
Este foi o quarto caso de fechamento de rodovia mineira causado por problemas em carretas carregadas com produtos perigosos em quatro meses. Desta vez, um veículo pesado que seguia de Cubatão (SP) para Timóteo, no Vale do Rio Doce, com ácido clorídrico, pegou fogo na estrada e parte da carga vazou, exigindo um trabalho extremamente complexo para fazer o transbordo do produto e possibilitar a liberação do tráfego, que ficou completamente fechado das 6h até as 13h40, quando começou a fluir lentamente no sistema de pare e siga, na altura do km 447, três quilômetros após o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Sabará. Até as 20h, entretanto, as pistas tinham sido liberadas apenas parcialmente.
Apesar de todo o tempo que levou para a liberação da pista, diferentemente de casos anteriores em rodovias federais, a partida para o trabalho de ontem foi mais ágil. Como a empresa especializada em emergências que foi contratada pela transportadora Herculano tinha um caminhão para transbordo do ácido pronto para atuar bem perto de sua base em Contagem (Grande BH), rapidamente os trabalhos começaram. Mas dada a complexidade do caso, com vazamento do ácido, a ocorrência transcorreu de forma lenta, segundo o analista do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Newton de Oliveira. O técnico explicou que houve contaminação de um pequeno curso d’água às margens da rodovia, mas ontem ainda não era possível estimar muitos detalhes desse dano. “É uma quantidade que não é grande e também tem muita água usada pelo Corpo de Bombeiros. Provavelmente não causará maiores impactos”, estimou o analista.

Apesar do bloqueio total do tráfego, o local onde houve a interdição facilitou o trabalho da PRF, que usou seu posto de atendimento em Sabará para orientar motoristas sobre dois desvios possíveis. Passagens por Sabará e Caeté e também por Santa Luzia e Taquaraçu de Minas (todas na Grande BH), foram opções viáveis para carros pequenos. Por conta dessas possibilidades, as filas não se estenderam e ficaram basicamente repletas de caminhões e ônibus, não autorizados a usar os desvios.
Quem não teve como escapar foi a enfermeira Jane Botelho, de 41 anos, que saiu de casa no sábado às 20h30 de Uberlândia (Triângulo Mineiro) e pegou um ônibus para BH. Na manhã de ontem só mudou de coletivo e entrou em um ônibus para Teófilo Otoni (Vale do Mucuri), onde moram seus pais. Cansada com a espera que às 10h já somava quatro horas, ela resolveu ficar do lado de fora do ônibus, pois estava gripada. O jeito foi abaixar a cabeça e cochilar sentada na beira da rodovia. “O problema é que a gente fica sem água, sem comida e eu não tenho a opção de ônibus direto de Uberlândia para Teófilo Otoni. E sem bateria de celular não consegui nem avisar meus pais”, contou.
OUTROS CASOS Nos últimos quatro meses outras três ocorrências parecidas ao acidente de ontem na BR-381 nas rodovias mineiras impuseram grandes bloqueios ao tráfego. Em março, o tombamento de uma carreta com 18 bombonas de ácido para uso na mineração fechou a BR-040 por mais de 12 horas em Nova Lima, na Grande BH, causando uma fila de mais de 22 quilômetros na estrada, que é concedida à iniciativa privada. No fim de maio, a BR-262, em Juatuba, (Grande BH), que também é concedida, ficou quase 24 horas completamente fechada após o tombamento de uma carreta bitrem carregada com 44 mil litros de óleo diesel. Na sexta-feira, uma carreta que transportava ácido sulfúrico tombou na AMG-150, na altura do km 2, em Nova Lima, e também impôs um bloqueio que testou a paciência dos motoristas.
