Os moradores de São Romão, no Norte de Minas, contam os dias para ter de volta a imagem de São Miguel Arcanjo, furtada da Matriz do Divino Espírito Santo há cerca de 20 anos. Por decisão da Justiça, a escultura com 1,07 metro de altura, em madeira policromada e atualmente no Museu Mineiro, em Belo Horizonte, sob guarda do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), voltará ao templo, embora a segurança seja um sério empecilho para exposição pública do objeto de fé e a data da volta ainda não esteja marcada. “Estamos felizes e procurando os meios para obter os recursos e pôr os equipamentos necessários, como alarme, na igreja”, diz o administrador paroquial padre Gilmar Rodrigues.
A imagem estava incluída na lista de peças sacras sub judice, segundo informa a titular da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC)/Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Giselle Ribeiro de Oliveira. Em Minas, há 216 aguardando decisão judicial para voltar aos locais de origem, e o número pode ser maior, já que os dados são enviados pelas comarcas do interior do estado. O levantamento mais recente da CPPC mostra que há 730 peças sacras desaparecidas de igrejas, capelas, museus e prédios públicos e procuradas pelas autoridades mineiras, enquanto 282 foram devolvidas à sociedade, em 14 anos de campanha para resgate dos bens culturais – muitas retornaram às igrejas e outras ficam sob guarda de instituições culturais por determinação judicial.
De acordo com o processo, “considerando a comprovação da procedência da imagem de São Miguel Arcanjo, acauteladas no Museu Mineiro, como originária da Igreja Matriz de São Romão, município de São Romão (MG), o MPMG requereu, no bojo dos autos, autorização para que o Iepha, depositário fiel do bem, promova a restituição da peça sacra à diocese de Januária, mediante recibo que deverá ser juntado, posteriormente, a esses autos, devendo a diligência de transporte ser realizada pelo Iepha e sob supervisão de autoridade policial”.
FESTA Na tarde de ontem, por telefone, o padre Gilmar disse que será feita uma festa para recepcionar a imagem de São Miguel Arcanjo, que deverá ficar num altar do templo. “Agora, vamos fazer o que for necessário para instalar os equipamentos de segurança. Por enquanto, não dá para ficar exposta”, disse, admitindo que a igreja está do mesmo jeito que antes, ou seja, sem vigilância adequada.
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Em Minas, 730 peças sacras foram levadas de igrejas, capelas e museusCampanha tenta resgatar bens desaparecidos de igrejas, capelas e museus de MinasCasarão onde inconfidentes se reuniam em Conselheiro Lafaiete é restauradoÀ frente da CPPC há seis meses, a promotora de Justiça Giselle Ribeiro de Oliveira explica que a campanha continua ativa e ganhou o reforço das redes sociais, facilitando as denúncias. “O MPMG mantém o blog (patrimoniocultural.blog.br. mpmg) com um banco de dados atualizado constantemente, disponível à população, e estamos reestruturando a exposição itinerante sobre o assunto”, disse.
HISTÓRIA Nascida no século 17, São Romão foi fundada com o nome de Santo Antônio da Manga, sendo os primeiros habitantes os índios caiapós que viviam numa ilha que divide o Rio São Francisco. Mais tarde, formou-se o arraial entre os rios Urucuia, Paracatu e Ribeirão da Conceição.
Para denunciar
Quem tiver informações sobre peças desaparecidas pode acionar:
Ministério Público de Minas Gerais
E-mail: cppc@mpmg.mp.br e telefone (31) 3250-4620. Pode também enviar correspondência para Rua Timbiras, 2.941, Bairro Barro Preto, Belo Horizonte. CEP 30.140-062. Também está disponível o blog patrimoniocultural.blog.br. mpmg
Iphan
Para obter ou dar informações, basta acessar o site www.iphan.gov.br e verificar o banco de dados de peças desaparecidas.
Iepha/MG
Pelo site www.iepha.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3235-2812 ou 2813 .