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PBH dá ultimato a 576 camelôs que não aceitaram ir para shoppings popularesTermina hoje prazo para camelôs manifestarem interesse por vagas em shoppings popularesPBH publica edital com 105 vagas para camelôs em feiras livres na capitalAudiência pública vai discutir plano de retirada dos camelôs do Centro de BHProrrogado para até o dia 25 prazo de inscrição de camelôs interessados em vagas nos shoppingsPrefeitura de BH recebe documentos de camelôs para sorteioIrmãos são presos por tentativa de homicídio no Centro de BHComércio de Venda Nova disputa espaço de passeios com camelôs, multiplicados após retirada do CentroShopping Caetés terá vagas disponíveis para camelôs retirados do Centro de BHBandidos roubam hipermercado no Belvedere e fazem funcionários refénsNo Barro Preto, o local escolhido pela maioria dos ambulantes é o trecho da Avenida Augusto de Lima entre ruas Araguari e Paracatu. O camelô Neles Almeida Rezende, de 38 anos, que é pedreiro e artesão, conta que trabalha na rua todas as vezes que está sem emprego. Ele vê com desconfiança a política da prefeitura para o setor, que envolve dois shoppings populares – um no Centro e outro em Venda Nova.
“O aluguel pode não ser caro, mas puseram várias pessoas em um lugar em que não entra gente para comprar. No Centro, o shopping é ao lado das lojas dos chineses, que são nossos fornecedores. Minha irmã vende bijuterias e foi sorteada. Ela está passando fome”, afirma. Vendedor de um artefato que promete “acabar com o estresse”, ele defende outro local para os ambulantes. “Um lugar adequado, onde pelo menos passe gente para ver nossa mercadoria”, diz.
Pedestre sem vez
Vendedor de roupas no Uai, Erick Maia, de 24, conta que vendeu a moto para investir no negócio. “A segurança é a melhor coisa do mundo. Ninguém vem aqui nem para roubar nem para comprar”, diz, em tom de bom humor. Segundo ele, a mínima visibilidade só ocorre por causa da feira de roupas que também ocupa o piso inferior. “Vende roupa, porque o resto tem na rua. Ninguém está vendendo nada. A concorrência lá fora é desleal. Tirando os camelôs da rua, acredito que esse problema será resolvido”, diz, mostrando o livro-caixa com ganho de R$ 0 em vários dias. Mas ele não desanima.
Jobson dos Santos, de 39, também torce pela ordenação do espaço em Venda Nova. “Se não houver providência, não teremos o dinheiro nem do almoço. Muita gente está fazendo o shopping de depósito de mercadoria e trabalhando na rua, e ninguém está fazendo nada”, relata. Camelô há 12 anos em Venda Nova, Poliana Santos, de 29, que tem banca em frente ao Uai, está ansiosa pelo início do cadastramento da prefeitura. “Falaram que seria feito no dia 27, mas de qual mês?”, questiona. Ela é a favor de se instalar num shopping, desde que todos saiam da rua, pois, caso contrário, “o cliente não compra”. “É complicado ficar na rua. Embora a gente venda bem, atrapalhamos a via pública.
CONVOCAÇÃO Em entrevista coletiva anteontem, a secretária municipal de Serviços Urbanos, Maria Caldas, confirmou que uma operação será feita em Venda Nova, a exemplo do que ocorreu no Centro, mas não informou data ou prazos. Sobre o Barro Preto, a assessoria de imprensa afirmou que nada está previsto para a região. No caso do Hipercentro, a prefeitura deu um ultimato aos 576 dos 1.134 camelôs cadastrados que ainda não se manifestaram sobre o interesse em ocupar vagas nos shoppings populares. Eles têm até o dia 21 para fazê-lo ou perderão o direito aos postos de trabalho.
Ontem, foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) portaria convocando as pessoas que se disseram camelôs do Centro, mas que não foram identificadas inicialmente pelas equipes de cadastramento, para comprovar atuação como ambulantes na área. De acordo com a Secretaria de Serviços Urbanos, durante atendimento individual feito no fim de junho no Parque Municipal para esclarecimento das novas oportunidades, cerca de 900 pessoas estiveram no local alegando ser ambulantes, que, por algum motivo, não participaram do cadastro.
Os interessados que se encaixam nessa condição devem comparecer entre os dias 7 e 11 ao Shopping Uai (Rua Saturnino de Brito, 17, Centro), das 9h às 17h, com documentos de identidade e CPF, comprovante de residência e declaração de atuação como camelô no Hipercentro de BH, conforme modelo fornecido pelo município, acompanhado de material que prove a condição.
Entenda o caso
» A Prefeitura de BH está fazendo valer o Código de Posturas e iniciou fiscalização coibindo a presença de camelôs nas ruas e avenidas da área central da cidade. Anunciado em março e instituído por meio de decreto no fim de junho, o Plano de Ação do Hipercentro traz propostas para acabar com a proliferação e atuação dos camelôs nessa região da cidade.
» Em troca, a administração municipal promete subsidiar, durante cinco anos, os custos de vendedores ambulantes em shoppings populares privados, por meio de um projeto de lei enviado à Câmara Municipal. O modelo começa com os ambulantes pagando apenas R$ 30 mensalmente e ocupando espaços com a configuração de feiras livres dentro dos centros de comércio popular.
» Se aprovado o projeto de lei, o Legislativo vai autorizar a prefeitura a subsidiar o aluguel dos ambulantes em shoppings populares durante cinco anos. Eles começarão pagando R$ 30 e, ao fim do quinto ano, estarão pagando 100% do valor de R$ 600 relativo ao aluguel. Hoje, o preço médio de um box gira em torno de R$ 1,2 mil.
» A diferença, segundo a PBH, é que eles já terão passado por cursos profissionalizantes que permitirão a eles uma organização melhor para dar conta de tocar seus negócios. As primeiras vagas em cursos dessa natureza estarão disponíveis para início das capacitações em setembro.
» Enquanto o projeto de lei não é aprovado, a PBH propõe que os ambulantes trabalhem em bancas de shoppings populares parceiros ao custo de R$ 1 por dia, pelo período de quatro meses. Estavam disponíveis 1.547 vagas para os 1.134 comerciantes informais cadastrados pela prefeitura. Em meio a protestos e confrontos com a polícia que fecharam a Praça Sete, foram sorteadas, no início de julho, 871 para o shopping Uai, na Avenida Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, e 676 para o Uai, no Centro, ao lado da rodoviária.
» Outros postos de trabalho serão abertos em feiras livres e feiras regionais, principalmente para a venda de comida e artesanato.
» A operação que mirou o Hipercentro se repetirá em Venda Nova, anunciou a prefeitura. .