido ao leito. A ETE operada pela Copasa foi projetada para trabalhar com o volume normal do ribeirão, o que possibilitaria a dissolução dos lançamentos, mas, segundo a companhia admite, isso não tem ocorrido devido à seca e à poluição que o Santo Antônio recebe clandestinamente na cidade da Região Central.
A Copasa garante que atende a todos os parâmetros exigidos pela legislação ambiental. Já ambientalistas e moradores da região desconfiam que a ETE não esteja conseguindo tratar com eficiência os esgotos que recebe e os esteja despejando de forma a contaminar o ribeirão, apenas 23 dias depois de a concessionária de saneamento assinar um termo de compromisso pela revitalização do Rio das Velhas com órgãos ambientais, prefeituras e o comitê da bacia hidrográfica (CBH-Rio das Velhas). Duas ocorrências policias foram lavradas com essas denúncias.
A ETE de Curvelo é operada pela Copasa desde 2011 e, segundo informações de seu licenciamento na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), deveria tratar o esgoto produzido pelos 79,5 mil habitantes de Curvelo. A equipe de reportagem do Estado de Minas seguiu a tubulação de efluentes que deixa as instalações da ETE e atravessa um pasto por cerca de 180 metros. No fim do encanamento, com manilhas tão grandes que facilmente comportariam um adulto, jorra água que tem aspecto e cheiro de esgoto. A quantidade injetada é tão grande e intensa que supera o volume do pequeno ribeirão. Os 80l/s despejados pela manilha da Copasa representam quase três vezes a vazão atual do curso d’agua, que passa a ser essencialmente uma continuação da ETE. O cheiro de esgoto é tão forte que pode ser percebido 30 metros antes de se chegar ao leito, antes mesmo de sua pequena mata ciliar.
O ponto onde o efluente encontra a água do ribeirão é tomado por uma espuma densa, que se alastra acima e abaixo do curso, tornando as águas cinzentas e contaminadas. A presença de lixo ali também é intensa, representada sobretudo pela grande quantidade de embalagens plásticas e garras PET flutuando. De acordo com o gerente do distrito regional de Curvelo da Copasa, Daniel de Lima Aguiar, a espuma que se amontoa a quase um palmo acima do líquido é o resultado do descarte irregular de químicos na rede de esgoto doméstico. “Temos oficinas, lava-jatos e outras indústrias e pontos de comércio que não fazem tratamento preliminar de seus resíduos químicos, lançando tudo na rede doméstica. As ETEs são feitas para tratar esgoto domésticos, e por isso não conseguem processar esse tipo de resíduo”, argumenta. Já o forte odor, segundo o gerente, é proveniente dos gases gerados pelo esgoto e tem sido alvo de algumas ações para redução.
ANORMALIDADE Quem conhece o local afirma que o líquido fétido que jorra da tubulação parece estar mais escuro que o normal. “Não era cinza assim essa água que saía da tubulação da ETE. Alguma coisa está acontecendo, porque o rio (ribeirão) não ficava poluído assim depois que a água da estação caía nele. Olha só esta espuma toda e essa cor escura da água, parece até que está saindo esgoto puro (do encanamento)”, disse o lavrador Antônio Nonato Bezerra dos Santos, de 42 anos, que trabalha numa das propriedades rurais próximas. O aposentado Pedro Raimundo de Paula, de 63, constata que o ribeirão está muito vazio e poluído. “Nunca tinha visto essa situação. Esse ribeirão tinha muita água chegando ao Rio das Velhas; hoje até parece que o Rio das Velhas é que está subindo pelo Santo Antônio. Nunca vi tão sujo assim, nem piaba vive nessa condição”, criticou.
O presidente do CBH-Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, vê a situação com preocupação e cobra uma resposta da Copasa. “Essa degradação não pode ficar assim. O ribeirão não tem mais a capacidade de depuração de antes e com isso todo o seu curso vai sendo contaminado. Isso chega ao Rio das Velhas e precisa ser revisto, bem como a Copasa deve esclarecer se a ETE está conseguindo cumprir o seu papel, pois aparentemente não está”, afirma Polignano. O presidente do CBH-Rio das Velhas também cobra uma ação mais enérgica das autoridades ambientais. “Os órgãos de licenciamento precisam avaliar a situação. Tem de haver uma fiscalização para avaliar o que está ocorrendo, pois isso com certeza afeta o Rio das Velhas e a comunidade da bacia”, disse.
De acordo com a Semad, duas ocorrências já foram lavradas a respeito de denúncias de que a ETE não vem tratando todo o esgoto que recebe. Na última delas, o denunciante chega a dizer que testemunhou lançamentos pontuais de esgoto sem tratamento pela tubulação, em horário noturno, o que não foi comprovado. Segundo a secretaria, a demanda já foi encaminhada para a Superintendência Regional Central Metropolitana (Supram) para providências.
