Ouro Preto – De portas abertas para a comunidade e com recursos assegurados para a segunda fase de restauro. Ao entregar, na tarde de sexta-feira, a conclusão da obra arquitetônica da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, no Centro Histórico, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, garantiu o investimento de R$ 4 milhões para intervenção nos elementos artísticos do templo onde está sepultado Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. “Vamos tirar o dinheiro de onde for, passar de um lugar para outro, mas o serviço será feito, tanto que trouxemos os projetos para apresentar aqui na igreja”, afirmou a dirigente pouco antes do começo da cerimônia tão aguardada pelos moradores de Ouro Preto.
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Entre os moradores, reinava alegria e expectativa. “Fui praticamente criado dentro da matriz. Fui batizado e coroinha”, revelou José Marcelo de Souza, de 55 anos, mecânico especializado e residente na Rua da Conceição. Lembrando da última restauração realizada “há 32 anos”, José Marcelo disse que os elementos artísticos integrados da igreja, que incluem altares e forro, estão com muito cupim. “O inseto não tem barreiras, ataca principalmente um patrimônio que fica fechado. André Macieira explicou que a obra civil foi terminada – “do telhado ao piso” –, depois de dois anos de intervenção, ao custo de R$ 4 milhões, somando-se a parte elétrica e o sistema de combate a incêndios.
DOCUMENTÁRIO A cerimônia, marcada pela alegria e emoção, teve apresentação do Coral Canto Crescente, grupo formado por jovens de escolas públicas e braço social do Museu do Oratório, administrado pelo Instituto Cultural Flávio Gutierrez, conforme contou com orgulho a presidente da entidade, Angela Gutierrez. Os presentes à cerimônia assistiram ainda à exibição do documentário Esperando Conceição, produzido pela jornalista Lidiane Andrade com a comunidade da paróquia e objeto de mestrado profissional em preservação do patrimônio cultural, do Iphan. “Nossa ansiedade é grande para ter de volta o templo com atividades religiosas e culturais”, afirmou a moradora Deolinda Alice dos Santos, de 68, toda satisfeita por ter cuidado do jardim em frente à igreja conhecida como Matriz de Antônio Dias e um dos expoentes da cidade, que é patrimônio da humanidade, título concedido em 1980 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco).
Uma das mais antigas igrejas de Minas e também uma das maiores em tamanho e suntuosidade, a matriz foi tombada isoladamente pelo Iphan em 1939. O templo foi uma das ações selecionadas para receber os investimentos do PAC Cidades Históricas, que também restaurou os chafarizes do Centro Histórico de Ouro Preto e prevê ainda a execução de outras 13 ações no município.
HISTÓRIA Segundo estudos, a história da matriz começa por volta de 1699, quando foi elevada, a mando do bandeirante Antônio Dias, uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Em 1705, instituiu-se a primitiva matriz, sofrendo provavelmente modificações e acréscimos para se adaptar à nova função. O rápido crescimento da população do antigo Arraial de Antônio Dias fez com que os moradores, em 1711, exigissem a construção de um novo templo, o que ocorreu em 1724.
Em 1727, foi iniciada a construção da atual matriz, cujo projeto é atribuído a Manuel Francisco Lisboa.