A confusão de ontem no Centro de Belo Horizonte após manifestação de camelôs contra a fiscalização lançada pela Prefeitura de BH deixou comerciantes preocupados e já preparados para um provável novo protesto. Alguns estabelecimentos, inclusive, deicidiram abaixar as portas nesta manhã, temendo outras confusões como registrado durante a segunda-feira.
Carlos Henrique Lopes Nogueira é dono de uma loja de aviamentos e lingeries na Rua São Paulo, esquina com Rua dos Carijós, onde ontem várias bombas foram lançadas durante a confusão. Ele conta que retirou mercadorias que estavam expostas perto da rua e já deixou ferros preparados para fechar as portas em caso de novo tumulto. "Ontem amassaram as minhas duas portas e já estamos prontos para fechar de novo, se necessário. O faturamento caiu muito, mas pelo menos salvamos o dia", afirma.
O funcionário de uma loja de roupas também na Rua São Paulo recolheu várias pedras soltas na porta do comércio e as escondeu. "É para tirar a possibilidade de alguma ser jogada se tiver confusão. Ontem abaixamos as portas e hoje vamos fazer de novo pela segurança dos funcionários se for necessário", afirma o funcionário, que não quis se identificar.
Ontem, o cenário na região foi de lojas fechadas, correria, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. O confronto entre policiais militares e vendedores ambulantes que protestavam contra a retirada das barracas ilegais do Hipercentro de Belo Horizonte deixou pedestres em pânico e tumultuou o trânsito. Os manifestantes bloquearam pistas das avenidas Afonso Pena e Amazonas durante a manhã e montaram barricadas com fogo. Para dispersar o grupo, a Polícia Militar chegou a usar um carro blindado que lançou jatos d'água. No fim do dia, o protesto retornou à Praça Sete. Pelos menos 14 pessoas foram presas.
A ambulante Cheila Cristina Ribeiro de Almeida, de 25 anos, ficou revoltada com a situação. “Tem muito ladrão aí que está batendo a mão no peito das pessoas e roubando cordão, abrindo bolsa no meio da rua, roubando celular. E camelô não, camelô está aqui trabalhando, fazendo o serviço honestamente. Então, é um absurdo a gente chegar pra trabalhar e não poder”, afirmou Cheila. Neiva Pimentel, de 51, que há 28 atua como ambulante, diz que a categoria tem conhecimento de que o Código de Posturas da capital mineira proíbe a ocupação das ruas e calçadas sem autorização, mas pediu compreensão da prefeitura. “A gente gostaria de ter um lugar que fosse permitido trabalhar de forma organizada, como a Praça da Rodoviária, por exemplo. Alguém precisa nos ouvir”, afirma.
Enquanto a categoria protestava no Centro, a secretária municipal de Serviços Urbanos, Maria Caldas, anunciava em entrevista coletiva que a operação estará diariamente nas ruas e avenidas do Hipercentro impedindo a montagem das bancas dos camelôs, com apreensão das mercadorias se necessário. Ela adiantou que em 21 de julho será feito um sorteio com as primeiras vagas para os camelôs em shoppings populares privados. Eles vão ocupar espaços como se estivessem em uma feira, não tendo boxes inicialmente. Num segundo momento, a prefeitura espera que os vereadores aprovem o projeto de subsídio dos aluguéis.