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Estado de Minas

Loja de fisiculturista morto em boate de BH é arrombada por ladrões

Loja de fisiculturista Allan Guimarães Pontelo, de 25 anos, foi arrombada na manhã de domingo. Durante velório, pai disse que lesões reforçam tese de agressão


postado em 04/09/2017 08:45 / atualizado em 04/09/2017 21:02

Os seguranças alegam que o rapaz estava com drogas e sofreu um ataque cardíaco. Um amigo conta que os vigias levaram a vítima para um local reservado. Ele suspeita que o homem foi agredido(foto: Reprodução/Facebook)
Os seguranças alegam que o rapaz estava com drogas e sofreu um ataque cardíaco. Um amigo conta que os vigias levaram a vítima para um local reservado. Ele suspeita que o homem foi agredido (foto: Reprodução/Facebook)
A loja de suplementos de Allan Guimarães Pontelo, de 25 anos foi roubada nesse domingo enquanto o corpo dele era enterrado em Sete Lagoas, a 70 quilômetros capital mineira, terra natal do rapaz.

 

Allan morreu na madrugada de sábado na boate Hangar 677, no Bairro Olhos D'água, Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

De acordo com Polícia Militar (PM), por volta de 11h desse domingo (03-09), dois homens arrombaram a loja que fica no Bairro Água Branca, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Testemunhas contaram aos militares que a dupla estacionou um carro Gol, cor vinho, em frente à loja e arrombou a porta de aço.

Foram roubados vestuários, aparelhos eletrônicos, além de suplementos. Ao perceberem que estavam sendo observados, os homens fugiram e ainda não foram localizados. Os policiais informaram que, possivelmente, os ladrões eram conhecidos da vítima, já que "levaram objetos específicos". Imagens de uma câmera de segurança podem ajudar nas investigações.

SINAIS DE VIOLÊNCIA Parentes e amigos se despediram ontem do jovem fisiculturista e estudante de educação. A dor dos familiares, que denunciam que o jovem foi assassinado, aumentou ontem durante o enterro, no Cemitério Santa Helena, em Sete Lagoas, já que o pai de Allan, o técnico em eletrônica Dênio Luiz Pontelo, de 47, disse que o filho apresentava lesões graves, como afundamento de crânio e dentes quebrados, o que, para os parentes, reforça a hipótese de que houve agressões.

Dênio disse que obteve essas informações ao ver o corpo e conversar tanto com um médico do Instituto Médico-Legal (IML) quanto com funcionários da funerária que preparou o corpo para o velório e enterro do filho. O IML negou qualquer repasse de informações desse tipo a familiares, dizendo que o fato não procede, assim como a assessoria de imprensa da Polícia Civil.

 Já a funerária confirmou que teve dificuldades de preparar o corpo, devido a um afundamento de crânio, além de fraturas no nariz, em uma das vértebras do pescoço e dois dentes quebrados. “Tenho certeza de que meu filho foi assassinado. Não tem nada de overdose, e aquelas drogas foram uma armação para despistar o que os seguranças fizeram. Esse menino era o cara mais espetacular que eu conhecia, meu filho era uma pessoa muito boa. O que fizeram foi tortura até matar”, afirma Dênio.

 Ele disse também que viu o corpo do filho no IML de BH com muitos hematomas nas costas e conversou com um médico que trabalha no setor de medicina legal da capital mineira. “Ele falou que meu filho pode ter sido asfixiado”, afirma. A reportagem entrou em contato com o plantão do IML, que não avalizou a informação.

O delegado Matheus Cobucci, chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida da Polícia Civil, unidade que ficará responsável pela apuração do caso, disse que essas informações dependem do laudo de necrópsia do corpo e não são fornecidas dessa maneira, até porque há exemplos de lesões que são causadas após a morte das vítimas, por manobras feitas pelas equipes de saúde para tentar ressuscitar pacientes com parada cardíaca. O delegado prometeu divulgar mais informações sobre o caso hoje.


Namorada e pai de Allan falaram da morte do jovem ainda na porta da delegacia




FRATURAS

A reportagem também entrou em contato com o serviço funerário que preparou o corpo para o velório e enterro de Allan. Um funcionário da empresa relatou que o laboratório da funerária teve bastante trabalho porque havia um afundamento do crânio da vítima. Além disso, dois dentes estavam quebrados e havia fraturad no nariz e em uma das vértebras do pescoço.

DEPOIMENTO

O advogado Ércio Quaresma, que representa a empresa CY Security, responsável por fornecer os funcionários que atuaram na segurança do evento na boate, disse que só terá certeza dos ferimentos quando tiver acesso ao laudo de necrópsia. “Não sei se um funcionário de uma funerária é especialista em medicina legal para apontar quais foram as lesões e o que causou a morte. Só vou poder falar qualquer coisa quando tiver acesso ao laudo”, diz. Quaresma disse ainda que Allan foi abordado porque estaria com drogas no interior da boate, teria corrido da abordagem dos seguranças, pulando grades e caindo em seguida desacordado.

O advogado ainda forneceu à reportagem o depoimento do chefe de segurança dado ao delegado de plantão da Central de Flagrantes Barreiro, Alessandro Santa Gema, em que o interrogado diz ainda que os seguranças viram Allan cheirando cocaína no banheiro. O chefe de segurança relata que, quando chegou ao local, teria visto Allan no chão, do lado de fora do banheiro, se debatendo. Ele diz que acionou brigadistas e o jovem foi atendido no posto médico do evento, uma festa de música eletrônica que reproduz uma das pistas do festival Universo Paralello.

Depois, o homem interrogado pelo delegado de plantão diz ainda que “tomou conhecimento de que Allan, tentando evadir do local, saiu correndo e saltou algumas grades e caiu ao solo desacordado”, conforme o depoimento. O interrogado negou qualquer tipo de agressão e disse também que qualquer segurança faça uso de arma de fogo durante o trabalho.

O amigo de Allan que estava com ele na boate, Daniel Phillipe, de 24 anos, disse que quando os seguranças levaram o rapaz para uma área restrita, um dos homens bateu o cabo de um revólver em seu peito, mandando que sumisse do local sob pena de alguma coisa acontecer também com ele. O chefe da segurança relatou ainda que Allan estava com cerca de 60 comprimidos semelhantes a ecstasy.

“Pela quantidade das substâncias, o declarante supõe que Allan comercializaria as referidas substâncias no local”, segundo o depoimento. As drogas citadas foram entregues pelo chefe da segurança à Polícia Militar e o material foi apreendido pela Polícia Civil.

Em nota, a boate reforçou a versão do chefe da segurança: “(Os vigias) foram alertados sobre um jovem suspeito de fazer uso de drogas no banheiro do local. Ao ser abordado, o jovem reagiu e tentou fugir, mas foi conduzido para fora do evento, quando desmaiou. Ele foi imediatamente socorrido e conduzido ao posto médico de plantão, que conta, inclusive, com UTI Móvel. Todos os esforços médicos possíveis foram utilizados no sentido de reanimá-lo”.


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