Um grupo de camelôs realiza, nesta manhã de segunda-feira, um protesto contrário às medidas de fiscalização adotadas pela Prefeitura de Belo Horizonte.
Houve confusão no quarteirão fechado da Rua dos Carijós. Um vidro de uma viatura do Batalhão de Choque da Polícia Militar foi quebrado e uma vendedora ambulante ficou ferida. Ela alega que levou um tiro de bala de borracha disparado pela PM. A corporação ainda usou bombas de gás lacrimogênio para dispersar o grupo. Um camelô foi detido com uma chave de fenda na Rua dos Carijós.
Comerciantes assustados decidiram abaixar as portas de lojas próximas da Praça Sete e populares que transitavam pelo local se esconderam em hotéis no entorno da praça. Os PMs usam escudos nas ruas dos Carijós e São Paulo.
Com gritos de protestos contra o prefeito Alexandre Kalil (PHS), o grupo alega que o atual chefe da administração municipal não cumpriu a promessa feita ainda em campanha eleitoral, ao ordenar a retirada dos camelôs das ruas.
Pouco antes de 13h, os câmelos liberaram a Praça Sete e seguiram para o cruzamento da Avenida Amazonas com rua Tamoios. Porém, o grupo voltou a se reunir na Praça Sete que está fechada em todos os cruzamentos.
No início do movimento, os manifestantes atearam fogo em madeiras e em um amontoado de lixo em uma das pistas da Avenida Afonso Pena. O tenente-coronel Eduardo Felisberto Alves, comandante do 1º Batalhão da PM, negociou a liberação do tráfego da Praça Sete com os manifestantes, que agora estão no quarteirão fechado da Rua dos Carijós. A expectativa é que aconteça, às 13h30, uma reunião de lideraças da categoria com a secretária municipal de Serviços Urbanos, Maria Caldas.
A vendedora Vera Lúcia Teixeira Bonfim, representante do grupo que se concentra no Centro, afirmou que faltou humanidade por parte do prefeito e da secretária Maria Caldas na ação de retirada dos camelôs das ruas.
“Nós vamos pedir um prazo maior até ela resolver o problema da gente, não temos como ficar dentro de casa sem garantir o sustento dos nossos filhos, porque é aqui na rua que a gente consegue dinheiro para pagar o alimento e as contas de água e luz. Todos nós somos trabalhadores e estamos respeitando a decisão deles, mas quando o Kalil queria voto ele veio aqui no Centro e pegou na mão de todo mundo e nos deu a palavra de que iria arrumar espaço pra todo mundo e agora ele não vem conversar? É uma ação totalmente sem humanidade dele e da Maria Caldas de tirar trabalhadores dos seus cargos”.
Vera Lúcia, que trabalha nas ruas há 25 anos, ressaltou, também, que os shoppings populares não são a melhor saída para os camelôs. “Nós somos contra ir para os shopping populares. Eu já fui pra lá e não é a solução, aquele lugar é uma farsa e só tem magnata chinês e nós não temos nenhuma condição financeira de competir com eles” destacou.
Palavra da PBH
A secretária Maria Caldas informou nesta manhã que a PBH vai subsidiar o aluguel dos camelôs em shoppings populares privados durante cinco anos. Essa intenção está expressa em um projeto que será enviado ainda hoje à Câmara Municipal. Além disso, a administração municipal vai abrir vagas no Shopping Caetés, que é administrado pela prefeitura. Cursos profissionalizantes serão oferecidos aos vendedores para que eles se preparem para a nova realidade e tenham condição se trabalharem nos shoppings.
Fiscalização
Agentes da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ocupam as ruas do Hipercentro na manhã desta segunda-feira como parte das ações anunciadas pela administração municipal para coibir a presença de camelôs na região.
Há presença ostensiva de fiscais da PBH, agentes da BHTrans, guardas municipais e também servidores de apoio. Os fiscais vestem coletes pretos e os de apoio, coletes azuis.
O ponto base da força-tarefa fica na esquina das ruas São Paulo e Carijós, mas os agentes percorrem toda a região. As ações serão da seguinte forma: primeiro, haverá a orientação. Caso um camelô seja flagrando montando sua estrutura para venda, ele será orientado para que não fique no local, pois isso infringe o Código de Posturas. Se ele insistir na montagem, os produtos serão apreendidos. Para isso, há uma estrutura armada para a remoção da mercadoria.
* Sob supervisão do editor Benny Cohen
.