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Estado de Minas

Frio intenso em Belo Horizonte deve se manter até o fim de semana

Com massa polar, BH registra menor temperatura desde 1975: 6,1 graus. Ventos fortes derrubaram a sensação térmica para 9 graus negativos. Capital foi a mais gelada do país ontem. Tendência se mantém até o fim de semana


postado em 05/07/2017 06:00 / atualizado em 05/07/2017 07:36

Na Praça do Papa, Zona Sul de BH, Renata Gama precisou se proteger com agasalho, luvas e cachecol(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Na Praça do Papa, Zona Sul de BH, Renata Gama precisou se proteger com agasalho, luvas e cachecol (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

Nem política nem economia. O assunto do dia, ontem, em Belo Horizonte, em qualquer comentário ou roda de conversa era um só, e, na boca do povo, reinou a frase: “Nossa, que frio!” Uma massa de ar frio e seco derrubou a temperatura a 6,1 graus, a mais baixa em 42 anos. BH foi a capital com os termômetros mais baixos do país. Os ventos, que durante a madrugada e ao amanhecer chegaram aos 78,1 quilômetros por hora, ajudaram a derrubar a sensação térmica para -9 graus, às 7h. Nas ruas, muitos gorros, luvas, casacos pesados e cachecóis para aguentar. Para a alegria de alguns e desespero de outros, as mínimas seguem em baixa até o fim da semana. Já a menor temperatura do estado ficou em 0,8 grau negativo, em Maria da Fé, no Sul de Minas.

A temperatura mínima histórica na capital foi registrada em 7 de julho de 1975, quando os termômetros marcaram 5,4 graus, na estação Centro-Sul, de acordo com o TempoClima PUC Minas. A marca de ontem, por sua vez, foi indicada na estação Cercadinho, na Região Oeste de BH, que faz o balanço de temperaturas desde 2014. O TempoClima usa dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com 6,1 graus, BH ficou à frente até mesmo de capitais onde tradicionalmente faz mais frio – São Paulo (SP) marcou 9,3 graus e Curitiba (PR), 9,6 – a média para o inverno na capital mineira é de mínimas na casa dos 14,6 graus.

No Bairro Buritis, onde está a estação Cercadinho, o auxiliar administrativo Rubner Matheus Rodrigues de Lanna, de 22 anos, aproveitou o vento para soltar pipa na parte alta do bairro, no fim da Rua Guamá. Ele chegou a se esquentar com o Sol, mas no meio da tarde pôs a blusa de frio novamente. “À noite aqui é insuportável”, contou ele, dizendo que havia dormido com dois cobertores, meias e duas calças. “Minha casa é de pedra e não guarda calor. Temos uma lareira, mas nunca foi usada. Para mim, a melhor opção ainda é ficar debaixo das cobertas”, afirmou.

A professora Fátima Campos, de 59, que também mora na parte alta do bairro, descobriu que o ar-condicionado que tem em casa também aquece. Foi a solução para escapar do frio. Mas, para sair para a rua, ela apela até para luvas. “As articulações doem e a pele resseca. Além de tudo, tem um vento uivando a noite toda”, disse.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Em outro ponto da cidade, na Região do Barreiro, o frio também foi intenso. O Vale do Jatobá registrou a segunda menor temperatura da capital (7 graus), medida na estação Ibirité, segundo o TempoClima. Pelo bairro, gorro foi o acessório oficial para quem estava na rua. No Lojão das Fábricas, na Avenida Senador Levindo Coelho, o dono viajou de última hora para São Paulo para abastecer seu comércio com roupas de inverno. “Os clientes estavam pedindo e não tinha. Quase tudo o que chegou, saiu. A procura aumentou ainda mais desde o fim de semana”, relatou a vendedora Girvânia Freitas Rodrigues, de 49. A costureira Fabiana Silva de Abreu, de 33, “empacotou” os gêmeos Gabriel e Gustavo, de 7 meses, para ir à loja comprar calças para os outros dois filhos. “Já comprei também moletons para os bebês. O frio está demais aqui no bairro”, disse.

