Diante da retirada das cancelas, por exemplo, motoristas são flagrados a qualquer horário transitando pela via, em meio aos pedestres. Um deles, que entrou com uma van na pista de cooper na altura da Avenida Mem de Sá, admitiu. “Entrei porque não vi nenhuma placa sinalizando que é aqui é uma pista de caminhada e não pode passar carro. Só me dei conta quando vi as pessoas andando e correndo. Falta uma placa na Andradas, informando que não é permitido o tráfego de veículos”, disse o motorista profissional João Carlos Costa, de 41, que veio de Caeté, na Grande BH, e procurava por um vaga para estacionar seu veículo na Andradas.
Em outra ocasião, à noite, a reportagem flagrou um veículo de passeio passando pela pista, tentando acesso à Avenida do Contorno. Como o trecho final de um dos lados da via é fechado, na altura do Shopping Boulevard, o condutor refez todo o trecho de volta, passando pela pista reservada a ciclistas.
Um dos comerciantes que trabalham no local, que pediu para não ser identificado, fez um panorama dos problemas. Segundo ele, são inúmeros os veículos que tentam passar ou até mesmo invadem a pista. “Tem motorista de aplicativo que chega completamente perdido, gente que vem de carro para se exercitar, tem motorista que está indo para o Bairro Santa Tereza e acha que dá para passar por aqui... Faz uns dois meses que isso piorou e coincide justamente com a retirada das barreiras”, afirmou. Ele disse ainda que a questão da segurança melhorou com a presença de policiais militares e guardas municipais, mas que assaltos ainda ocorrem. Ainda segundo o comerciante, as sinalizações de distâncias da pista e a pintura de marcações no solo estão deficientes.
Atento também às necessidades da pista de caminhada, o autônomo Cláudio de Souza, de 51, morador do Bairro Floresta, alerta para o perigo de atropelamentos sem as cancelas. “A pista é nossa, de quem vem fazer atividade física. Não é um espaço para trânsito de veículos. Essas cancelas têm que voltar, porque os motoristas passam dirigindo em alta velocidade e intimidam as pessoas, que frequentemente se assustam”, relata. Ele ainda lembra que há no início da pista, na esquina com Rua Pitangui, uma placa de trânsito indicando para virar à direita. “Mas sem as cancelas, os veículos têm seguido livremente”, disse.
Sobre a segurança, Cláudio destaca outro problema que vai além da ocorrência de assaltos no local: as vigas quebradas no muro da linha férrea, que separa a pista da área dos trilhos. São muitos os pontos onde há aberturas que, segundo a própria Polícia Militar, precisam ser fechadas para coibir a prática de delitos no trecho. “Essas passagens funcionam como rota de fuga para pessoas que cometem crimes na pista de cooper. Eles atacam caminhantes na via e fogem para o outro lado, no Santa Tereza. É um problema que precisa ser revolvido, pois interfere na segurança”, afirma o major Alisson Câmara, comandante da 20ª Cia da PM, responsável pelo policiamento na região.
Corrida de obstáculos
Confira o que cada órgão diz sobre os problemas da pista de caminhada da Avenida dos Andradas
Segurança
A Guarda Municipal de Belo Horizonte afirmou que realiza rondas preventivas na extensão da pista de caminhada da Avenida dos Andradas, com passagens periódicas pelo local, porém sem ponto fixo de permanência. Segundo a corporação, os agentes foram orientados, desde a última sexta-feira, a redobrar as atenções no espaço. “Os esforços serão feitos no sentido de proporcionar aos usuários maior sensação de segurança", informou a corporação, em nota. Comandante da 20ª Companhia do 16º Batalhão da PM, responsável pelo trecho, o major Alisson Claudino Câmara diz que houve reforço no policiamento, com militares transitando a pé e também com viaturas no trecho. Segundo ele, após essa medida e, com emprego do policiamento em horário alternados, as ações criminosas diminuíram. Um grupo de adolescentes que praticava roubos de bicicletas na pista de caminhada foi identificado e apreendido três vezes, segundo ele, o que resultou no fim desse tipo de crime. Segundo o comandante, a Andradas é uma das áreas prioritárias de policiamento.
Moradores de rua
A Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social informou manter, em todas as regionais da cidade, o Serviço de Abordagem Social que, por meio das equipes multidisciplinares (assistentes sociais e psicólogos) acompanha pessoas em situação de rua no município (foto abaixo). Sobre o caso específico, dos moradores que estão na Avenida dos Andradas, no cruzamento com Silviano Brandão, foi feita solicitação à Regional Leste para saber se há algum registro ou relatório.
Lâmpadas queimadas
A Bhip, concessionária de iluminação pública do município de Belo Horizonte, informou na última sexta-feira, que não havia solicitações de manutenção abertas para o local, mas que uma equipe foi mobilizada para a checagem do endereço, em até 24 horas. Orientou ainda que, em casos de não funcionamento, lâmpadas oscilando ou braço da luminária quebrado, o cidadão deve acionar a empresa por meio do site www.bhip.com.br, pelo telefone 0800 941-6789, ou pelo aplicativo Bhip para smartphones.
Vigas da linha férrea quebradas
A VLI, empresa que administra a Ferrovia Centro-Atlântica, informou que realiza periodicamente a manutenção nos muros existentes ao longo da ferrovia. Na extensão da Avenida dos Andradas, a empresa diz ter feito no fim de 2016 a recuperação de 32 perfis de concreto que haviam sido quebrados. Entretanto, novos atos de vandalismo danificaram novamente as estruturas (foto abaixo). Na tentativa de coibir esse tipo de ação, a VLI mantém uma equipe de vigilância que faz rondas na região, e, em conjunto com a Polícia Militar, aborda suspeitos no local. A empresa, no entanto, não confirmou a manutenção nos trechos atualmente danificados.