A professora cearense Tânia Salgado, acostumada ao clima em Fortaleza, onde vive, já tinha ouvido falar do frio nas montanhas mineiras, mas nunca sentira na pele temperatura tão baixa. Na manhã de ontem, em visita com amigas ao topo da Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH, ela se encolheu dentro do casaco de couro, tomou um café quente e relaxou, bem-humorada: “É tudo diferente da minha terra, que tem praia e sol o ano inteiro. Tanta beleza, como aqui, significa uma bênção”, disse Tânia, ao lado da amiga e também professora Natália Costa, mineira que mora há 15 anos na capital do Ceará. “Comprei casaco, luvas e botas para enfrentar este inverno”, contou a cearense, com uma imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, nas mãos, e feliz ao saber que o maciço celebra, em 2017, 250 anos de peregrinação.
Enquanto nas alturas o frio continua intenso, a capital e demais municípios da região metropolitana tiveram uma trégua. De acordo com o Instituto PUC Minas TempoClima, a menor temperatura registrada ontem em BH foi de 12 graus, bem acima dos 6,1 graus da manhã do último dia 4, quando a cidade foi a mais gelada das capitais. Apenas no fim de semana a temperatura cai novamente, mas a mínima deverá ficar na casa dos 10 graus.
Os meteorologistas explicam que uma massa de ar seco deixa o tempo estável em Minas. Em BH, a quarta-feira ensolarada teve temperatura máxima chegando aos 24 graus, à tarde, com umidade relativa do ar na casa dos 40%. A menor temperatura do estado foi de 3 graus, na Serra da Mantiqueira, no Sul do estado. Nas demais áreas, predomínio de sol e ausência de chuva. Na Serra da Piedade não há estação meteorológica, mas funcionários registraram 7 graus ontem de manhã.
Quando não está no escritório ao lado da ermida, a gestora do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, vinculado à Arquidiocese de Belo Horizonte, Cláudia Rech, se protege como pode, e deve. Ontem, às 8h30, ela usava um gorro de pele – “sintética”, enfatiza – adquirido em Nova York, nos EUA. “Devido à altitude, a Serra da Piedade, em qualquer época do ano, tem uma amplitude térmica alta, com grande diferença entre as temperaturas mínima e máxima. As pessoas sobem a montanha movidas pela fé e depois se aquecem na sua devoção. É muito bonito”, contou ela, encostada no parapeito do adro, que parece flutuar na imensidão branca de nuvens.
VENTO SUL Da rodovia BR-381, motoristas e passageiros podem contemplar o topo do maciço envolto numa nuvem densa. À medida que as pessoas vão percorrendo a estrada de cinco quilômetros, a pé ou de carro, vão sentindo a cerração que bate no rosto e faz buscar um agasalho com urgência, principalmente proteção para o pescoço. Prestes a completar 40 anos de serviço no santuário, o guardião Zacarias Profeta Pereira, de 63, garante que inverno assim só mesmo em 1979, quando choveu muito em Minas. “A gente tolera pela precisão de trabalhar, ainda com o vento do Sul trazendo mais frio aqui para a serra”, diz ele, que sentiu na pele, semana passada, os 3 graus de temperatura.
Participando de um retiro espiritual de três dias no local, os diáconos Emerson Rodrigo e Lucas Vinícius Oliveira, ambos de 27 e visitantes de primeira viagem, e Marcos de Freitas Santos, de 37, não economizam nos cobertores e não deixam de lembrar que o lugar ganha mais charme nessa época. “Durmo com cinco cobertores”, garante Emerson. “Eu, com quatro”, assegura Lucas, enquanto Marcos se contenta com três. Quem trabalha ao ar livre, na manutenção, passa seus perrengues em junho e julho, admitem Elias Corrêa, de 45, e Júnio Alex, de 21. O primeiro usa até cinco blusas e o outro, duas calças. “Às 6h, a gente não enxerga nada”, diz Elias, que trabalha há quatro anos no santuário aprendeu a conviver com os nevoeiros.
Enquanto nas alturas o frio continua intenso, a capital e demais municípios da região metropolitana tiveram uma trégua. De acordo com o Instituto PUC Minas TempoClima, a menor temperatura registrada ontem em BH foi de 12 graus, bem acima dos 6,1 graus da manhã do último dia 4, quando a cidade foi a mais gelada das capitais. Apenas no fim de semana a temperatura cai novamente, mas a mínima deverá ficar na casa dos 10 graus.
Os meteorologistas explicam que uma massa de ar seco deixa o tempo estável em Minas. Em BH, a quarta-feira ensolarada teve temperatura máxima chegando aos 24 graus, à tarde, com umidade relativa do ar na casa dos 40%. A menor temperatura do estado foi de 3 graus, na Serra da Mantiqueira, no Sul do estado. Nas demais áreas, predomínio de sol e ausência de chuva. Na Serra da Piedade não há estação meteorológica, mas funcionários registraram 7 graus ontem de manhã.
Quando não está no escritório ao lado da ermida, a gestora do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, vinculado à Arquidiocese de Belo Horizonte, Cláudia Rech, se protege como pode, e deve. Ontem, às 8h30, ela usava um gorro de pele – “sintética”, enfatiza – adquirido em Nova York, nos EUA. “Devido à altitude, a Serra da Piedade, em qualquer época do ano, tem uma amplitude térmica alta, com grande diferença entre as temperaturas mínima e máxima. As pessoas sobem a montanha movidas pela fé e depois se aquecem na sua devoção. É muito bonito”, contou ela, encostada no parapeito do adro, que parece flutuar na imensidão branca de nuvens.
VENTO SUL Da rodovia BR-381, motoristas e passageiros podem contemplar o topo do maciço envolto numa nuvem densa. À medida que as pessoas vão percorrendo a estrada de cinco quilômetros, a pé ou de carro, vão sentindo a cerração que bate no rosto e faz buscar um agasalho com urgência, principalmente proteção para o pescoço. Prestes a completar 40 anos de serviço no santuário, o guardião Zacarias Profeta Pereira, de 63, garante que inverno assim só mesmo em 1979, quando choveu muito em Minas. “A gente tolera pela precisão de trabalhar, ainda com o vento do Sul trazendo mais frio aqui para a serra”, diz ele, que sentiu na pele, semana passada, os 3 graus de temperatura.
Participando de um retiro espiritual de três dias no local, os diáconos Emerson Rodrigo e Lucas Vinícius Oliveira, ambos de 27 e visitantes de primeira viagem, e Marcos de Freitas Santos, de 37, não economizam nos cobertores e não deixam de lembrar que o lugar ganha mais charme nessa época. “Durmo com cinco cobertores”, garante Emerson. “Eu, com quatro”, assegura Lucas, enquanto Marcos se contenta com três. Quem trabalha ao ar livre, na manutenção, passa seus perrengues em junho e julho, admitem Elias Corrêa, de 45, e Júnio Alex, de 21. O primeiro usa até cinco blusas e o outro, duas calças. “Às 6h, a gente não enxerga nada”, diz Elias, que trabalha há quatro anos no santuário aprendeu a conviver com os nevoeiros.