E quem pensa que o frio está falando mais alto durante as madrugadas e ao amanhecer se engana. Ontem, houve recorde também à tarde. Com máximas que podem chegar a 26,1 graus em pleno inverno, ontem, os termômetros não passaram de 17,1 também na Estação Cercadinho. De acordo com o meteorologista Heriberto dos Anjos, a umidade relativa do ar girou em torno de 40%. Pelos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade ideal é de 60%. A entidade recomenda a decretação do estado de atenção quando os índices ficam entre 20% e 30%. Entre 12% e 20%, é recomendado o estado de alerta, e índices inferiores a 12% podem ser considerados estado de emergência sanitária.

GRANDE BH
Ponto tradicionalmente mais frio que a capital, a Serra da Moeda, em Brumadinho, na Região Metropolitana, registrou temperaturas que ontem pegaram de surpresa os visitantes. Depois de quatro anos de namoro, o casal de namorados Bruna Layane, de 19, e André Nascimento, de 22, passou aperto para fazer o ensaio fotográfico marcado para o fim da tarde na pista de voo do Topo do Mundo. “Aqui é um lugar que a gente vem bastante, para namorar, aproveitar a vista e o pôr do sol. Geralmente é frio, mas hoje está congelante”, contou o rapaz. Em Brumadinho, a temperatura mínima ontem foi de 9 graus, e a máxima, 21 graus.

Os namorados Bruna e André se surpreenderam com o frio na Serra da Moeda:
Os namorados Bruna e André se surpreenderam com o frio na Serra da Moeda: "Está congelante", disse ele (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Ainda segundo o Tempo Clima, o cenário de frio deve se manter, pelo menos nos próximos dias. “Esse tipo de queda é comum, devido à massa de ar que veio da Argentina e estacionou no Brasil. Ela se aproximou do Sudeste no sábado, se intensificou em São Paulo no domingo. Ontem (anteontem), o frio ficou mais intenso na capital mineira. Ela ainda deve atuar pelos próximos cinco dias. As mínimas só devem aumentar no início da semana que vem”, afirma o meteorologista Heriberto dos Anjos.

Termômetros despencam no interior

 

O recorde de frio no ano também foi quebrado na manhã de ontem em Minas Gerais. Às 7h, os termômetros marcaram 0,8 grau negativo em Maria da Sé, distrito de Camanducaia, no Sul do estado. A geada cobriu de branco as montanhas e deixou a paisagem ainda mais bonita. Isso devido à massa de ar frio, que deixa as temperaturas baixas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil, além dos estados do Acre e Sul do Pará.

Também foram registradas temperatura baixas em Monte Verde, com mínima de 2,9 graus e máxima de 14,8 graus, e em Bambuí, com mínima de 2,4 graus e máxima 20,2 graus. Até então, o dia mais frio de Minas Gerais foi em 11 de junho, em Monte Verde, onde os termômetros marcaram 0,2 grau. Segundo o meteorologista Claudemir Félix, do TempoClima PUC Minas, os casacos podem continuar fora do armário.

No Sul de Minas, as temperaturas devem ficar baixas nos próximos dias e com possibilidade de geada. “Para hoje e amanhã, a previsão é de céu parcialmente claro a nublado, com temperaturas mínimas próximas de zero. Na sexta-feira, os termômetros devem marcar 5 graus”, explica o especialista. No restante do estado, as regiões da Zona da Mata e Central também sofreram com o frio. No Leste de Minas, a temperatura mínima foi de 8 graus; no Triângulo Mineiro, de 9 graus.

 

Na internet, memes e ‘papo’ com Curitiba


O recorde de frio dos últimos 42 anos em BH e o fato de a cidade ter sido a capital mais gelada do país ontem repercutiu na internet. Houve enxurrada de memes, comparações com as temperaturas de cidades do Alasca e países nórdicos e até uma “conversa” entre os perfis das prefeituras de Curitiba e BH em uma rede social. A capital curitibana perguntou: “Que história é essa, @prefeiturabh?”. A capital mineira respondeu: “@Curitiba_PMC, pegamos o frio emprestado. Ele é um ótimo acompanhamento para as fogueiras e os caldos do nosso Arraial”. (Gabriel Corrêa, estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie)

(foto: Reprodução internet/Twitter)
(foto: Reprodução internet/Twitter)


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