Tarde de pânico nessa quarta-feira no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, onde mais uma vez uma carreta desgovernada “varreu” carros que seguiam à sua frente e deixou um rastro de destruição e mortes. Por volta das 17h, o veículo de carga que levava minério na pista sentido Vitória não conseguiu parar na altura do km 538 da rodovia, no Bairro Betânia (Região Oeste), onde havia retenção de trânsito comum ao trecho no horário de pico. Houve então a sequência de batidas em que foram atingidos uma outra carreta, sete automóveis pequenos e uma bicicleta, num desastre qualificado como “mais um assassinato” pelo prefeito Alexandre Kalil, que determinou que a Procuradoria -Geral do Município abra processo sobre o caso.
Leia Mais
Família de policial civil viajava em carro esmagado por carreta no Anel RodoviárioKalil aciona Justiça para administrar Anel, classifica mortes como 'assassinato' e pede responsabilização criminal de autoridadesAcidente entre carreta e carros de passeio deixa três mortos no Anel Rodoviário Anel Rodoviário já registrou 21 mortes em 2017; Kalil detalha ações judiciais'Lá não é questão de trafegabilidade. É questão de vida humana', diz Kalil sobre Anel RodoviárioMais de mil pessoas acompanham enterro de família morta em acidente no AnelFamília morta em tragédia no Anel Rodoviário será enterrada neste sábado em IpanemaCarro com sete ocupantes bate em árvore e três morrem na BR-116, em InhapimAcidente com mortes deixa trânsito lento na BR-040, em Nova LimaJustiça decreta prisão preventiva de motorista do caminhão que matou 3 no Anel RodoviárioFaculdade lamenta morte de estudante de medicina em tragédia no Anel Rodoviário'Pisei no freio e ele murchou', diz motorista de carreta que provocou acidente no AnelMotorista de carreta que provocou tragédia no Anel Rodoviário é autuado em flagranteFeriado da Independência tem trânsito lento no Centro de BHCarro capota no Anel Rodoviário e complica trânsitoDe acordo com o tenente Pedro Henrique Barreiros, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o motorista da carreta que provocou o acidente, Luiz Felipe, de 24, contou que houve problemas no freio e, por isso, não conseguiu. O condutor, ainda segundo o militar, foi detido e levado para a delegacia de plantão do Detran.
O tenente Leonard Farah, do Corpo de Bombeiros, explicou que o Agile ficou prensando entre a carreta e a mureta de proteção. O combate às chamas nos dois veículos durou cerca de 30 minutos e os ocupantes já estavam mortos. Foram mais de quatro horas entre perícia técnica e o resgate dos corpos das ferragens. O policial e seus familiares seguiam para Caratinga, no Vale do Rio Doce, onde moram. Os feridos dispensaram socorro médico.
Ainda segundo Farah, a carreta pegou fogo no momento da batida, acredita-se que devido ao combustível e óleo que vazaram. Outros motoristas envolvidos no engavetamento e que passavam pela rodovia se assustaram com as chamas e uma sequência de explosões. A fumaça negra cobriu o céu e podia ser vista de vários pontos da cidade.
O tenente acrescentou que logo que chegaram no local foram cautelosos ao usar água para conter as chamas, já que não sabiam que material era transportado.
PELO RETROVISOR
Uma das testemunhas da tragédia, o zootecnista Lucas Nogueira Rezende, de 23 anos, revelou que estava parado no trânsito entre vários carros quando viu pelo retrovisor a carreta se aproximando, em alta velocidade e atingindo o veículo que se incendiou. “O trânsito estava parado. Quando olhei pelo retrovisor, vi uma carreta e gritei: ‘Vai bater!’ Minha mãe, minhas duas irmãs e minha namorada estavam dormindo no carro. Só tive tempo de jogar o veículo um pouco para a esquerda. O caminhão pegando fogo passou ao meu lado”, contou o zootecnista. Ainda de acordo com ele, desde o primeiro choque, a carreta saiu arrastando outros carros por cerca de 200 metros.
O trecho do Anel Rodoviário onde ocorreu o acidente é um dos mais perigosos e já registrou dezenas de engavetamentos, especialmente provocados por carretas.
No local, o depoimento das pessoas envolvidas no acidente era de alívio por terem escapado da morte e também de indignação por causa das más condições da rodovia. Um deles, o ciclista Vinícius Augusto Oliveira Paula, de 18, conta o horror que viveu. “Quando eu vi o caminhão arrastando o carro em chamas soltei a minha bicicleta, que também foi arrastada. Caí no canteiro da pista marginal. Quando vi que estava vivo dei graças a Deus. A situação deste Anel é um absurdo”, disse o ciclista..