A Copasa garante que atende a todos os parâmetros exigidos pela legislação ambiental. Já ambientalistas e moradores da região desconfiam que a ETE não esteja conseguindo tratar com eficiência os esgotos que recebe e os esteja despejando de forma a contaminar o ribeirão, apenas 23 dias depois de a concessionária de saneamento assinar um termo de compromisso pela revitalização do Rio das Velhas com órgãos ambientais, prefeituras e o comitê da bacia hidrográfica (CBH-Rio das Velhas). Duas ocorrências policias foram lavradas com essas denúncias.
A ETE de Curvelo é operada pela Copasa desde 2011 e, segundo informações de seu licenciamento na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), deveria tratar o esgoto produzido pelos 79,5 mil habitantes de Curvelo. A equipe de reportagem do Estado de Minas seguiu a tubulação de efluentes que deixa as instalações da ETE e atravessa um pasto por cerca de 180 metros. No fim do encanamento, com manilhas tão grandes que facilmente comportariam um adulto, jorra água que tem aspecto e cheiro de esgoto. A quantidade injetada é tão grande e intensa que supera o volume do pequeno ribeirão. Os 80l/s despejados pela manilha da Copasa representam quase três vezes a vazão atual do curso d’agua, que passa a ser essencialmente uma continuação da ETE. O cheiro de esgoto é tão forte que pode ser percebido 30 metros antes de se chegar ao leito, antes mesmo de sua pequena mata ciliar.
O ponto onde o efluente encontra a água do ribeirão é tomado por uma espuma densa, que se alastra acima e abaixo do curso, tornando as águas cinzentas e contaminadas. A presença de lixo ali também é intensa, representada sobretudo pela grande quantidade de embalagens plásticas e garras PET flutuando. De acordo com o gerente do distrito regional de Curvelo da Copasa, Daniel de Lima Aguiar, a espuma que se amontoa a quase um palmo acima do líquido é o resultado do descarte irregular de químicos na rede de esgoto doméstico. “Temos oficinas, lava-jatos e outras indústrias e pontos de comércio que não fazem tratamento preliminar de seus resíduos químicos, lançando tudo na rede doméstica. As ETEs são feitas para tratar esgoto domésticos, e por isso não conseguem processar esse tipo de resíduo”, argumenta. Já o forte odor, segundo o gerente, é proveniente dos gases gerados pelo esgoto e tem sido alvo de algumas ações para redução.
ANORMALIDADE Quem conhece o local afirma que o líquido fétido que jorra da tubulação parece estar mais escuro que o normal. “Não era cinza assim essa água que saía da tubulação da ETE. Alguma coisa está acontecendo, porque o rio (ribeirão) não ficava poluído assim depois que a água da estação caía nele. Olha só esta espuma toda e essa cor escura da água, parece até que está saindo esgoto puro (do encanamento)”, disse o lavrador Antônio Nonato Bezerra dos Santos, de 42 anos, que trabalha numa das propriedades rurais próximas. O aposentado Pedro Raimundo de Paula, de 63, constata que o ribeirão está muito vazio e poluído. “Nunca tinha visto essa situação. Esse ribeirão tinha muita água chegando ao Rio das Velhas; hoje até parece que o Rio das Velhas é que está subindo pelo Santo Antônio. Nunca vi tão sujo assim, nem piaba vive nessa condição”, criticou.
O presidente do CBH-Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, vê a situação com preocupação e cobra uma resposta da Copasa. “Essa degradação não pode ficar assim. O ribeirão não tem mais a capacidade de depuração de antes e com isso todo o seu curso vai sendo contaminado. Isso chega ao Rio das Velhas e precisa ser revisto, bem como a Copasa deve esclarecer se a ETE está conseguindo cumprir o seu papel, pois aparentemente não está”, afirma Polignano. O presidente do CBH-Rio das Velhas também cobra uma ação mais enérgica das autoridades ambientais. “Os órgãos de licenciamento precisam avaliar a situação. Tem de haver uma fiscalização para avaliar o que está ocorrendo, pois isso com certeza afeta o Rio das Velhas e a comunidade da bacia”, disse.
De acordo com a Semad, duas ocorrências já foram lavradas a respeito de denúncias de que a ETE não vem tratando todo o esgoto que recebe. Na última delas, o denunciante chega a dizer que testemunhou lançamentos pontuais de esgoto sem tratamento pela tubulação, em horário noturno, o que não foi comprovado. Segundo a secretaria, a demanda já foi encaminhada para a Superintendência Regional Central Metropolitana (Supram) para providências.