Jornal Estado de Minas

Belo Horizonte tem o inverno mais gelado desde 1961

Estudante de moda,, Helena Lisboa não se intimida com a friagem e declara seu amor à estação - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA PressDia e noite, a friagem atípica que se abateu sobre Belo Horizonte não dá trégua a quem se desloca pela cidade, e deve continuar pelas próximas semanas, conforme previsões meteorológicas. E quem reclama de nunca ter testemunhado tamanho frio na capital mineira pode estar certo. Pesquisa do Instituto Climatempo mostra que este inverno tem sido a estação com temperaturas mais baixas desde 1961. O motivo está na queda das máximas, que normalmente têm se mantido entre 4 e 9 graus abaixo da média da temporada, que é de 28 graus.

Segundo o responsável pelas análises das temperaturas do Climatempo, o meteorologista Ruibran dos Reis, o céu nublado e a alta umidade do ar são os fatores que mais influenciam nesse recorde de frio para a estação. Ontem, nas ruas da capital, o dia foi de muita gente com roupas de lã, cachecóis para proteger a garganta e alguns casacos sobressalentes para qualquer eventualidade. A friagem pegou em cheio quem saía de casa de manhãzinha, se abrandou um pouco no início da tarde, quando o Sol deu o ar da graça, mas voltou depois que ele sumiu entre as nuvens. “Fiz caminhada de manhã com roupa de lã.
Agora de tarde, no trabalho, usei casaco de couro. Os dias estão mudados”, comentou um funcionário público na Avenida Afonso Pena.


“Aglomerados de nuvens que estão vindo do Oceano Atlântico, principalmente do litoral do Espírito Santo, chegaram a Minas Gerais e aumentaram a nebulosidade, por isso a temperatura fica baixa o dia todo”, explica Ruibran. Encoberta, a terça-feira permaneceu com o céu cinza, alta umidade e com termômetros marcando entre 11 e 22 graus na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A previsão do tempo para até meados deste mês, de acordo com o meteorologista, é de temperaturas máximas mais baixas, mínimas por volta dos 10°C e tempo fechado e úmido.

ROUPAS E PROTEÇÃO A previsão é motivo de tristeza para aqueles que não vêm a hora de o inverno ir embora, mas não para a estudante de moda Helena Campos Lisboa, de 21 anos, que declara seu amor à estação. “Sou de Barbacena (na Região Central de Minas) e sei muito bem como enfrentar o inverno”, disse a jovem, que trabalha em uma confecção em Belo Horizonte e usava, no início da tarde, uma echarpe, além de carregar no braço dois casacos. “Saio de casa preparada, ainda mais nestes dias com muita variação de temperatura”, contou Helena.

Na Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, a procuradora do Trabalho Maria Amélia Duarte também se protegia com elegância. “Moro em Nova Lima e saio de casa às 7h para trabalhar, em uma hora em que está muito frio”, disse ela, que, “entre dias de muito calor e de muito frio”, escolhe os últimos.

“O único detalhe ruim do frio é que tolhe nossos movimentos, pois temos que usar roupas pesadas”, observou.

VENTOS DO SUL Participando de um seminário internacional na cidade, a professora de inglês Didiê Denardi, de Pato Branco (PR), e a aluna Iara Zardo, da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, estranharam a friagem em BH. “Está igual ao Sul do Brasil”, comentou a professora. A baixa temperatura também surpreendeu o amigo Pedro Lucchesi, de 25, estudante de matemática, que levou as paranaenses para conhecer a Praça do Papa. “Cheguei hoje da Bahia e lá também está muito frio”, contou. (Estagiária sob supervisão do editor André Garcia)

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