Com o alerta aceso para os baixos índices de cobertura vacinal em Minas Gerais e em Belo Horizonte, autoridades de saúde chamam a atenção para outro desafio que impacta nos índices de imunização. Além da falta de informação e interesse das pessoas para se vacinar, públicos em faixas etárias específicas são ainda mais negligentes em relação ao cartão de vacinas. Isso porque, diferentemente do cuidado existente com a vacinação infantil, adolescentes, adultos e idosos buscam menos os serviços de saúde para se imunizar. Entre esses grupos, um problema ainda maior: numa comparação de gênero, os homens buscam ainda menos as vacinas.
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Realidade que o estudante Arthur Edmundo Valadares, de 20 anos, confirma e conhece bem.
RECUO MUNDIAL A baixa cobertura vacinal e suas implicações foram tema do 28º Congresso Brasileiro de Virologia, que teve início ontem na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e segue até domingo. O encontro, que reuniu cerca de 500 pesquisadores da América Latina, contou com a participação de uma das maiores autoridades em vacinação no mundo, o professor Geoffrey L. Smith, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O especialista confirmou que as baixas taxas de imunização têm sido uma realidade no mundo, influenciadas por movimentos antivacina e pelo relaxamento da população em relação ao perigo das doenças.
“O problema é mundial e de falta de conscientização. Recentemente a Austrália enfrentou o retorno de doenças por falta de vacinação adequada. Nos Estados Unidos, o presidente não apoia as políticas de vacinação, o que resulta no enfraquecimento dessas ações. Além do mais, há grupos antivacina se disseminando em todo o mundo, especialmente pela internet.
Atento a esses movimentos no Brasil, embora por aqui eles sejam mais pontuais, o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Nogueira também alerta para a divergência de atenção às vacinas em faixas etárias após a infância. “Não existe uma cultura de vacinação para adolescentes e adultos. Os órgãos de saúde têm esse desafio, que é o de formular novas estratégias para levar a vacina a outras faixas que não as crianças”, afirma.
EXPERIÊNCIA Algumas iniciativas já vêm sendo feitas pelo Ministério para atingir jovens, a exemplo de campanha atualmente veiculada no canal YouTube sobre vacinação contra o HPV e a meningite C para adolescente. E, para reforçar o acesso às vacinas, o Ministério promove em todo o país, a partir de segunda-feira e até o dia 22, a Campanha de Multivacinação. As famílias devem procurar um posto para avaliação e atualização das vacinas de menores de 15 anos de idade.
OBRIGATORIEDADE A pasta afirma que os municípios têm papel fundamental na vigilância dos dados. Vale ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece como obrigatória a vacinação desse grupo nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Ao não vacinar seus filhos, os pais podem ser responsabilizados civil e penalmente pela decisão..