As três pessoas que morreram nesta quarta-feira em mais um engavetamento no Anel Rodoviário seriam de Caratinga, Vale do Rio Doce, de acordo com identificação preliminar da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). O carro, que foi arrastado e esmagado pela carreta de minério, no fim da tarde, é o Chevrolet Agile, de propriedade do policial civil Dogmar Alves Monteiro, de 52 anos, que morreu no local. No automóvel, os dois corpos carbonizados, sem identificação oficial, seriam da mulher dele e o filho, segundo se apurou junto aos parentes das vítimas.
O acidente aconteceu na altura do Km 538 do Anel, trecho conhecido como descida do Betânia, Oeste de Belo Horizonte, onde já ocorreram vários engavetamentos causados por veículos de carga desgovernados, com consequências graves. Agora, somente este ano, somam três sequências de batidas do tipo, com o triste saldo de quatro óbitos. Em 18 de agosto um caminhoneiro morreu num engavetamento. No caso de hoje, além de três mortes, 11 pessoas ficaram levemente feridas.
A carreta de minério arrastou o Agile do policial civil por cerca de 200 metros. Ele, que não usava cinto de segurança, foi jogado para fora do carro e morreu na via. Já os corpos de sua mulher e filho ficaram presos às ferragens do automóvel e foram carbonizados. Houve um grande incêndio que destruiu a carreta e o veículo de passeio.
De acordo com o tenente Pedro Henrique Barreiros, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o motorista da carreta que provocou o acidente, Luiz Felipe, de 24, contou que houve problemas no freio e, por isso, não conseguiu parar. O condutor, segundo o militar, foi detido e levado para a delegacia de plantão do Detran. Barreiros acrescentou que o carreteiro não demonstrava sinais de ter ingerido bebida alcoólica, mas estava em estado de choque.
O tenente Leonard Farah, do Corpo de Bombeiros, explicou que o Agile ficou prensando entre a carreta e a mureta de proteção. Foram cerca de 30 minutos para conter as chamas dos dois veículos e os ocupantes já estavam mortos. Foram mais de quatro horas entre perícia técnica e o resgate dos corpos das ferragens. Segundo o militar, os feridos dispensaram socorro médico.
O Anel chegou a ficar fechado nos dois sentidos. Mas cerca de duas horas depois da batida teve três faixas liberadas ao tráfego no sentido Rio de Janeiro. No sentido oposto o tráfego seguiu pela via marginal até o fim da noite.
Uma das testemunhas da tragédia, o zootecnista Lucas Nogueira Rezende, de 23 anos, revelou que estava parado no trânsito entre vários carros quando viu pelo retrovisor a carreta se aproximando, em alta velocidade, e atingindo o veículo que incendiou. “O trânsito estava parado. Quando olhei pelo retrovisor, vi uma carreta e gritei: 'Vai bater!' Minha mãe, minhas duas irmãs e minha namorada estavam dormindo no carro. Só tive tempo de jogar o veículo um pouco para a esquerda. O caminhão pegando fogo passou ao meu lado”, contou o zootecnista. Ainda de acordo com ele, desde o primeiro choque, a carreta saiu arrastando outros carros por cerca de 200 metros.
No local, o depoimento das pessoas envolvidas no acidente era de alívio por terem escapado da morte e também de indignação por causa das más condições da rodovia. Um deles, o ciclista Vinícius Augusto Oliveira Paula, de 18 anos, conta o horror que viveu. “Quando eu vi o caminhão arrastando o carro em chamas, soltei a minha bicicleta, que também foi arrastada. Caí no canteiro da pista marginal. Quando vi que estava vivo, dei graças a Deus. A situação deste Anel é um absurdo”, contou o ciclista.