Uma decisão simples, de transferir uma audiência nesta quinta-feira para o andar térreo do prédio do Fórum de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, colocou fim a um impasse que ameaçava prejudicar a defesa de um réu, já que sua advogada, que está em uma cadeira de rodas, não tinha como chegar à sala de audiência no segundo andar. Como se trata de um imóvel antigo e tombado pelo patrimônio histórico, não há rampas ou elevadores de acesso ao andar superior.
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Ainda, de acordo com a defensora, a Justiça da cidade negou dois pedidos para que a reunião ocorresse de forma que lhe permitisse participar.
“É um prédio público. Existe a obrigatoriedade há muitos anos da questão de acessibilidade para cadeirantes, pessoas com dificuldade de locomoção”, comentou. “Não posso prejudicar meu cliente. Não posso colocar o pé no chão, mas preciso ter acesso à audiência." Porém, o juiz do caso optou por realizar a audiência de instrução do processo no primeiro pavimento, apesar de não oferecer a estrutura para gravação audiovisual da reunião, como ocorre nas salas próprias no segundo pavimento.
Antes da decisão de transferência da audiência para o primeiro piso, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) justificou, por meio de nota, que o prédio do fórum em Diamantina é antigo, e que o Setor de Engenharia do órgão tem um projeto a ser licitado para facilitar o acesso a todas as dependências da unidade judiciária.
O TJMG também confirmou que as audiências são gravadas e que o equipamento é fixo no segundo andar, não permitindo mudanças.
O Casarão do Fórum é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E os representantes do órgão em Minas informaram que, de acordo com a legislação, bens culturais também precisam garantir a acessibilidade aos frequentadores. E, nesse sentido, o projeto de acessibilidade deve ser elaborado e apresentado ao Iphan pelos proprietários, no caso a Câmara Municipal de Diamantina.
(RG)
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