Jornal Estado de Minas

Zoológico de BH adota medidas especiais para proteger animais do frio

Dragão-barbudo também conta com aquecimento por uma lâmpada que emite radiação infravermelha - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESSO clima gelado deste mês em Belo Horizonte, inclusive com o registro de 6,1 graus de temperatura, a mais baixa dos últimos 42 anos na capital mineira, não trouxe frio apenas para as pessoas, que tiraram luvas, gorros, cachecóis e casacos dos armários.

A derrubada nos termômetros fez com que os responsáveis por uma população de mais de 4 mil indivíduos tomassem medidas específicas para garantir o bem-estar dos moradores do zoológico de BH, especialmente os répteis e mamíferos. Com lâmpadas especiais, aquecedores, feno e abrigos, os animais estão mais confortáveis neste período de frio intenso na capital mineira, que volta com força a partir de hoje, com temperaturas entre 9 e 10 graus até domingo, de acordo com o Instituto PUCMinas/TempoClima. Com a chegada das férias escolares, o zoológico voltou a ser aberto também às quintas-feiras para visitação pública, desde ontem (leia texto nesta página).

Entre os grupos de aves, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos, o frio do inverno motiva uma atenção especial aos répteis, que somam 259 indivíduos de 18 espécies nativas do Brasil e oito exóticas, de outros países. Segundo o biólogo da Fundação Zoobotânica (FZB) Luiz Eduardo Coura, isso ocorre porque a temperatura interna do corpo dos répteis varia de acordo com o ambiente em que eles estão.

“Se eles estiverem em um ambiente muito frio, a temperatura vai cair a um ponto que pode se tornar perigoso para eles, ocasionando eventualmente até o óbito. Isso tem uma série de outras consequências no comportamento. Eles podem deixar de comer, pode dificultar a digestão, então os répteis precisam dessas temperaturas ótimas para que todos os processos fisiológicos ocorram de maneira otimizada”, diz o especialista. Serpente se enrola em toca que conta com aquecimento no piso e também é forrada com feno, para isolar temperatura - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS

Para garantir as condições favoráveis a esse grupo de animais, três medidas são implementadas no frio.
Parte do piso dos recintos é aquecido por meio de um sistema de serpentinas com controle de temperatura, os tratadores colocam feno para tentar isolar os ambientes e lâmpadas especiais que emitem radiação infravermelha como fonte de calor também são instaladas. É o caso do local onde estão a iguana-verde e o dragão-barbudo, animal típico da Austrália.

O biólogo Luiz Eduardo explica que é importante a fonte de calor para garantir diferentes possibilidades ao animal, e não apenas um ambiente que seja quente o tempo todo. “Essa variação de temperatura é o trunfo. Não adianta só colocar calor no ambiente. Você tem que deixar o animal escolher onde ele quer ficar, proporcionando para ele tanto pontos frios quanto pontos quentes e todo esse gradiente entre os dois  extremos de temperatura”, acrescenta o biólogo da FZB.

É bem comum encontrar também entre os répteis muito feno nos abrigos. O produto garante isolamento de temperatura.
No caso das serpentes, por exemplo, o piso do abrigo é aquecido e os tratadores colocam o feno por cima desse espaço, possibilitando que elas fiquem entre o feno e a placa. O piso aquece e o feno isola o ambiente para que ele se mantenha quente. A reportagem observou dois animais da espécie Python reticulatus nessas condições. O abrigo do monitor-do-nilo, um dos maiores lagartos da África, também foi preparado nas mesmas condições. Luiz Eduardo ainda lembra que o ideal é monitorar de perto todas as espécies nessas condições de frio, para observar os hábitos e saber o momento certo de tomar as medidas mais enérgicas, como o aquecimento das placas e o acionamento das lâmpadas, que têm 250 watts de potência.

O biológo Luiz Eduardo Coura explica que a temperatura interna dos répteis varia de acordo com o clima externo, por isso é importante fornecer pontos de calor para esses animais durante o frio - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS
MAMÍFEROS
O período de frio também exige atenção especial aos animais da seção dos mamíferos, que são 137 indivíduos de 43 espécies, das quais 29 do Brasil e 14 exóticas. Segundo a bióloga da FZB Valéria Pereira, é muito importante que esses animais tomem sol, por isso algumas medidas preventivas são essenciais. “Temos que limpar a vegetação que estiver bloqueando a entrada da luminosidade para que eles tomem sol durante o dia. Também colocamos muito feno nas camas e abrigos”, afirma.
Outra questão muito importante é a alimentação. Diferente dos répteis, os mamíferos comem mais nesse período, portanto os biólogos dão atenção especial à dieta desses bichos e o tempo todo fazem contato com a cozinha para solicitar mais alimentos. Alguns animais, como os pequenos primatas, buscam mais as áreas de abrigo. Locais fechados onde os bichos ficam trancados no momento de limpeza ou tratamento também são muito procurados por eles nesse período.

Novo horário

Desde ontem, a Fundação Zoo-Botânica (FZB) de BH passou a abrir para a visitação do público de quinta a domingo, das 8h às 16h, com permanência até as 17h. Esse funcionamento se estenderá até o fim do mês.A expectativa é de que, no próximo mês, com o início do contrato com a empresa terceirizada Colabore, vencedora da licitação de prestação de serviços de mão de obra, homologada no dia 6, os espaços da FZB (Zoológico, Jardim Botânico, Aquário e Parque Ecológico da Pampulha) voltem a funcionar normalmente de terça a domingo. Esse esquema de funcionamento foi alterado em abril, com o fim do contrato de prestação de serviço vigente até aquela data.


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