Basta olhar para o alto para ver que o tom do inverno mudou, ganhou mais vida, cor. A copa dos ipês dá o ar de sua graça e algumas chegam quase a brilhar em vários pontos de Belo Horizonte: nesses dias de manhãs frias, é a vez do rosa, que inunda praças, avenidas e ruas de bairros por todas as regionais.
Depois, virá o amarelo, típico de agosto, dominando a paisagem urbana e também as matas dos arredores. Finalmente, chegará o branco, anunciando a proximidade da primavera. “Mas, desses, temos poucos na cidade, alguns aqui no câmpus da Pampulha”, diz o botânico Fernando Augusto Silveira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo ele, as florações em Belo Horizonte são bem sequenciadas e agora a predominância é mesmo do rosa, conforme atestou a equipe do Estado de Minas. Por todo canto é comum ver moradores e visitantes em férias tirando fotos, fazendo selfies e comentando: “Que beleza!”.
Passando uns dias em BH, o economista Milton Daemon, e a mulher, Beatriz, arquiteta, residentes no Rio de Janeiro, apreciaram o que viram. “Achei o máximo tanta árvore florida na vias urbanas.
No Rio não temos isso, há mais nos parques e no Aterro do Flamengo”, disse Beatriz, ao sair de uma padaria na esquina das avenidas Afonso Pena e Getúlio Vargas, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul. Ao posar para a foto, o casal se encantou com o azul do céu, o verde das árvores e o tom dos ipês.
Na Avenida Afonso Pena, perto da Rua Professor Moraes, a estudante de direito Gabriela Fidelis, de 22 anos, moradora do Bairro Cruzeiro, confessou que o ipê-rosa é seu exemplar preferido na cidade. “Traz alegria e calma”, resume.
Para a jovem, que na tarde de ontem admirou o Sol batendo na copa das árvores e depois no para-brisa dos carros, a combinação de céu azul e pétalas é perfeita.
Símbolo
O botânico Silveira diz que o inverno, ao que tudo indica, não interfere na profusão de flores nesta estação. Tecnicamente, informa, a floração é controlada pela temperatura, chuva e duração dos dias, que são mais curtos no inverno.
Árvore símbolo do Brasil, o ipê-amarelo é mais facilmente identificado pela população. “Para mim, é o mais bonito, tem mais a cara o país”, diz um estudante.
Mesmo já perdendo as flores em algumas ruas, as estrelas da estação mantêm a beleza e a elegância, criando um tapete sobre grama e ruas com as pétalas que giram no ar, como piorras, e vão caindo.
O certo mesmo é que, em todos os bairros, pessoas de todas as gerações enaltecem o valor das árvores para humanizar o meio urbano, atrair pássaros, embelezar o ambiente e reduzir o estresse.
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, BH tem 27,1 mil ipês ou 9% do total das árvores cadastradas na cidade, sendo a maioria deles da cor rosa.
O arquiteto e urbanista Júlio De Marco, da secretaria, explica que há nove espécies de ipê na capital – a maioria nativa da região Sudeste, principalmente. Todos os que fazem parte da área pública são parte de um projeto de paisagismo, acrescenta, “e foram trazidos para esses pontos com a intenção de provocar esse espetáculo”.
As avenidas Afonso Pena, Getúlio Vargas e Contorno são alguns dos palcos desse show da natureza. Júlio De Marco afirma que os ipês-rosas florescem sempre depois de uma onda de frio. Depois dessa explicação, quem tem passado os últimos dias em Belo Horizonte entende bem o porquê de tantas flores.