Na comparação com o primeiro semestre do ano passado, houve leve redução – foram 35 crimes.
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A PM, no entanto, foi procurada para o registro de apenas um dos casos: o roubo de um Punto, por volta das 20h, por dois homens que estavam escondidos no meio do mato e surpreenderam o estudante. Foi montado bloqueio nas saídas da universidade, mas, segundo a polícia, a vítima só acionou a corporação meia hora depois do fato, o que impossibilitou encontrar os suspeitos.
VIGIAS AMARRADOS Um dos crimes mais graves e violentos ocorreu em 30 de julho, às 6h40. Uma das vítimas, um vigilante da universidade, relatou à polícia que ao chegar ao prédio da Unidade Administrativa III, na saída para a Avenida Abraão Caran, no carro oficial da segurança para substituir o profissional que havia passado a noite de plantão, foi rendido por três homens armados, que chegaram num Fox verde. Eles amarraram os pés e as mãos dos funcionários com lacres de plástico e, de acordo com a ocorrência, os ameaçaram o tempo todo, além de ordenar que ficassem de cabeça baixa.
Um dos bandidos tirou de dentro do Fox um maçarico e um cilindro de gás para abrir um caixa eletrônico do Banco do Brasil, mas nenhum dinheiro foi levado, porque durante o processo as notas foram queimadas. A bateria do carro oficial foi usada na ação e levada pelos criminosos. A Polícia Militar relata que tudo foi filmado pelas câmeras de segurança do local, mas a qualidade das imagens não permitiu identificar a placa do veículo nem as características físicas dos suspeitos.
Prédios isolados e mais vulneráveis
Áreas ermas e mais distantes no câmpus Pampulha da UFMG são os locais preferidos dos criminosos, que atacam em locais como as proximidades dos prédios de Farmácia e Odontologia e no caminho do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Uma estudante de pós-graduação no prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), que pediu para não ser identificada, confirma a sensação de insegurança. “Compreendemos que houve cortes e que a universidade está fazendo o que pode. Mas algo terá de ser feito. Tenho evitado ficar no câmpus até tarde. Quando cai a noite, parece até que o clima aqui dentro muda. Sempre houve casos de assaltos, mas agora está demais.” A Fafich é um verdadeiro complexo. Quinze edifícios abrigam aulas, laboratórios e pesquisas dos departamentos de antropologia e arqueologia, ciência política, ciências socioambientais, comunicação social, filosofia, gestão pública, história, psicologia e sociologia.
As demissões na vigilância privada na UFMG começaram em 2014. No fim daquele ano, houve um corte de R$ 30 milhões nos recursos previstos para os últimos meses, resultando na suspensão do pagamento de contas de água e luz e na dispensa de funcionários terceirizados de segurança, portaria e limpeza.
Em entrevista no início do mês ao Estado de Minas, o reitor Jaime Arturo Ramírez informou que não há previsão de mais corte de pessoal. “Não há mais como reduzir, pois se isso ocorre, põe a universidade em extrema fragilidade do ponto de vista de funcionamento”, disse, na ocasião.
Estudante de 20 anos do 5º período de geografia que também preferiu o anonimato diz que vez ou outra se têm notícias por grupos de redes sociais sobre algum furto ou roubo, mas que, nas últimas semanas, os relatos aumentaram bastante. “Foram demitidos muitos seguranças e, por isso, estacionamentos e prédios como o da Engenharia, Fafich e Farmácia, que é mais distante, ficam desprotegidos. A segurança, principalmente noturna, é muito precária e a iluminação, insuficiente”, diz. Ele não acredita que a presença da Polícia Militar possa melhorar a situação. “É ineficiente. Não surte efeito na sociedade, basta ver os índices de criminalidade em BH e outros estados”, diz.
O universitário, que fica no câmpus do horário do almoço até as 23h, tem tomado medidas de precaução para não ser mais uma vítima. Evita ficar fora dos prédios, sai mais cedo para pegar o ponto de ônibus cheio e não anda com objetos de valor. “Estou deixando computador e até cartão e dinheiro em casa.” Procurada, a UFMG não se pronunciou sobre os casos..