A aprovação de uma lei que criminalize a homofobia, um conselho estadual para debater seus direitos, mais respeito e dignidade para a população gay. Esse foi o recado da 20ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte que, entre cores e brilho, reuniu quase 100 mil pessoas ontem nas ruas da capital, segundo os organizadores. O dia foi de festa, mas também de muitas cobranças por políticas públicas e por menos discriminação.
O direito de existir como é e ser vista foi o que levou a drag queen Bélgica, de 24 anos, à Praça da Estação, onde se concentrou a parada. É a segunda vez ela vai montada em uma manifestação pelos direitos dos LGBTs. “Viemos valorizar o público LGBT, mostrar essa diversidade que é tão maravilhosa. Esse é o momento em que as pessoas conseguem ser o que são sem medo, pois temos a parada como escudo”, afirmou Bélgica.
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Para o coordenador da Parada, Azilton Viana, apesar das cores e purpurinas, o principal recado é mostrar a importância de um grupo que ainda precisa lutar por sua cidadania. “A alegria faz parte mas é um momento de reivindicação e visibilidade”, disse. O principal pleito, segundo Azilton, é pela aprovação de uma lei que criminalize a homofobia, o que há mais de 10 anos o grupo tenta e não consegue.
No estado, o grupo espera que a proposta de criação do conselho estadual LGBT, enviada pelo governador Fernando Pimentel (PT) no mês passado à Assembleia, seja aprovada. “A gente ainda é considerado cidadão de segunda classe, como se quiséssemos destruir a família, há um discurso e ódio. Por isso nossa luta para garantir cidadania”, disse.
PROTESTO O grito de Fora Temer, incentivado pelos discursos políticos no palco, também tomou a Praça da Estação. Os discursos também foram pelas Diretas Já, em defesa da aprovação de uma emenda que permita eleição direta para presidente em caso de afastamento no último ano de mandato.
O prefeito Alexandre Kalil (PHS), primeiro em 20 anos a participar da Parada LGBT de BH, subiu ao palco e disse que pretende transformar o evento em BH no maior do país pelos direitos da população LGBT, dentro dos próximos quatro anos. O político, que classificou a discriminação de “ignorância”, prometeu participar da parada todos os anos.
Kalil, porém, não adiantou que políticas seu governo terá, além da criação de uma coordenadoria dos direitos da população LGBT. “Vim falar que essa gente não faz mal a ninguém, esse povo é bacana. Eu tenho na minha família, todo mundo tem, o que faz mal não é esse pessoal não, o que faz mal é roubar, é matar, é ser violento, nós temos que tratar e proteger.
O tema da parada deste ano foi “Família e direitos: nossa existência é singular, nossa resistência é plural”. Representando cada ano de mobilização, 20 drag queens se revezaram no palco, que animou a manifestação com 19 atrações. Da praça da Estação, o grupo desfilou pelas ruas de BH até a Praça Raul Soares, onde continuaram os shows. .