Jornal Estado de Minas

Parque da Serra do Rola-Moça ganha centro para visitantes

Logo na entrada, um jardim com plantas nativas dá as boas-vindas: sobre a canga de minério estão orquídeas em flor, mais adiante, delicadas bromélias e, de porte maior, a canela-de-ema, que cresce apenas um centímetro por ano. Caminhando poucos metros, admirando também os minúsculos cactos sobre o campo rupestre ferruginoso, chega-se ao Centro de Visitantes do Parque Estadual Serra do Rola-Moça, unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) na Região Metropolitana de Belo Horizonte e, desde ontem, equipamento fundamental para receber pessoas de todas as idades. Não bastasse a beleza da região, ondulada pelas montanhas, o local é ótima pedida para as férias escolares e conta agora com a estrutura para dar mais conforto e atenção a quem chega.

“Muito mais do que dar informações sobre a Serra do Rola-Moça, queremos mostrar a necessidade de conservação e ressaltar o pertencimento de todos em relação ao local”, diz o gerente técnico do parque, o biólogo Marcus Vinícius de Freitas, que participou da inauguração, às 10h. O Centro de Visitantes fica em Nova Lima, na Grande BH, embora o parque com 4 mil hectares se distribua também por terras na capital, Brumadinho e Ibirité. O acesso é pela Avenida Montreal, no Bairro Jardim Canadá, na saída para o Rio de Janeiro (rodovia BR-040). De acordo com informações do IEF, órgão vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é o terceiro maior em área urbana do país.

Com 710 metros quadrados de área construída, em estrutura metálica, e outros componentes a céu aberto, como auditório, com 45 lugares, cinema e anfiteatro ao ar livre, o Centro foi erguido graças a uma medida compensatória da Mina Capão Xavier da mineradora Vale. Além do auditório, os visitantes terão à disposição lanchonete e loja, que serão alvo de licitação, escritório, banheiro com acessibilidade, estacionamento e local para exposições. No momento, estão em cartaz fotografias de Evandro Rodney, que captou as belezas de unidades estaduais de conservação.

ÁREA DE TRANSIÇÃO Localizado em área de transição entre o cerrado e a mata atlântica, o parque é presa fácil de dois inimigos que chegam sem avisar: a retirada ilegal de plantas, como as orquídeas, para venda nas ruas de BH, e incêndios, que põem em risco planta de extrema fragilidade.
De março até agora, conforme levantamento da direção da unidade de conservação, já houve 16 ocorrências de focos, nos dias 30 e 31 de março, 1º (dois), 3, 5, 13, 15, 21 e 24 de abril, 4, 25 e 30 de maio e 10 de junho e mais dois no último domingo. “A maioria dos incêndios é sempre de origem criminosa, há raros casos decorrentes de raios”, explica o gerente, destacando que a época crítica para o fogo vai de junho a outubro.

Uma parte do piso, em forma de peixinho, foi pavimentada com rejeitos de mineração. É por esse caminho charmoso que se chega ao anfiteatro, emoldurado pela canga de minério e com uma tela branca, nos fundos do prédio principal. “Aqui poderemos ter uma série de atividades culturais, como Power Point, projeção de filmes e outras”, afirma Freitas. Sempre de olho na preservação do meio ambiente, o gerente afirma que houve pouco corte de vegetação, sendo que duas árvores foram incorporadas ao espaço pelos quatro arquitetos que fizeram o projeto. “O Centro de Visitante é um equipamento fundamental em todas as unidades de conservação e a construção era aguardada há muito tempo”, resume Freitas. O custo da edificação foi de R$ 7 milhões.

VERDE E POESIA De acordo com informações do IEF, o Serra do Rola-Moça é uma das mais importantes áreas verdes de Minas, abrigando alguns dos mananciais que abastecem a capital.
O nome curioso da unidade de conservação tem história imortalizada pelo paulista Mário de Andrade (1893-1945) em um poema que relata a história de um casal que, logo após a cerimônia de casamento, cruzou a Serra de volta para o lar. No caminho, o cavalo da moça escorregou no cascalho e caiu no fundo do grotão. O marido, desesperado, esporou seu cavalo ribanceira abaixo e “a Serra do Rola-Moça, Rola-Moça se chamou”.

Criada em 27 de setembro de 1994, a unidade de conservação é hábitat de espécies da fauna ameaçadas de extinção como a onça- parda, a jaguatirica, lobo-guará, o gato-do-mato, o macuco e o veado-campeiro. A vegetação diversificada proporciona ao parque um colorido especial e um relevo peculiar, sendo encontradas espécies como orquídeas, bromélias, candeias, jacarandá, cedro, jequitibá, arnica e a canela-de-ema, que se tornou o símbolo da área. Recentemente descrito pela geologia, o Campo Ferruginoso é muito raro, sendo encontrado apenas em Minas, no Quadrilátero Ferrífero, e em Carajás, no Pará.

Rico em águas, o Serra do Rola-Moça abriga seis importantes mananciais – Taboões, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina – declarados pelo governo estadual como Áreas de Proteção Especial. Segundo especialistas, eles garantem a qualidade dos recursos hídricos que abastecem parte da população da Grande BH.

SERVIÇO

Parque Estadual Serra do Rola Moça

Entrada: pela Avenida Montreal, no Jardim Canadá, em Nova Lima, na Grande BH. O acesso se dá pela rodovia BR-040, sentido Rio de Janeiro
Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h – Informações pelos telefones (31) 3581-3523 e 3581-3782 (grupos devem marcar com antecedência)
Entrada franca.