A Polícia Civil deve ouvir, nos próximos dias, mais envolvidos em um caso de racismo que abalou a pequena cidade de Araporã, que tem 6,7 mil habitantes, no Triângulo Mineiro. Na semana passada, começou a circular pelas redes sociais um áudio em que a mãe de duas crianças reclama que elas teriam aulas com professoras negras e faz uma série de ofensas. O caso chegou à polícia e a mulher prestou depoimento em uma delegacia nesta semana.
Uma das docentes procurou a Polícia Militar (PM) em 23 de agosto para registrar um boletim de ocorrência. Segundo o documento, ela disse que dá aulas em uma escola municipal de Araporã e que, naquele dia, recebeu de uma colega um áudio em que a mãe de uma aluna se mostra insatisfeita com o fato de que ela seria a nova professora da criança.
Conforme o boletim de ocorrência, “No áudio a autora diz que 'não gosta de preto, que quando se aproxima de um fede a sovaco e quando se aproxima de outro a boca é podre, e que a única coisa preta que ela se aproxima é Coca Cola'”.
A vítima disse à polícia que os áudios foram gravados há algum tempo e que, dias antes, a mulher foi até a escola onde ela dá aulas e conversou com a vice-diretora, “e teria dito que não queria sua filha com preto porque não gosta e preto e que a vítima teve uma filha com síndrome de Down como castigo de Deus, uma vez que a vítima não gosta de crianças”. A professora foi orientada a fazer uma representação na delegacia de polícia contra a agressora, e apresentar a mídia contendo os áudios. Uma segunda professora, que dá aulas para outra filha da mesma mulher, também é citada na gravação.
O caso é investigado pelo delegado Armando Filho, da Delegacia de Tupaciguara. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a autora dos áudios foi ouvida, mas o delegado não vai divulgar o conteúdo do depoimento. Uma testemunha também já prestou depoimento. A vice-diretora da escola e outras pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias. As gravações passam por perícia. O em.com.br tentou localizar o advogado da mulher que gravou o áudio, mas sem sucesso.
REPERCUSSÃO O episódio de racismo mobilizou a cidade. Muitos moradores e amigos das vítimas enviaram mensagens de apoio pelas redes sociais e colocaram a frase “Diga não contra o racismo” em suas fotos de perfil no Facebook. “Por favor, sem medo de me ofender, me chame de negra. Adoro recordar de onde eu vim, quem eu sou, minha essência, os meus antepassados, a minha história. Até onde posso, vou deixando o melhor de mim...”, publicou uma das docentes na rede social.
No perfil da outra professora, há centenas de mensagens positivas, entre elas um vídeo de um turma de alunos dela. “A gente te apoia muito, a gente gosta muito de você, e não é só porque os outros falam isso de você que tem que ficar triste”, diz uma das estudantes.
Entre as pessoas que se manifestaram está a prefeita de Araporã, Renata Borges (PP). “Quero me solidarizar com nossas professoras, que sofreram esse tipo de racismo, preconceito é crime e precisamos realmente assumir posição e punir pessoas que fala o que vem à boca sem respeitar a família e o sentimento das pessoas”, disse a chefe do Executivo municipal em uma postagem no Facebook. No texto, ela dá a entender que também foi citada pela autora do episódio. “Quanto às ofensas que fez a minha pessoa gostaria que (a autora) me respeitasse da mesma forma que eu a respeito. Infelizmente temos dois ouvidos pra escutar tanta bobagem #contraoracismo”, finalizou.
No dia 23, quando o espisódio veio à tona, a prefeitura de Araporã divulgou uma nota oficial em seu site repudiando o caso. Leia na íntegra:
“A Prefeitura de Araporã vem a público manifestar seu repúdio a recentes demonstrações de racismo divulgadas em redes de mensagens de WhatsApp contra professoras de etnia negra que atuam em nossas escolas com profissionalismo, desvelo e paixão pelo magistério.
A Administração Municipal não compactua nem aceita que ataques com base em preconceitos raciais, sociais, de gênero, de orientação sexual ou de credo sejam feitos em qualquer espaço público ou contra servidores municipais.
