Sem acreditar nas perspectivas de realocação apresentadas pela PBH, eles disseram à reportagem do Estado de Minas que pretendem resistir às ações fiscais, pois garantem que não vão conseguir se manter em shoppings populares e prometem uma manifestação amanhã, na Praça Sete, contra a retirada.
Depois de notificar os vendedores e avisar que eles teriam até o fim de junho para deixarem de expor suas mercadorias nas ruas e avenidas do Centro, a expectativa ontem era que os fiscais estivessem em ação nas esquinas, amparados por policiais militares e guardas municipais, confiscando os produtos vendidos nas bancas montadas nas calçadas, mas isso não aconteceu. Em nota, a prefeitura informou que optou por manter ontem a distribuição de comunicados de advertência aos camelôs, ação intensificada na semana passada.
A montagem de bancas, caixas, armações e demais expedientes usados pelos camelôs para mostrar e vender seus produtos começou por volta das 8h30. Uma das áreas mais visadas, os quarteirões das ruas São Paulo, Carijós e Curitiba entre a Praça Sete e a Avenida Paraná, aos poucos foi recebendo os vendedores como é de costume, mas a presença dos carros de veículos de reportagem deixava todos tensos.
Muito preocupada com a situação, Neiva Pimentel, de 51 anos, há 28 como camelô, disse que a categoria não vai aceitar uma remoção forçada. “Eu conheço o Código de Posturas e sei que nós não podemos ficar na rua sem autorização. Mas por que não nos levam para outros lugares do Centro, como a Praça da Rodoviária? Vamos ficar desempregados? Basta conversar com os camelôs para saber que a maioria é trabalhadora, que está aqui para sustentar a família. Precisamos que alguém entenda isso e nos dê uma oportunidade”, desabafa.
Entre as medidas apresentadas pela PBH para absorver a demanda gerada pela retirada dos vendedores das ruas está a disponibilização de vagas no Shopping Popular Caetés – a cargo da administração pública – e também em shoppings populares privados, além de espaços em feiras livres e regionais.
Acostumado a vender 10 pacotes de cigarros por dia, Pedro Henrique Rodrigues da Silva, de 25, chegou ontem à esquina das ruas Carijós e Curitiba bastante preocupado. “Esta situação é muito complicada, porque não temos condição de pagar aluguel e eu não encontro emprego com carteira assinada. Se perdermos a mercadoria, o dinheiro vai embora”, afirma.
Ivanildo Barbosa, de 37, que também vende brinquedos, trabalhou como vendedor no Shopping Xavantes e saiu quando pagava, segundo ele, R$ 1,1 mil de aluguel e R$ 400 de condomínio. O camelô explica que a pressão é muito grande, pois outras pessoas ficam na fila aguardando a saída daqueles que não conseguem quitar o aluguel.
“Se formos levados novamente para os shoppings, como vamos pagar um aluguel tão alto?”, questiona o vendedor, que afirma que a categoria deve organizar uma manifestação amanhã na Praça Sete contra a decisão da prefeitura.
ADVERTÊNCIA
Em nota, a PBH informou que a fiscalização foi intensificada na semana passada com a distribuição de comunicados de advertência aos camelôs, ação que continuou ontem. Também na semana passada, a PBH atendeu 1,5 mil camelôs, entre cadastrados e não cadastrados, com oferta de oportunidades de qualificação profissional, de empreendedorismo e de inclusão no mercado formal de trabalho.
Entre as ações informadas pela PBH estão a oferta de 669 vagas em cursos de qualificação, conhecimento de vagas de trabalho pelo Sine, BH Negócios e Economia Popular Solidária, além de abertura de vagas e espaços em shoppings populares, privados e feiras livres e regionais.
No caso das vagas no Shopping Caetés, a prefeitura informou que o preço do aluguel seria controlado pelo município a baixo custo. A inserção nos shoppings particulares também se dará a preços populares, de acordo com a PBH.