A maioria (54,4%) dos comércios do ramo alimentício em Belo Horizonte foi alvo de algum tipo de violência no acumulado dos últimos 12 meses, encerrados em julho passado, com destaque para o assalto a mão armada. O percentual deste tipo de crime em relação ao total de registros mais que dobrou no confronto com a pesquisa anterior. Subiu de 26,8% para 54,9%. Por causa disso, 62,8% dos empresários do setor mudaram hábitos, como guardar objetos de valor em outros locais (37,5%).
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Ele defende o aumento do efetivo da PM na cidade, atualmente em torno de 5 mil pessoas, e suplica por novas estratégias das instituições de segurança pública capazes de frear a sensação de medo. De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados já foi alvo de furto, roubo ou agressão na cidade: 13% várias vezes, 29,9% algumas vezes e 17,7% uma vez. O restante (39,35%) não faz parte da estatística.
“O principal crescimento (dos crimes contra o setor) é o de assalto a mão armada (passou de 44,5% para 54,4%). É uma ação violenta. Há funcionários, por exemplo, que se assustam quando a gente dá um tapinha nas costas deles para apenas cumprimentá-los”, disse Gilson.
Já o coronel Winston Coelho Costa, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), disse que vai entender melhor os números divulgados pelo Sincovaga-BH. Segundo ele, no mesmo período analisado pela entidade, houve redução no número de roubo consumado (-28,9%) e no de roubo tentado (-3,05%).
“Vamos buscar entender os dados, que divergem dos números que temos. Não falta patrulhamento em BH.
O coronel defende mudanças na legislação criminal com vistas a retirar de cena marginais reincidentes: “Só este ano, conduzimos cerca 3 mil reincidentes às delegacias”. O chefe do CPC defende ainda mudanças no sistema prisional, “que não recupera ninguém”.
A reincidência pode ser um dos motivos que fez aumentar o percentual de empresários do setor que não acionaram a corporação após alguma violência. Em 2016, por exemplo, o índice foi de 1,2%. Este ano, 9,2% dos entrevistados que foram alvo de violência não chamaram a PM.
Por outro lado, a maioria mudou hábitos, ao longo dos últimos 12 meses, com receio de serem a próxima vítima. Destes, 37,5% passaram a guardar objetos de valor em outros locais, enquanto 30,9% mudaram o horário de funcionamento da loja. Outros 13,7% reforçaram a segurança no estabelecimento.
QUALIDADE DE VIDA A violência na cidade interfere na qualidade de vida dos moradores, segundo a pesquisa. Dos entrevistados, 55,9% consideraram a cidade boa para se viver. Este percentual vem caindo ao longo dos últimos quatro anos: foi de 88,4% em 2014, de 82,5% em 2015 e de 76,1% em 2016..