Jornal Estado de Minas

Furtos de cabos de semáforos aumentam e complicam trânsito em Belo Horizonte

- Foto: Arte EMDuas horas de semáforos apagados em um dos principais cruzamentos da Região Centro-Sul de Belo Horizonte no horário de pico e um verdadeiro caos no trânsito em três diferentes vias importantes para o tráfego na cidade. Esse foi o resultado do furto de 67 metros de cabos de semáforos na esquina da Avenida Bias Fortes com as ruas Curitiba e Timbiras, que exigiu paciência dos motoristas em meio ao nó causado pela situação. O maior problema é que não se trata de fato isolado: segundo a BHTrans, no primeiro semestre deste ano a cidade já teve que bancar a substituição de nada menos que 5,1 quilômetros de cabos danificados por vandalismo, entre furtos, depredações e colisões em BH, 79% a mais do que os 2,8 mil metros dos seis primeiros meses de 2016.

Mais comumente praticado contra o cabeamento da rede elétrica da Cemig, o furto de fiação que alimenta semáforos gera uma despesa para a BHTrans que já chega a R$ 20 mil neste ano, mas o maior impacto talvez esteja nas horas de trânsito parado, com prejuízos econômicos, irritação e perda de compromisso por motoristas presos em engarrafamentos. Ontem, em meio ao caos instalado nas vizinhanças, uma equipe colocava cabos novos nos semáforos da Bias Fortes, enquanto outra estava na Avenida Oiapoque, entre as ruas São Paulo e Curitiba, repondo fios furtados pela terceira vez em apenas cinco dias no Centro de Belo Horizonte.


Por volta das 7h, funcionários a serviço do consórcio Tráfego BH chegaram à Bias Fortes para solucionar o problema, serviço que só foi concluído às 8h39, segundo os trabalhadores. Os responsáveis pela substituição dos cabos informaram que tiveram conhecimento do problema às 6h39 e, quando chegaram, descobriram a ausência de 52 metros de fios destinados a alimentar os semáforos para veículos do cruzamento e 15 metros de sinais para pedestres. Eles foram cortados nas caixas de passagem subterrâneas e puxados pelos ladrões.

Pouco antes da chegada dos responsáveis pela manutenção, a situação era crítica, com veículos transitando pela Bias Fortes em meio aos carros que atravessavam a avenida pelas ruas Timbiras e Curitiba. Houve um momento em que uma pessoa resolveu tentar organizar o trânsito por conta própria, já que ninguém conseguia seguir  seu caminho sem interferências. Agentes da BHTrans compareceram ao local para tentar desatar o nó e a situação foi totalmente resolvida às 8h39, com a reativação dos semáforos.

No Centro, fios foram substituídos três vezes em cinco dias - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA PressAo mesmo tempo, outros homens cuidavam de repor 160 metros de cabos que haviam sido levados na Avenida Oiapoque, deixando inoperante o semáforo na esquina com a Rua São Paulo.
Nesse caso, o prejuízo aos cidadãos foi um pouco menor, já que o tráfego está fechado na São Paulo, entre Contorno e Oiapoque, para as obras dos novos viadutos do Complexo da Lagoinha.

Segundo a BHTrans, em todo o ano passado a empresa gastou R$ 210 mil para repor material danificado por vandalismo, incluindo objetos furtados, depredados e destruídos por acidentes. Só com os cabos, o prejuízo foi de R$ 14 mil, para substituir 3.642 metros de fios. De janeiro a junho de 2016, foram 2.852 metros, o que consumiu mais R$ 11 mil. O dano já subiu para R$ 20 mil no primeiro semestre deste ano, período em que a empresa precisou repor 5.132 metros de cabos.

Os furtos de fiação viraram um desafio para a empresa de transporte e trânsito, que tenta imaginar maneiras diferentes de combater o crime. “Temos pontos recorrentes onde vêm ocorrendo esses atos de vandalismo, como o Complexo da Lagoinha. Para tentar minimizar a situação, fazemos um estudo sobre como estão sendo feitos os furtos. Em alguns locais, enterramos o cabeamento e temos de retirar caixas de passagem, para evitar que vândalos tenham acesso.
Até mesmo mobiliário de alumínio, como a tampa onde fica o visor de semáforo de pedestres, tivemos que trocar para plástico”, explicou o gerente de Semáforos da BHTrans, Antônio Celso Silva Medeiros.
Trabalhadores a serviço da BHTrans substituem cabeamento: trabalho levou quase duas horas - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press

Cemig perdeu R$ 492 mil com furtos de cabos


Os roubos de cabos de cobre, que agora chegam com intensidade ao sistema de semáforos de Belo Horizonte, provocando prejuízo de R$ 20 mil apenas no primeiro semestre, estendem seus impactos a outros setores da cidade. A Cemig e as empresas de telefonia também têm o desafio de combater esses danos. Somente no ano passado, a estatal de energia elétrica, por exemplo, teve prejuízos de aproximadamente R$ 492 mil com o vandalismo apenas em subestações localizadas na região metropolitana da capital, onde foram registradas 14 ocorrências.

A capitão Molise Zimmerman, assessora de comunicação do Comando de Policiamento da Capital (CPC), informa que a Polícia Militar monitora as câmeras do Olho Vivo e envia viaturas aos locais da cidade em que é constatado qualquer tipo de indício de crime, além de fazer o patrulhamento rotineiro nas ruas. Porém, a militar informou que não há ação específica para coibir furto de cabos semafóricos ou objetos da rede elétrica. “Em caso de furto, a PM registra o fato após ser acionada por quem é de direito. Não existe uma ação específica e direta da PM destinada a prevenir esse tipo de furtos, tendo em vista serem um patrimônio do município”, afirma.

De acordo com o gerente de Semáforos da BHTrans, Antônio Celso Silva Medeiros, os furtos da fiação que sustenta os semáforos representam um grande prejuízo para a população, principalmente em relação ao trânsito, como ficou provado ontem na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, com pane nos sinais no cruzamento da Avenida Bias Fortes com as ruas Curitiba e Timbiras. Para tentar encontrar solução para o problema, a BHTrans pede ajuda dos cidadãos. “Temos um serviço de manutenção 24 horas por dia.

Então, quando recebemos a informação de problemas com os semáforos, como os furtos, já é repassado para a central, que avisa aos técnicos. Mas o cidadão tem que ser nosso fiscal e denunciar, por meio do telefone 156, quando vê alguma coisa anormal”, convocou Medeiros.

“De madrugada, o serviço é restabelecido quase de imediato. Mas durante o dia, a empresa terceirizada tem 90 minutos para resolver a ocorrência desde o momento em que foi acionada. Quando há os roubos de cabos demora um pouco, pois é preciso passar o cabeamento todo novamente”, completou.

Normalmente, os vândalos que praticam este tipo de roubo cometem o crime para vender o cobre. Mas, correm risco de acidentes, que podem ser fatais. “Toda a energia do cabo é de 220 volts. A possibilidade de um choque elétrico é muito grande. Nossos empregados trabalham com equipamentos de segurança para evitar essas situações, por exemplo”, disse Medeiros.

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