Funcionários de diferentes unidades de saúde de Belo Horizonte e cidades do interior de Minas participaram de um protesto nesta terça-feira contra o fechamento da Unidade Ortopédica Galba Veloso (UGOV), anunciado na última semana pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). Pacientes já não são mais encaminhados ao local desde o anúncio. Mais de 300 pessoas participaram do ato. Na quinta-feira, uma nova reunião foi marcada para discutir o assunto. Há a possibilidade de o fechamento ser adiado.
O anúncio do fechamento da unidade foi feito devido a um acordo entre a Fhemig e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A Promotoria de Saúde entrou com uma ação civil pública contra a fundação em 2013, depois de receber laudos da Vigilância Sanitária que apontavam irregularidades. Segundo o órgão, um acordo para o fechamento foi feito, pois foi definido que não havia como fazer correções no imóvel.
A decisão revoltou funcionários. “É importante dizer que a unidade realiza de 280 a 300 cirurgias por mês e o ambulatório atende aproximadamente mil usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O fechamento significa uma superlotação do Hospital João XXIII e outras unidades”, afirma Neusa Freitas, diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG). Dados da entidade mostram que os atendimentos na unidade vêm aumentando nos últimos quatro anos. Em 2013, eram pouco mais de 700. Atualmente a média superava os 800 atendimentos.
Na manhã desta terça-feira, aproximadamente 300 trabalhadores fizeram manifestação em frente ao prédio da Fhemig, localizado na Alameda Vereador Álvaro Celso, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Fizemos uma manifestação e nos reunimos com os trabalhadores. Depois, fomos chamados pelo presidente da Fhemig, que simplesmente falou que mantém o fechamento da unidade hospitalar”, comentou Neusa Freitas.
Segundo ela, os trabalhadores afirmaram que não vão deixar a unidade. O Sind-Saúde também pretende protocolar na tarde desta terça-feira na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), uma solicitação de audiência pública em caráter emergencial.
O presidente da Fhemig afirma que o acordo foi feito na gestão passada e venceu em janeiro. “Antes de 2013, os funcionários reclamaram sobre as condições do Galba Ortopédico. Em 2016, houve uma decisão dando 12 meses para a Fhemig se adequar, porém os custos eram pesados e teria que haver um grande investimento. Com dificuldade financeira, a Fhemig não conseguiu cumprir no prazo, que findou em janeiro deste ano. Por isso, foi feito o acordo de que passados seis meses, se não fosse feita a adequação, ocorreria o fechamento”, explicou.
Na próxima quinta-feira, uma audiência será realizada entre a Promotoria de Saúde, a Fhemig, o Sind-Saúde e o Conselho Estadual de Saúde para discutir a situação. “Acordamos fazer uma reunião para tratar do assunto. Se efetivar o fechamento, queremos que seja de forma planejada, não trazendo prejuízos para os pacientes, pois colocaríamos as demandas nos hospitais Maria Amélia Lins ou no João XXIII. Como o acordo já está firmado, não temos a governabilidade de não fechar, é uma decisão do Ministério Público, mas nada impede que a gente possa alinhar prazos e novas conversas. Minha esperança é estender o prazo para fazer de forma planejada”, afirma o presidente da Fhemig.
De acordo com a fundação, os trabalhadores serão absorvidos por outras unidades da rede, assim com as cirurgias. Nesta terça-feira, ainda há 10 pacientes internados, sendo que quatro aguardam procedimentos cirúrgicos e seis estão em tratamento de infecção. A Fhemig esclarece que desde a última semana não são encaminhados pacientes para a unidade ortopédica.
(RG)