Depois de entrar na rota de quadrilhas especializadas, cidades mineiras que experimentam a interiorização do crime se tornaram um desafio para a área de segurança pública. Com suas ruas pacatas e população pequena, esses municípios têm peculiaridades que ao mesmo tempo atraem bandidos e se transformam em árdua missão para o policiamento. Na lista de dificuldades para fechar o cerco a crimes como explosões de caixas eletrônicos e assaltos a banco, como o que na segunda-feira resultou na morte de um policial militar e de um vigilante em Santa Margarida, na Zona da Mata, há uma série de fatores. Entre eles estão o baixo efetivo policial, pouco infraestrutura de logística, grandes distâncias entre municípios, além de muitas rodovias que servem como rota de fuga para criminosos.
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Comandantes à frente de batalhões no interior de Minas reconhecem os desafios e destacam o esforço da corporação para responder a eles. A 15ª Região da PM, com sede em Teófilo Otoni, por exemplo, tem 60 municípios sob seu comando. “A maioria é de cidades de pequeno porte e com efetivo menor que cidades polos. Não só em Minas, como em todo o país, os bandidos têm investido em ações organizadas nessas localidades, com armamento pesado, veículos possantes e em grandes grupos, que monitoram previamente as casas de militares e unidades policiais, para intimidação com disparos, além de mapear rotas de fuga”, afirma o comandante, coronel Marcelo Fernandes. Segundo ele, há casos em que ocorre a participação de moradores locais, como informantes. Nessa área do estado foram registradas cinco investidas contra bancos neste ano (Padre Paraíso, Medina, Divisa Alegre, Carlos Chagas e Palmópolis). Em apenas uma o dinheiro foi levado. Em Novo Cruzeiro, militares conseguiram evitar a ação de uma quadrilha, previamente abordada e detida.
Grandes distâncias entre as cidades em um estado com grande território também facilitam a ação de bandidos. “Esse é sem dúvida um complicador. Há em nossa região rotas que são percorridas em 40 minutos para sair de uma cidade e chegar a outro estado. Até instalarmos uma operação de cerco e bloqueio, os bandidos já estão no estado vizinho”, afirma o coronel Rodrigo Braga, comandante da 16ª Região da PM, com sede em Unaí e que engloba 17 municípios.