Jornal Estado de Minas

Migração em busca de emprego diminui população de 210 cidades mineiras

Cidade com a menor população do Brasil, Serra da Saudade encolheu ainda mais. De julho de 2016 ao mesmo mês de 2017, três pessoas se mudaram de lá. Agora, o município do Centro-Oeste do estado, a 300 quilômetros de Belo Horizonte, tem 812 habitantes. Em toda Minas Gerais, 210 cidades – o equivalente a 24,6% das 853 – registraram queda na população.

Foi o que informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por lei, a estimativa populacional de cada uma das 5.570 cidades do país precisa ser divulgada até o fim de agosto, pois a planilha serve como base de cálculo para repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a principal fonte de receita da maioria das prefeituras.

O levantamento avaliou que o Brasil tem 207,7 milhões de habitantes, com taxa de crescimento de 0,77%. Em Minas, há 21.119.536 moradores. A cidade mais populosa do estado, Belo Horizonte, conta com 2.523.794 habitantes (0,41% a mais que em 2016). É a sexta capital mais populosa do país.

A liderança continua com São Paulo (12,1 milhões de moradores).

O estudo não avalia as causas da migração no país, mas especialistas não têm dúvidas: a origem está na busca de emprego. “Em 210 cidades, a população diminuiu. Estes municípios são localidades com tendência de perdas, provavelmente, por causa do emprego”, disse Luciene Longo, analista do IBGE.

Serra da Saudade é o único município mineiro com menos de 1 mil habitantes. No passado, a cidade ensaiou a possibilidade de um boom econômico com a chegada da linha férrea. O município atraiu empresas e forasteiros. Mas o transporte por trilhos não foi superavitário.

A localidade, emancipada na década de 1960, começou a encolher. Lá hoje há um pacato comércio.

Proporcionalmente, a localidade que mais perdeu moradores foi Rubelita, no Norte de Minas. A população de lá ficou 2,13% menor, de 6.937 moradores para 6.789. “As oportunidades de emprego são pequenas. As pessoas foram em busca de trabalho. O maior empregador aqui é a própria prefeitura”, disse Priscila Moraes, assessora de comunicação da prefeitura.

Por outro lado, o total de cidadãos em 638 cidades mineiras cresceu. Destaque para Nova Serrana, que obteve o maior percentual (2,54%), de 92.332 pessoas para 94.681 homens e mulheres. O secretário municipal de Comunicação, Bruno Macarrão, atribuiu o resultado à geração de empregos, impulsionada, sobretudo, pelas fábricas de calçados.

“O polo calçadista reúne 12 cidades e tem mais de 1,2 mil empresas produtoras de pares e matéria-prima, sendo cerca de 850 em Nova Serrana.

A produção anual ultrapassa os 105 milhões de pares. Além disso, o polo gera cerca de 20 mil empregos diretos e outros 20 mil indiretos”, disse Bruno.

O aumento da população tem como consequência pontos positivos, mas também negativos. Quem explica é o próprio secretário de Nova Serrana: “Como positivo, cito o incremento da mão de obra, que contribui para o crescimento da indústria que, consequentemente, ajuda na melhora da qualidade de vida da população em geral. Também ocorre a diversidade cultural, o que faz do povo daqui uma população tolerante com as diferenças e acolhedora”.

Em relação ao ponto negativo, Bruno ressalta que “não há como ignorar o aumento da violência e a dificuldade de se criar condições sociais e infraestrutura para atender a toda a população, principalmente os novos habitantes”. “Como o crescimento habitacional é fora dos padrões, as políticas de habitação, saúde, educação, segurança e assistência social precisam ser cada vez mais abrangentes, a fim de atender com qualidade a todos”, completou.

A população de cinco cidades mineiras permaneceu a mesma de 2016: Andrelândia (12.507 moradores), Casa Grande (2.309), Oliveira Fortes (2.182), Tapiraí (1.921) e Santos Dumont (47.560).

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