Para reduzir o sofrimento e melhorar a autoestima dos pacientes, acrescentou Maria Aparecida, o projeto propõe a arrecadação, que contou com equipe profissional para fazer os cortes na hora, mediante assinatura de um termo de autorização do voluntário. A campanha vai continuar e quem quiser pode levar o cabelo (veja o quadro com orientações) à faculdade, que fica na Avenida Professor Alfredo Balena, 190, térreo (sala 83), das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h. Os fios serão encaminhados a uma empresa especializada, que, sem custos, confeccionará as perucas. Depois, elas serão entregues a pacientes do Hospital das Clínicas/UFMG, a partir de seleção feita com os setores de hemoterapia e oncologia.
DOAR NÃO DÓI Depois de preencher uma ficha, numa tenda em frente ao Diretório Acadêmico, os voluntários louros, ruivos, castanhos ou de cabelos pretos esperavam o momento de fazer o corte, a cargo de uma equipe comandada pelo especialista Kleisson Charles. “Tivemos que reforçar o grupo, que era de quatro cabeleireiros, com mais dois profissionais”, disse Kleisson. Perto dali, a estudante de fisioterapia Daniela Lara, de 21, entregava as madeixas, sem medo, à cabeleireira Sueli Silva. “Doar não dói”, resumiu a história a estudante.
Moradora do Bairro Saudade, na Região Leste, a autônoma Michelle Françoise Lima de Faria, de 37, revela ser a primeira vez na doação de cabelos. “Vim a pé até aqui”, contou enquanto deixava Thabata Montanari cortar os fios. “Minha filha Júlia doou aos oito anos”, contou a cabeleireira. Na cadeira ao lado, a estudante Flora Miranda, de 24, hoje com a vida dividida entre Brasília (DF) e BH, confessava ter pedido para tirar o máximo de cabelo. “Ele estava muito bonito, mas vai crescer de novo e ficar comigo. Antes disso, ajudo alguém que precisa”, observou a jovem.
O estudante de engenharia ambiental André Arruda, de 27, morador da Lagoinha, também deu a sua mecha de solidariedade. “Estou deixando crescer há um ano, exatamente para doar”.
Com turbantes, Lílian Helena Rosa Miquilino, cabeleireira, e Cecília Helena, de 15, mãe e filha moradoras do Bairro Urca, na Região da Pampulha, levaram sua contribuição: toucas de crochê. Em janeiro do ano passado, a adolescente foi diagnostica com câncer linfático e teve que se submeter a seis meses de quimioterapia. Em novo tratamento, a menina não foi bem-sucedida até fazer um transplante de medula no Hospital das Clínicas. “Hoje ela está bem, o resultado dos exames foi normal”, contou Lílian com um sorriso de felicidade. “Em solidariedade a Cecília, nós todos da família raspamos a cabeça”, acrescentou.
FIOS PRECIOSOS
Confira algumas orientações para a doação de cabelos:
» Cabelos com qualquer tipo de química podem ser doados
» O comprimento das mechas doadas deve ser de, no mínimo, 15 centímetros, mas preferencialmente a partir de 20 cm
» O cabelo deve estar lavado e ao natural, sem nenhum produto pós-lavagem
» O projeto está, agora, apenas recebendo as mechas de cabelos, que devem estar secas, limpas, amarradas com uma gominha e enroladas em papel de seda. As doações devem ser entregues na Faculdade de Medicina/UFMG, que fica na Avenida Professor Alfredo Balena, 190, térreo (sala 83), de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h. Bonés, chapéus, toucas e lenços também pode ser entregues no local