Detalhes sobre as investigações foram divulgados nesta quarta-feira - Foto: Polícia Civil / DivulgaçãoA morte da oficial de apoio administrativo do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) Lílian Hermógenes da Silva, de 44 anos, que trabalhava na Promotoria de Defesa dos Direitos da Mulher, foi encomendada pelo ex-marido que estava insatisfeito com a separação e temia perder patrimônio e renda. Essas são as conclusões do delegado Anderson Kopke, da Delegacia de Homicídios de Contagem, na Grande BH, que investiga o crime. O advogado Artur Campos Rezende foi preso preventivamente e denunciado pelo crime. Ele nega as acusações. A polícia ainda procura os dois executores do assassinato. Mandados de prisão já foram expedidos contra eles.
O assassinato ocorreu em 23 de agosto do ano passado. De acordo com a Polícia Civil, Lílian estava saindo de casa para o trabalho quando dois homens se aproximaram em uma moto no cruzamento da Avenida General David Sarnoff e Rua Joaquim Laranjo, em Contagem, na Grande BH, e dispararam contra ela.
Eles ainda levaram a bolsa da vítima para simular um assalto. A mulher morreu no local. Artur foi preso suspeito de ser mandante do crime, mas acabou solto.
“Foi flagrado pelo delegado da época e policiais militares, como autor intelectual e não executor. E naquele momento, o juiz que recebeu o flagrante entendeu que não haveria prova dessa conexão e que o flagrante não caberia, por isso foi liberado. Desde esse período, desde agosto do ano passado, então estávamos prestes a completar um ano, trabalhamos arduamente para fazer a conexão e provar que seria o autor intelectual e que outros executores estariam conectados com os fatos e com ele”, explicou o delegado Anderson Kopke.
Com os levantamentos, a polícia conseguiu identificar os executores do crime. Os dois homens, que não tiveram os nomes divulgados, já seriam velhos conhecidos da polícia.
“Conseguimos provar que ele contratou os dois executores. Tivemos elementos que comprovavam a relação de Artur com eles. Por isso, os três foram denunciados. Ambos já têm passagens, inclusive por homicídio. Um dos investigados já tem um mandado de prisão em aberto por outros crimes praticados. Então, ambos já tinham experiência criminal”, comentou o delegado.
Um mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça e cumprido pela equipe da Delegacia de Homicídios de Contagem. O advogado foi preso em casa e não reagiu à prisão.
Segundo Kopke, o assassinato teria sido motivado pelo sentimento de posse de Artur em relação à ex-companheira e interesse econômico. “Tinha a questão da posse, que hoje está muito em voga, que é o feminicídio. Cometeu o crime, pois tinha um comportamento possessivo com a mulher, inclusive, ela já tinha conseguido uma medida protetiva contra ele. Lílian tinha optado por sair de casa, por já estar sendo vítima de agressões psicológicas e físicas, que já estavam relatadas. Ele, desesperado por perder patrimônio e renda, porque estava com renda diminuta, ficou desesperado de perder tanto a posse da mulher quanto a renda, o que acabou levando a esta situação”, afirma o delegado.
A polícia indiciou o advogado e os outros dois homens, apontados como executores, por homicído, roubo e fraude processual. Esse último crime, por Artur ter criado uma situação de latrocínio – roubo seguido de morte – no início das investigações, para afastar a conexão dele com o homicídio. As investigações continuam para tentar encontrar os dois foragidos.
Advogado nega crime
Os detalhes sobre a prisão de Artur por causa da morte da ex-comapanheira foram apresentados em entrevista coletiva nesta quarta-feira. O advogado que o defende, Renato Machado, afirmou que ainda esperar tomar conhecimento das investigações para depois adotar medidas contra a prisão. “Precisamos tomar conhecimento dos motivos que ensejaram a prisão dele, para a partir daí fazer os pedidos.
Lembrando a todos que essa prisão é processual, está preso preventivamente. A acusação formal já existe, mas ele não foi formalmente condenado a absolutamente nada”, comentou.
Segundo ele, Artur contribuiu com as investigações desde o início, por isso não teria motivo para a polícia prendê-lo. Além disso, Machado afirmou que o cliente nega o crime e questionou as denúncias de agressões contra Líllian. “Há apenas um boletim de ocorrência feito pela Lillian o acusando de agressões físicas. Mas um procedimento que tramitou em paralelo às investigações da delegacia que apura a violência doméstica, duas empregadas, que são fora do convívio familiar de ambos, negaram qualquer tipo de violência de Artur no dia a dia da família. Essas empregadas foram as únicas, até então, ouvidas e que estão fora do núcleo familiar”, disse. .