De olho num painel que traz a BH do século passado, a psicóloga Lucília Sousa Silva, 62 anos, moradora do Bairro São Pedro, na Região Centro-Sul, ficou feliz e saudosa. “Era sócia do Minas Tênis Clube e sou do tempo em que o clube era mais ou menos assim”, disse Lucília, curtindo um pedaço da capital em preto e branco. “Quando vim morar na região, já havia prédios. Além de linda, a Praça da Liberdade sempre foi imponente, embora tivesse um destaque maior na paisagem urbana”, observou.
Percorrendo cada detalhe do painel com atenção e curiosidade, Lucília contou que se recorda da Praça Diogo Vasconcelos, ainda com a padaria que batizou a região de Savassi. “Tenho muito afeto com uma cidade que já não existe. Achei a mostra muito bonita e sensível. Desperta nostalgia, não pela idade que tenho, mas pelas lembranças que traz. Que gostosura seria se a cidade ainda fosse assim”, ressaltou.
ATRAÇÕES Até dia 27, os visitantes poderão ver também Crônicas da cidade: o cotidiano de Belo Horizonte sob o olhar de Carlos Drummond de Andrade, no Anexo Professor Francisco Iglésias, na Rua da Bahia. De acordo com o Iepha, a exposição foi montada a partir dos acervos de fotografias dos arquivos Público Mineiro e Público de Belo Horizonte, resgatando “um período único, em que o poeta mineiro, sob os pseudônimos Antônio Crispim e Barba Azul, escrevia crônicas sobre BH, entre 1930 e 1934”.
A direção do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico de Minas Gerais (Iepha-MG) escolheu estes dias de agosto para destacar “a imagem, a memória e o patrimônio”, com vasta programação gratuita na Praça da Liberdade e nos equipamentos culturais do Circuito, com galerias a céu aberto, projeções de fotos, oficinas, feira de livro, debates, caminhadas fotográficas e duelo de MCs.
Conforme os organizadores, o Circuito da Fotografia e do Patrimônio Cultural celebra duas datas marcantes para a cultura: o Dia Nacional do Patrimônio Histórico, em 17 de agosto, e o Dia Internacional da Fotografia, no dia 19. Assim, instituições públicas e privadas, grupos, coletivos, artistas e pensadores do país e da América Latina foram convidados para apresentar diversas formas de interação entre as duas áreas.
“A proposta do encontro entre patrimônio e fotografia é olhar a produção fotográfica para além de seu realismo. E buscar os movimentos do tempo, mudanças e permanências, somados às memórias afetivas e à diversidade de formas de ver e retratar o cotidiano e compreender a fotografia como produção cultural, documento, acervo, patrimônio cultural”, afirma a presidente do Iepha, Michele Arroyo.
E mais: o público vai poder apreciar também à noite, as 30 fotos vencedoras do concurso fotográfico no Instagram do Circuito Liberdade Meu olhar sobre o patrimônio. Os registros integram uma projeção especial na Fachada Digital do Espaço do Conhecimento UFMG. Os três primeiros colocados ainda receberão premiações especiais. A programação completa do Circuito da Fotografia e do Patrimônio Cultural está disponível nos sites www.fotografiaepatrimonio.com.br e iepha.mg.gov.br
SERVIÇO
Circuito da Fotografia e do Patrimônio Cultural
Data: Até 27 de agosto
Local: Circuito Liberdade/Belo Horizonte
Sites do evento/programação: www.fotografiaepatrimonio.com.br e iepha.mg.gov.br
Saiba mais
Homenagem a Melo Franco
O dia 17 de agosto, comemorado nacionalmente, é uma homenagem ao belo-horizontino Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969). Advogado, jornalista, escritor e primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A data é comemorada desde 1998, quando o primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) completaria 100 anos. Durante a gestão de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde Pública (1934-1945), Rodrigo participou do grupo de artistas e intelectuais modernistas, quando se tornou o maior responsável pela consolidação jurídica do tema Patrimônio Cultural no Brasil e criação do Iphan em 1937, tarefa que desempenhou até 1967.