Na telona, a data em que se passam os “fatos” é novembro de 2019, quando os replicantes (androides) não mais são aceitos na Terra e são caçados, com ordem de execução – ou melhor, “retirada”. Na plateia de 865 lugares da Mostra Clássicos na Praça, olhos mal piscavam diante das cenas, ainda futuristas, de Blade Runner, o caçador de androides, filme de 1982, de Ridley Scott, que em 2017 completou 35 anos com roteiro tão atual que prende a atenção até de quem já viu a obra.
Parte 11ª Mostra CineBH e do 8º Brasil CineMundi, em paralelo à 2ª MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo, a exibição ao ar livre, na noite dessa sexta-feira, na Praça da Estação, atraiu os que eram jovens na década de 1980 e os que estão nesse estágio hoje e conferiram pela primeira vez o longa-metragem. “Não tinha informações sobre o filme e achava até que era do gênero terror, de que eu não gosto. Mas, depois que minhas colegas me falaram sobre a temática, aceitei de imediato o convite e vim assistir”, disse a restauradora Joana Braga, de 35 anos.
Os amigos Bruno Coutinho, de 27, Rodolfo Correia, de 24, e Gabriel George, de 22, chegaram cheios de expectativas quanto ao que assistiriam em quase duas horas de película. “É a primeira vez que vou ver Blade Runner, mas o vejo como um filme recém-lançado”, descreveu Gabriel. “Minhas expectativas eram inicialmente só em relação ao filme, mas quando cheguei aqui também me voltei para a proposta de uma telona em meio à praça, ao ar livre, como se fosse parte do filme”, assinalou Bruno.
Para a atriz Chica Reis, de 45, a sessão na praça foi a oportunidade de ver pela primeira vez na telona o filme a que assistiu, em VHS e DVD, por várias vezes. Nem por isso, disse, sua expectativa era menor. “Blade Runner não envelhece, pois a caçada aos replicantes reflete nossa sociedade, evidencia a fragilidade do ser humano. Não é um filme de ficção comum; é uma obra filosófica, poética”, avaliou.
Dois expectadores que na década de 1980 nem se conheciam, mas se emocionaram e refletiram sobre como seria o futuro com o filme, ontem estavam juntos na sessão da praça. “A história do filme acontece na ficção, no que será em pouco mais de dois anos o nosso tempo. Essa seria a nossa sociedade, em que os replicantes são excluídos. Hoje não é tão diferente do que o autor previa, só que os excluídos são outros”, analisou o engenheiro Roberto Hallak, de 59, que foi à sessão acompanhado de Fátima Malaco, de 55, que conheceu há dois anos.
Ambos gostam de cinema, na maioria das vezes de gêneros diferentes. Mas, segundo Fátima, quando se trata de Blade Runner, são unânimes. “A iniciativa desse tipo de exibição deveria ser uma constante. Para nossa juventude, esse filme foi um marco, e estarmos juntos hoje revendo essa obra é algo especial”, resumiu Fátima.
O Cine BH e o Brasil CineMundi vão até amanhã, no Palácio das Artes, Cine-Theatro Brasil Vallourec, Cento e Quatro, Teatro Sesiminas, MIS Cine Santa Tereza, Museu de Artes e Ofícios, Sesc Palladium e Praça da Estação. Ingressos devem ser retirados na bilheteria 30 minutos antes de cada sessão. Já o MAX termina hoje, na Serraria Souza Pinto, Praça da Estação e Museu de Artes e Ofícios.
Programação
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