Leia Mais
Jovem que vendeu doces para encontrar o papa Francisco viaja a RomaObra de Aleijadinho é revelada pela primeira vez na Serra da PiedadeIphan garante verba para segunda etapa de restauração da Matriz de Nossa Senhora da ConceiçãoMosteiro de Macaúbas recebe R$ 250 mil para início da recuperaçãoPeça sacra de quase 300 anos é levada de templo em CarandaíBombeiros controlam incêndio no Pico do ItacolomiNa manhã de ontem, a abadessa Maria Imaculada de Jesus Hóstia, que chama o mosteiro de “casa de Nossa Senhora”, mostrou os lugares de maior preocupação, entre eles o “coro baixo”, na capela de Nossa Senhora da Conceição, aberta todos os dias a moradores e visitantes para missas das 7h e, aos domingos, na acolhida da tradicional celebração das 10h30 com um coral da região.
Basta olhar para o madeirame e ver a necessidade urgente de conservação do prédio que abrigou uma das primeiras escolas femininas das Gerais. Em alguns cantos, os cupins deixaram seu rastro em montinhos de madeira devorada, enquanto, ao pisar as tábuas corridas, ouve-se o estalo de perigo. O forro da capela, pintado no início do século 19, por Joaquim Gonçalves da Rocha, de Sabará, também demanda ação urgente para não sair de cena. Os olhos atentos vão descobrir gambiarra de fios, colunas com perdas de reboco, buracos em madeiras, como se fosse um queijo suíço e outros sinais de deterioração. “Vamos conseguir o dinheiro. Deus está conosco”, repete a abadessa ao lado da irmã Maria de São Miguel. Logo depois, ao meio-dia, ouvem-se as vozes das religiosas entoando os cânticos na “hora sexta”.
RECOLHIMENTO Conhecer o Convento de Macaúbas, como é carinhosamente chamado, representa experiência única: ali estão freiras, roseiras para fazer vinho, muitas orações e trabalho duro. Na entrada principal, onde se lê a palavra clausura, vê-se em destaque a pintura de um personagem fundamental nesta história tricentenária: o eremita Félix da Costa, que veio da cidade de Penedo (AL), em 1708, pelo Rio São Francisco, na companhia de irmãos e sobrinhos.
No século 18, quando as ordens religiosas estavam proibidas de se instalar nas regiões de mineração por ordem da Coroa portuguesa, para que o ouro e os diamantes não fossem desviados para a Igreja, havia apenas dois recolhimentos femininos em Minas: além de Macaúbas, em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha. Conforme os estudos, tais espaços recebiam mulheres de várias origens, as quais podiam solicitar reclusão definitiva ou passageira. Havia, portanto, uma complexidade e diversidade de tipos de reclusas, devido à falta de estabelecimentos específicos para suprir as necessidades delas. Assim, os locais abrigavam meninas e mulheres adultas, órfãs, pensionistas, devotas, algumas que se estabeleciam temporariamente, para “guardar a honra”, enquanto maridos e pais estavam ausentes da colônia, ou ainda como refúgio para aquelas consideradas desonradas pela sociedade da época.
Em 1847, foi instalado oficialmente em Macaúbas um colégio feminino, com orientação dos padres do Caraça.
SERVIÇO
Para participar e fazer doações
de qualquer quantia
Campanha Abrace Macaúbas
Caixa Econômica Federal – Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição Macaúbas – Agência: 1066 – Operação 013
Conta poupança: 75.403/4 – CNPJ: 19.538.388/0001-07
Informações no site: abracemacaubas.com.br
Livro conta história de freira
Durante a cerimônia de lançamento da campanha Abrace Macaúbas/300 anos de história/Um abraço para as novas gerações, na terça-feira, às 10h, no Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia, na Grande BH, o promotor de Justiça da comarca, Marcos Paulo de Souza Miranda, vai apresentar seu livro Irmã Germana – A exilada de Macaúbas, que conta a história da religiosa Germana Maria da Purificação batizada em 1782 na Capela de Nossa Senhora de Nazaré, em Morro Vermelho, em Caeté, e que ingressou em 1843 em Macaúbas, onde ficou até 1856. A “fama de santa” de Germana, que teria o poder de levitar e apresentava sinais da crucificação na sexta-feira da paixão, atraiu as atenções até do cientista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que registrou suas impressões, conforme Souza Miranda, num livro publicado na França em 1833. Os valores obtidos com a venda do livro serão destinados à Campanha Abrace Macaúbas.
.