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Cerca de 3 mil pessoas moram no lugar, celeiro de histórias. Lá foi rota de tropeiros. Também foi por aqueles caminhos tortuosos que passaram tropas que lutaram na Revolução de 1842, lideradas pelo revolucionário Teófilo Benedito Ottoni, e do governista Barão de Caxias.
Tanto quanto o quintal na casa de dona Vagna Rosa de Jesus, de 57, que foi casada com um quilombola. No terreiro, voltado para a rua, há dezenas de peças em barro que ela faz para ganhar a vida. Há panelas, vasos e cumbuquinhas para amantes de caldo de mocotó. “Eu busco a argila atrás da serra. E uso o forno que fiz neste barranco, no meu quintal”.
A moradia dela fica próxima à de seu Geraldo, o morador mais antigo. Apesar da idade, é bem ativo. Gosta de boa prosa e de recordar da época em que fazia fogueiras para São João e Santo Antônio.
O dia em homenagem a São Sebastião é 20 de janeiro. Todos os anos, nessa data, o padre vai à casa de seu Geraldo e reza uma missa. “Fazem até o altarzinho”. A religião é assunto sério em Pinhões.
Havia outro em frente ao templo, mas foi substituído por um de ferro. Atrás da capela, há um cemitério. Mas a calunga mais antiga, chamada de cemitério dos negros, está a mais ou menos uma légua – aproximadamente seis quilômetros – de lá, numa região de fazendas. O local, claro, conta com um cruzeiro de madeira, cercado por muro de pedras.
HORTA Mas é outra cerca que chama a atenção na comunidade. Fica na Praça Naná Bahia, na entrada da comunidade. Foi lá que dona Vilma, a única ialorixá (mãe de santo) de Pinhões, fez uma horta comunitária. Ela rega diariamente o local.
Elogios de 'forasteiros'
A simpatia dos moradores antigos e outros predicados de Pinhões fizeram muitos forasteiros se apaixonarem pelo local e ficar por lá mesmo. Dona Maria Helena Silva, de 89 anos, nasceu em Sete Lagoas, na Região Central, e fez história na comunidade quilombola.
Ela mesma conta o motivo: “Fiz o parto, sozinha, de 2.020 crianças na região. Tenho orgulho em dizer que nunca, mas nunca mesmo, deixei morrer um bebê ou uma mãe”. Até por isso, muitos pais a convidaram para ser madrinha dos filhos.
Dona Helena, como é chamada, se formou em auxiliar de enfermagem.
Quem também veio de fora é o boiadeiro Clemente Rodrigues de Almeida, de 55. Natural da cidade de Jequitinhonha, ele está na comunidade há bastante tempo. Trabalha na lida com o gado: guia cabeças e tira leite. Às vezes, toca bois na companhia de Taruba, o cão, e de Antônio Maria Silva, de 59, amigo que planta milho, feijão e outras culturas. .