Na sala de espera do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Sagrada Família, em Belo Horizonte, que faz diagnóstico e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), o nervosismo está estampado no rosto de pacientes que aguardam o resultado de exames rápidos para detecção dos vírus HIV, da sífilis e das hepatites B e C. Ansiedade que tem sido cada vez mais frequente e possível de ser percebida nas unidades do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte (SUS-BH) que prestam esse tipo de serviço em BH, onde aumentou em 3.100% o número de testes rápidos desde 2014, quando foram feitos 287 exames, até agora. Em 2017, até a primeira semana de agosto, os números quase alcançam o total de exames feitos em 2016 – cerca de 9.200.
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Mas, para além disso, há questões multifatoriais por trás do aumento, como sustenta a coordenadora. Segundo ela, a checagem cada vez maior é um dos reflexos do não uso da camisinha, medida capaz de prevenir as IST’s. “Percebemos que há uma mudança nas formas de relacionamento, com aumento dos encontros por meio da internet e facilitados pelos aplicativos de paquera. E além de ampliada, essa rede de relacionamento tem deixado a camisinha de lado”, afirma. A falta de prevenção tem sido resultado também, segundo Tatiani, da pouca importância quanto ao perigo das doenças. Atualmente, segundo ela, o tratamento para as IST’s, especialmente a infecção por HIV tem tratamento, com uso de duas pílulas diárias, ao contrário do temido “coquetel” de medicamentos indicados na década de 1980.
REPERCUSSÃO Apesar dos avanços da medicina nas opções de tratamento, a coordenadora alerta para as implicações das doenças e da infecção por HIV. “Para sífilis e hepatite há cura. E, apesar de as pessoas com o vírus da Aids poderem passar a vida toda sem desenvolver a doença, elas têm muito mais chances de desenvolver outras enfermidades, como as cardiovasculares, além de sofrerem com envelhecimento precoce.”
Integrante da Sociedade Mineira de Infectologia, o médico Carlos Starling também alerta para esse perigo. “Pessoas que vivem com HIV têm até 10% mais chances de ter doenças como infartos e acidente vascular cerebral, por exemplo. Também podem desenvolver, muito mais que a população não infectada, diversas formas de câncer, a depender dos fatores de risco de cada um”, afirma. Ele ainda lembra dos perigos da sífilis, que se não tratada pode chegar ao seu estágio terciário, com quadros de demência, doenças cardiovasculares e até levar à morte. “Não dá para banalizar a prevenção”, afirma. O especialista ainda comenta o aumento dos testes rápidos na capital e destaca o lado positivo desse cenário.
COMO É FEITO O diagnóstico da infecção por HIV, sífilis e hepatites B e C é feito a partir de uma gota de sangue, retirada de uma picada de agulha na ponta do dedo. Os testes rápidos que detectam os anticorpos contra os vírus apresentam resultado em até 30 minutos. Ao procurar o centro de testagem, o usuário pode solicitar um pré-aconselhamento individual e durante a entrega do resultado ele é atendido por um profissional da equipe de saúde, que orienta sobre o resultado, independentemente de ser positivo ou negativo. Trata-se de uma ação de prevenção que tem por objetivo oferecer apoio emocional ao usuário, facilitar a correta interpretação pelo paciente e esclarecer possíveis dúvidas.
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