A Prefeitura Municipal se solidariza com as profissionais de educação atacadas e registra seu compromisso em atuar de forma implacável contra mensagens de ódio e preconceito não somente no ambiente escolar como em todos os espaços da Administração. E registra seu empenho em promover ainda mais uma política de respeito aos direitos humanos, nos termos da boa cidadania e das formas defendidos na Constituição Federal.”
Uma das docentes procurou a Polícia Militar (PM) em 23 de agosto para registrar um boletim de ocorrência. Segundo o documento, ela disse que dá aulas em uma escola municipal de Araporã e que, naquele dia, recebeu de uma colega um áudio em que a mãe de uma aluna se mostra insatisfeita com o fato de que ela seria a nova professora da criança.
Conforme o boletim de ocorrência, “No áudio a autora diz que 'não gosta de preto, que quando se aproxima de um fede a sovaco e quando se aproxima de outro a boca é podre, e que a única coisa preta que ela se aproxima é Coca Cola'”.
A vítima disse à polícia que os áudios foram gravados há algum tempo e que, dias antes, a mulher foi até a escola onde ela dá aulas e conversou com a vice-diretora, “e teria dito que não queria sua filha com preto porque não gosta e preto e que a vítima teve uma filha com síndrome de Down como castigo de Deus, uma vez que a vítima não gosta de crianças”. A professora foi orientada a fazer uma representação na delegacia de polícia contra a agressora, e apresentar a mídia contendo os áudios. Uma segunda professora, que dá aulas para outra filha da mesma mulher, também é citada na gravação.
O caso é investigado pelo delegado Armando Filho, da Delegacia de Tupaciguara. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a autora dos áudios foi ouvida, mas o delegado não vai divulgar o conteúdo do depoimento. Uma testemunha também já prestou depoimento. A vice-diretora da escola e outras pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias. As gravações passam por perícia. O em.com.br tentou localizar o advogado da mulher que gravou o áudio, mas sem sucesso.
REPERCUSSÃO O episódio de racismo mobilizou a cidade. Muitos moradores e amigos das vítimas enviaram mensagens de apoio pelas redes sociais e colocaram a frase “Diga não contra o racismo” em suas fotos de perfil no Facebook. “Por favor, sem medo de me ofender, me chame de negra. Adoro recordar de onde eu vim, quem eu sou, minha essência, os meus antepassados, a minha história. Até onde posso, vou deixando o melhor de mim...”, publicou uma das docentes na rede social.
No perfil da outra professora, há centenas de mensagens positivas, entre elas um vídeo de um turma de alunos dela. “A gente te apoia muito, a gente gosta muito de você, e não é só porque os outros falam isso de você que tem que ficar triste”, diz uma das estudantes.
Entre as pessoas que se manifestaram está a prefeita de Araporã, Renata Borges (PP). “Quero me solidarizar com nossas professoras, que sofreram esse tipo de racismo, preconceito é crime e precisamos realmente assumir posição e punir pessoas que fala o que vem à boca sem respeitar a família e o sentimento das pessoas”, disse a chefe do Executivo municipal em uma postagem no Facebook. No texto, ela dá a entender que também foi citada pela autora do episódio. “Quanto às ofensas que fez a minha pessoa gostaria que (a autora) me respeitasse da mesma forma que eu a respeito. Infelizmente temos dois ouvidos pra escutar tanta bobagem #contraoracismo”, finalizou.
No dia 23, quando o espisódio veio à tona, a prefeitura de Araporã divulgou uma nota oficial em seu site repudiando o caso. Leia na íntegra:
“A Prefeitura de Araporã vem a público manifestar seu repúdio a recentes demonstrações de racismo divulgadas em redes de mensagens de WhatsApp contra professoras de etnia negra que atuam em nossas escolas com profissionalismo, desvelo e paixão pelo magistério.
A Administração Municipal não compactua nem aceita que ataques com base em preconceitos raciais, sociais, de gênero, de orientação sexual ou de credo sejam feitos em qualquer espaço público ou contra servidores municipais.
A Prefeitura Municipal se solidariza com as profissionais de educação atacadas e registra seu compromisso em atuar de forma implacável contra mensagens de ódio e preconceito não somente no ambiente escolar como em todos os espaços da Administração. E registra seu empenho em promover ainda mais uma política de respeito aos direitos humanos, nos termos da boa cidadania e das formas defendidos na Constituição Federal.”