O número de pessoas vivendo nas ruas de Belo Horizonte voltou a aumentar no primeiro semestre de 2017. Dados divulgados ontem pela Secretaria Municipal de Políticas Sociais, durante balanço de seis meses da gestão do prefeito Alexandre Kalil (PHS), mostram que essa parcela da população cresceu em 31% desde janeiro. Atualmente, são 4.553 pessoas sem teto nas vias de BH, 63% do total na Região Centro-Sul. O balanço da administração municipal divulgou também dados relativos às secretarias de Saúde, de Segurança Urbana e Patrimonial e de Serviços Urbanos de BH, e resultou ainda em um ultimato aos ambulantes que insistem em continuar nas ruas do Centro da capital, além da divulgação de resultados setoriais, como a redução de 18,7% nos roubos no transporte coletivo, devido à presença de guardas municipais em ônibus. Veja quais foram os dados apresentados nas áreas da saúde, segurança e serviços urbanos.
Em relação à população de rua, a secretária de Políticas Sociais, Maíra Colares, anunciou que a prefeitura deve construir uma unidade de acolhimento na Avenida Paraná, Centro da capital, com cerca de 120 vagas. “Estamos em processo administrativo para contratação da nova unidade. As intervenções de reforma já estão sendo concluídas para, ainda no segundo semestre, inaugurarmos”, afirmou. O local escolhido é considerado estratégico, por ser convergência de vários pontos frequentados pela população de rua.
Atualmente, há cerca de 900 vagas de acolhimento na capital, nas modalidades casas de passagem, abrigos e condomínios sociais. Elas se dividem entre 400 vagas no Abrigo Tia Branca, 200 no Abrigo São Paulo, 28 cômodos para cerca de 90 pessoas no Abrigo Pompeia, 20 cômodos para 60 pessoas no Abrigo Granja de Freitas, além de 124 vagas no Abrigo Reviver e Fábio Alves. São feitas, em média de 120 abordagens por dia nas nove regionais da cidade.
De acordo com a secretária, outra inciativa será a contratação de 15 arte-educadores, para facilitar o estabelecimento de vínculos com a população de rua. Nas equipes de abordagem social, compostas de assistentes sociais e psicólogos, a administração deve colocar oito educadores com trajetória de rua, para facilitar essa aproximação. O plano municipal consiste ainda em um projeto chamado “Convivendo no Parque”, com o intuito de identificar e mobilizar atores institucionais presentes no Parque Municipal, de forma a facilitar a inclusão. A prefeitura pretende ofertar também 80 vagas para qualificação profissional de moradores de rua, no Mercado da Lagoinha, por meio de cursos de gastronomia e panificação.
A Secretaria de Políticas Sociais traçou um perfil dos moradores de rua da capital: 98% são homens, 83% se autodeclararem negros ou pardos, 95% são considerados analfabetos, 63% têm apenas o ensino fundamental e 92% vivem em situação de extrema pobreza, com renda per capita de R$ 85. Do total, 31% passaram a viver nas ruas há no máximo seis meses, 59% a menos de dois anos e 26% de cinco a 10 anos. Entre as pessoas ouvidas pelo município, 30% apontam problemas familiares como principal motivo para sair de casa.
NA PRÁTICA O levantamento da prefeitura traduz em números o avanço de um problema social que é notado no dia a dia por quem transita por Belo Horizonte. Na cidade, é cada vez maior o número de estruturas improvisadas que abrigam pessoas sob marquises de prédios, viadutos e nas calçadas.
Retirar esses sem-teto das ruas, porém, não será tarefa fácil para a prefeitura. Com um barraco montado há um ano e cinco meses na Rua Gonçalves Dias próximo à Praça da Liberdade, Antônio Haroldo de Castro, de 58 anos, é uma das muitas pessoas que foram viver ao relento após um conflito em família. O homem, no entanto, não aceita ir para unidades de acolhimento oferecidas pelo município. “A coisa que eu mais detesto é falar para ir para esses albergues. O tratamento não é bom, o alimento não é bom. Aqui eu vivo bem, ganho minhas gorjetas olhando carro”, contou ele, mostrando detalhes do barraco onde vive e a panela em que costuma cozinhar diariamente.
