
A advogada, que pediu para não ser identificada, mora em Belo Horizonte. Em 1º de julho, ela sofreu uma queda, quebrou um dos pés em três lugares e precisou fazer uma cirurgia no dia 7 daquele mês. Durante o pós-operatório, ela deve tomar uma série de cuidados, como não colocar o pé no chão, mantê-lo mais alto para evitar inchaços, entre outras medidas. Por conta disso, ela procurou marcar novas datas para audiências de processos de clientes que estão soltos. Mas, no caso de Diamantina, o réu está preso desde abril. “Serão ouvidas só duas testemunhas. A pessoa é presa e qualquer alteração na data poderia ser um prejuízo para ela”, explicou.

Diante da situação, a defensora entrou em contato com a assessoria do juiz da comarca de Diamantina para expor o problema. “Ela disse que, infelizmente, o prédio não tem acesso, que todas as audiências são no segundo andar, que realmente não teria outra forma e que o juiz daria como opção adiar (a audiência) dentro da pauta, sem nenhuma preferência. Seria (remarcada) no fluxo da pauta”, diz.

A advogada descartou também acionar um preposto – advogado que a substituiria. “Houve contato pessoal e particular (do cliente) comigo. Tem que garantir a minha presença, não de outra pessoa”, alega. Nesta quinta-feira, antes da viagem, ela acionou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Diamantina, e foi informada que eles vão providenciar um delegado de prerrogativas para acompanhá-la no fórum hoje. Este profissional tem a função de defender e assistir os inscritos na ordem durante o exercício da profissão.
“A lei da acessibilidade é para todos, é um assunto que nem deveria ser discutido. A gente tem que discutir o processo, o que tenho que fazer em defesa dos meus clientes”, lamentou. “Eu não vou subir pulando a escada de madeira de um prédio antigo. Eu vou subir sentada, porque também não posso deixar de participar da audiência. Em último caso vou ter que subir sentada”, enfatiza a advogada.
ACESSIBILIDADE O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou, por meio de nota, que o prédio do fórum em Diamantina é antigo, “e o setor de engenharia do Tribunal de Justiça já possui projeto a ser licitado para facilitar o acesso a todas as dependências da unidade judiciária”. O TJMG também confirmou que as audiências são gravadas e que o equipamento é fixo no segundo andar, não permitindo mudanças. Ainda segundo o Tribunal, o juiz propõe a redesignação de uma nova data para a audiência de acordo com as datas em aberto do agendamento”.
O Casarão do Fórum é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A assessoria de imprensa do órgão em Minas informou que a legislação estabelece que bens culturais também precisam garantir a acessibilidade dos frequentadores e que o projeto de acessibilidade deve ser elaborado e apresentado ao Instituto pelos proprietários. Segundo Iphan, o casarão pertence à Câmara de Diamantina.