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Estado de Minas

'Foi na raça', diz professor ao irmão sobre dias em que ficou perdido no Pico da Bandeira

Antônio Teodoro Dutra Júnior, de 43 anos, foi encontrado no início da tarde desta quinta-feira depois de ficar cinco dias desaparecido


postado em 13/07/2017 18:26 / atualizado em 13/07/2017 22:25

Professor foi encontrado por militares do Espírito Santo dentro do Parque Nacional do Caparaó(foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)
Professor foi encontrado por militares do Espírito Santo dentro do Parque Nacional do Caparaó (foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)

“Foi na raça”. Foi com essa frase que o professor Antônio Teodoro Dutra Júnior, de 43 anos, resumiu para o irmão os cinco dias que ficou perdido no Parque Nacional do Caparaó, na divisa de Minas Gerais com Espírito Santo. De acordo com Aldrin Teodoro Dutra, o homem está bem e passa por exames no hospital. Para sobreviver no Pico da Bandeira, o educador contou que contou com barras de cereal para matar a fome e ganhar forças.

O professor desapareceu no sábado quando fazia uma trilha junto com um grupo da Igreja Presbiteriana. Ele foi encontrado no início da tarde desta quinta-feira por militares do Espírito Santo. “Já encontrei com ele. Está bem, graças a Deus. Passou por procedimento médicos e sem nenhum problema. O médico pediu um raio x do pé porque estava inchado, provavelmente, por causa de uma torção. Mas só isso mesmo e um soro para hidratar”, afirmou Aldrin.

Segundo ele, o irmão afirmou que os cinco dias sozinho na mata foram bastante difíceis. “Disse apenas que foi na raça. Sabia que estava só e que poderia contar apenas consigo mesmo”, contou o irmão. “No domingo, por volta das 9h, 10h, um horário que ele chutou, pois não tinha relógio, meu irmão contou que notou que já estava f... Literalmente. Não tinha muito o que fazer. Teve que se virar com barras de cereal e foi comendo. Bom que ele tem uma saúde boa. Ele acabou emagrecendo”, brincou.

Os nove anos que passou na Força Aérea Brasileira (FAB) de Lagoa Santa ajudaram o professor na luta pela sobrevivência. Ele foi encontrado por militares do estado capixaba no início da tarde desta quinta-feira. Sem nenhum ferimento aparente, ele não precisou ser amparado e saiu andando junto com a equipe de resgate. (Veja abaixo o depoimento dado aos militares pelo professor)



Segundo o Corpo de Bombeiros, Antônio foi visto próximo a um restaurante em Ibitirama, no Espírito Santo. Ele conversou com os militares do estado capixaba e até posou para fotos. Aldrin afirmou que a família ficou aliviada. “Agora ficou bom, antes estava muito difícil. Ontem (quarta-feira), já tinha dado uma renovada muito grande quando foram localizados alguns objetos dele, pano e garrafa de água. Era um local de trilha que ninguém tinha sido procurado por ali, então imaginava muito que era ele. Graças a Deus nossos pensamentos se confirmaram”.

Aldrin agradeceu a ajuda de amigos e a força dada por várias pessoas nas redes sociais. “Muito bom a solidariedade e mobilização. Quando não está perto da pessoa, ficamos desesperados. É muito bom para a família saber que importam. Hoje conseguimos reencontrar nosso irmão. É uma dor muito grande para quem procura uma pessoa desaparecida e não encontra”, desabafou.

Ver galeria . 8 Fotos Corpo de Bombeiros MG/Divulgação
(foto: Corpo de Bombeiros MG/Divulgação )


O sumiço

Antônio, também conhecido por "Rosca", sumiu no sábado, quando escalava o Pico da Bandeira, na companhia de um amigo. Ele estava com um grupo de 38 pessoas de uma excursão da Igreja Presbiteriana. Durante o trajeto, Rosca se distanciou e não foi visto mais. A última conversa dele antes do desaparecimento foi com Leonardo, um amigo. O contato ocorreu às 3h30 de domingo.

De acordo com os bombeiros, o amigo do professor contou que pequenos grupos formados pelos caminhantes haviam parado para descansar e comentaram sobre a dificuldade da trilha, por causa do frio, do barro e o cansaço das pessoas. Somente três das 38 pessoas que faziam o trajeto conseguiram chegar ao cume do Pico da Bandeira.

As buscas por Antônio, que nasceu na cidade mineira de Manhuaçu, na Zona da Mata, e mora em Ouro Preto, na Região Central do estado, começaram no domingo, com militares dos bombeiros do Espírito Santo e Minas, além de funcionários do parque. Cães farejadores e até um helicóptero têm sido usados na varredura, mas não foram encontradas pistas do professor, que estava agasalhado e com suprimentos. As temperaturas na região chegaram a ficar abaixo de zero.

RB


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