Vizinho de Antônio e famoso entre os frequentantes da Praça da Liberdade, o vendedor de balas Fábio Daniel, de aparentes 50 anos, disse que ajudou muitas pessoas a deixar as ruas, mas ele mesmo se nega a ir para uma unidades de acolhimento. “Chega lá, você só vê gente falando de morte, que matou gente para lá e para cá. Quando alguém entra lá, é igual prisão, sai pior que vagabundo. Eles não conseguem atender todo mundo da maneira correta”, acredita O homem, que passou a viver nas ruas há um ano, depois de perder a mulher. (*Estagiário sob supervisão do editor André Garcia)
Em relação à população de rua, a secretária de Políticas Sociais, Maíra Colares, anunciou que a prefeitura deve construir uma unidade de acolhimento na Avenida Paraná, Centro da capital, com cerca de 120 vagas. “Estamos em processo administrativo para contratação da nova unidade. As intervenções de reforma já estão sendo concluídas para, ainda no segundo semestre, inaugurarmos”, afirmou. O local escolhido é considerado estratégico, por ser convergência de vários pontos frequentados pela população de rua.
Atualmente, há cerca de 900 vagas de acolhimento na capital, nas modalidades casas de passagem, abrigos e condomínios sociais. Elas se dividem entre 400 vagas no Abrigo Tia Branca, 200 no Abrigo São Paulo, 28 cômodos para cerca de 90 pessoas no Abrigo Pompeia, 20 cômodos para 60 pessoas no Abrigo Granja de Freitas, além de 124 vagas no Abrigo Reviver e Fábio Alves. São feitas, em média de 120 abordagens por dia nas nove regionais da cidade.
De acordo com a secretária, outra inciativa será a contratação de 15 arte-educadores, para facilitar o estabelecimento de vínculos com a população de rua. Nas equipes de abordagem social, compostas de assistentes sociais e psicólogos, a administração deve colocar oito educadores com trajetória de rua, para facilitar essa aproximação. O plano municipal consiste ainda em um projeto chamado “Convivendo no Parque”, com o intuito de identificar e mobilizar atores institucionais presentes no Parque Municipal, de forma a facilitar a inclusão. A prefeitura pretende ofertar também 80 vagas para qualificação profissional de moradores de rua, no Mercado da Lagoinha, por meio de cursos de gastronomia e panificação.
A Secretaria de Políticas Sociais traçou um perfil dos moradores de rua da capital: 98% são homens, 83% se autodeclararem negros ou pardos, 95% são considerados analfabetos, 63% têm apenas o ensino fundamental e 92% vivem em situação de extrema pobreza, com renda per capita de R$ 85. Do total, 31% passaram a viver nas ruas há no máximo seis meses, 59% a menos de dois anos e 26% de cinco a 10 anos. Entre as pessoas ouvidas pelo município, 30% apontam problemas familiares como principal motivo para sair de casa.
NA PRÁTICA O levantamento da prefeitura traduz em números o avanço de um problema social que é notado no dia a dia por quem transita por Belo Horizonte. Na cidade, é cada vez maior o número de estruturas improvisadas que abrigam pessoas sob marquises de prédios, viadutos e nas calçadas.
Retirar esses sem-teto das ruas, porém, não será tarefa fácil para a prefeitura. Com um barraco montado há um ano e cinco meses na Rua Gonçalves Dias próximo à Praça da Liberdade, Antônio Haroldo de Castro, de 58 anos, é uma das muitas pessoas que foram viver ao relento após um conflito em família. O homem, no entanto, não aceita ir para unidades de acolhimento oferecidas pelo município. “A coisa que eu mais detesto é falar para ir para esses albergues. O tratamento não é bom, o alimento não é bom. Aqui eu vivo bem, ganho minhas gorjetas olhando carro”, contou ele, mostrando detalhes do barraco onde vive e a panela em que costuma cozinhar diariamente.
Vizinho de Antônio e famoso entre os frequentantes da Praça da Liberdade, o vendedor de balas Fábio Daniel, de aparentes 50 anos, disse que ajudou muitas pessoas a deixar as ruas, mas ele mesmo se nega a ir para uma unidades de acolhimento. “Chega lá, você só vê gente falando de morte, que matou gente para lá e para cá. Quando alguém entra lá, é igual prisão, sai pior que vagabundo. Eles não conseguem atender todo mundo da maneira correta”, acredita O homem, que passou a viver nas ruas há um ano, depois de perder a mulher. (*Estagiário sob supervisão do editor André Garcia)