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Para a entidade, o cenário em Bela Fama, nome da estação em que a água que serve à Grande BH é capitada, é pior abaixo da estação de tratamento. A explicação está no consumo de 6,5m3/S, usado para abastecer os consumidores da região metropolitana, o que contribui ainda mais para reduzir o volume no leito dos Velhas.
RISCO DE COLAPSO O presidente do comitê, Marcus Vinícius Polignano, destaca que a situação merece atenção por parte de todos os atores da bacia. “Estamos apenas iniciando o período de estiagem e o cenário já é este. Se não quisermos vivenciar um colapso da situação hídrica e do abastecimento da Região Metropolitana de BH em curto prazo, é preciso que todos os atores revejam os modos sobre como estamos usando a nossa água, e também os locais que abastecem nossos mananciais”, adverte.
A estiagem dos últimos anos ajudou a reduzir bastante o volume no leito. Em 2014, considerado o pior ano de escassez de água, o volume de chuva foi de 546 milímetros (mm). Em 2015, ficou em 798mm.
A estatal de saneamento informou que a vazão mínima do Velhas está sendo monitorada pelo Convazão, um grupo coordenado pela própria Copasa e composto por representantes da Cemig, Anglo Gold (mineradora que atua na região) e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. “O Convazão tem por objetivo tomar medidas que garantam a vazão residual definida em outorga do manancial. O Sistema de Abastecimento de Água Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte abrange 21 dos 31 municípios atendidos pela Copasa na Grande BH e é constituído de dois grandes sistemas produtores: o da Bacia do Rio das Velhas e o da Bacia do Rio Paraopeba (captação do Rio Paraopeba e reservatórios Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores)”, informou.
Na prática, o sistema integrado tem flexibilidade operacional, pois é interligado por adutoras que possibilitam a transferência de água tratada entre as redes Velhas e Paraopeba. Por isso, segundo a Copasa, “em uma eventual necessidade de redução de produção de água tratada no sistema Rio das Velhas, em função da queda da vazão do manancial, é possível aumentar a produção de água tratada do Sistema Rio Paraopeba e, por meio de manobras operacionais, abastecer regiões originalmente atendidas pelo Velhas”.
Abundância que ficou só na memória
Moradores de Honório Bicalho, em Nova Lima, sofrem em ver o Rio das Velhas baixo. Muitos se recordam até da enchente de 1997, quando a força da água derrubou a ponte de madeira que ligava as duas partes do distrito. “A água tampou todo este quintal”, conta seu Ademir Perdigão, que cuida de algumas criações de animais a poucos metros da nova passagem, erguida com cimento e ferro. “Até 2003, eu buscava água com baldes no lugar em que está este pé de limão.
O também aposentado Osvaldo Antônio Venceslau, de 67, é outro que tem boas recordações do passado. “Tinha muitos peixes. O pessoal pescava dourados sem grande dificuldade. Hoje só tem peixe pequeno. A gente fica com pesar de ver o Rio das Velhas como está hoje. E pensar que ele já foi navegável.”
O Comitê de Bacia do Rio Velhas vem adotando medidas para enfrentar a crise e evitar a escassez. Além de ciar o Convazão, que é coordenado pela Copasa, o grupo definiu que usará o Sistema Integrado de Reservatórios do Alto Rio das Velhas – a partir do complexo de reservatórios Rio de Peixe, de propriedade da Anglo Gold Ashanti e da Pequena Central Hidrelétrica Rio de Pedras (sob a responsabilidade da Cemig) – para aportar volumes maiores de água.
“Também está sendo pactuada uma redução na captação de água pelas mineradoras, para diminuir a demanda pelo uso da água.